Seis de espadas.

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Célia.
11 de fevereiro de 1890.

Hoje é o dia mais triste de minha vida

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Hoje é o dia mais triste de minha vida. Hoje é o dia do meu casamento com quem eu não desejaria me casar. As criadas me aprontavam para o casamento e o meu semblante é o de tristeza, todos ao meu redor me entendiam.
Meu pai entrou no quarto após eu estar pronta e me olhou com emoção em seus olhos, beija a minha testa e me dá o buquê em minhas mãos.

— Você está magnífica. — ele diz e eu apenas sorri fraco.

Parecia que estava vivendo aquele momento no piloto automático e confesso que não queria aquela vida para mim. Papai me levou até o altar que ficava em nosso jardim e lá em vi Bernard. Ele me olhava vindo de longe e caminhávamos até ele. Procurava pelo rosto de Arthur ao ver tanta gente ao meu redor, mas não o achei e por um momento pensei que ele pudesse ter desistido de nós.
Papai me entrega para Bernard e a cerimônia começa. Uma lágrima escorria pelo meu rosto, uma lágrima de tristeza, de angústia. Eu fui forçada a dizer sim para ele e todos ali me olhavam com orgulho, mas eu nem sequer fazia algo que me dava orgulho porque era contra a minha vontade.
Assim que terminou aquela cerimônia, o loiro beija a minha testa e minha mão, saindo do altar e foi aproveitar a comemoração. Mirna servia os canapés e me aproximei dela, tocando em seu ombro.

— Preciso que você e Octor descubram onde Arthur mora.
— Senhora, eu não sei se...— a interrompo.
— Por favor, Mirna. Preciso falar com ele, nem que seja a última vez.
— Tentarei e não falharei.
— Obrigada por isso. — eu digo com um sorriso.

Bernard se gabava em me ter como se eu fosse um prêmio, como se tivesse ganho uma guerra sem ao menos ter lutado antes. Elenor toca o meu ombro e eu a abraço com lamentação, ela tenta me consolar.

— Eu sei que tu não o amas, sinto muito por você e Arthur.
— Ainda falarei com Arthur.
— Perdeu a cabeça? Tu és casada agora.
— Sou, mas meu coração não pertence ao homem que sou casada. — eu a respondi. — Um dia entenderá Elenor.

Como dote, papai havia dado uma terra para Bernard e ainda construiu uma casa para que morarmos, localizada um pouco próximo da cidade. Assim que a comemoração acabou fomos para casa e Bernard tentou todos os contatos comigo, mas eu não cedia.
Quando nos instalamos, Bernard tenta me abraçar e me beijar, mas eu o belisco e ele toma distância.

— O que há? — ele pergunta.
— Eu prefiro que nós fiquemos distantes, eu não o amo.— o respondo.
— Mas me amará cedo ou tarde.
— Prefiro que não. Eu também não quero dormir no mesmo quarto que você, me desculpe.
— Isso é demais para mim! Entenda, eu amo-te.
— Se tu me amas, me entenderá.

Apenas nos encaramos por um momento de forma silenciosa e ele concordou com a cabeça, indo ordenar os empregados da casa, dando de ombros e me deixando no hall da residência. Me instalei em meu quarto, primeiramente, escondendo todas as cartas que tinha de Arthur em uma gaveta de fundo falso e arrumei todo o cômodo para que ficasse aconchegante.

Esperaria pela visita de Mirna e Octor por uma eternidade e tinha esperanças de que iria encontrar Arthur.

Segunda ChanceWhere stories live. Discover now