Capítulo 16

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Ele abre a porta na terceira batida.

Fui idiota. Se ele estiver com alguém aí dentro, meu coração quebra de vez.

Estou segurando as lágrimas, a insegurança e os soluços. Mattheo me olha de cima a baixo.

— O que está fazendo aqui? - ele olha ao redor. Parece cansado. Está vestindo somente uma calça de moletom cinza, seu cabelo - o que eu amo puxar - está despenteado e o rosto um pouco corado.

Merda. Engulo o bolo que se forma em minha garganta.

— E-eu... - travo. Ele ergue uma sobrancelha. Balanço a cabeça - Nada. Desculpa por atrapalhar vocês.

Ele parece confuso quando me viro para ir embora.

— Você...? Ah, não. Volte aqui. - e puxa meu braço.

Estou confusa. — Não estou... porra Lauren, não estou com ninguém aqui.

Eu juro que estou segurando as lágrimas. — Merda... eu... ninguém veio para meu quarto.

Uma lágrima escapa. Ele abre passagem, me convidando para entrar. — Por favor.

Entro, quase sendo espancada por seu cheiro. Me sinto viva novamente.

Sento-me em sua cama, tremendo. Ele se senta do meu lado. — O que faz aqui tão tarde?

Soluço. — Por que me deixou sozinha naquele dia?

Ele fica em silêncio. Será que se lembra daquela noite? Decido mudar a pergunta. — Por que...

— Porque eu queria você. - ele me cala.

— O que?

— Eu queria tanto você que poderia tê-la fodido naquela festa. Eu queria tanto você que desde aquela manhã meu corpo ardia por você. Que, quando eu vi você sendo guiada por aquele idiota, a única coisa que pensei foi "a única boca que ela deveria experimentar na vida é a minha". 

Prendo a respiração. — É estranho. Como se eu precisasse de você para respirar.

Silêncio.

— O que sentiu na Amortentia? - sussurro, com medo.

Ele inspira profundamente. Parece sugar todo o ar do ambiente.

— Chocolate, baunilha e sexo. Meu cheiro.

Uma outra lágrima escorre. — Cigarro, rosas brancas e sexo. Meu cheiro. Sentimos nossos cheiros um no outro, isso é... - soluço, engolindo em seco.

Ele me encara. Eu mantenho o contato visual. — Por que me afastou? - sussurro. Vejo-o engolir em seco - Você me prometeu. Prometeu que não me evitaria. Você quebrou sua promessa. - mais lágrimas escorrem.

Ele seca uma de minhas lágrimas, e beija a outra. E as outras duas que escorrem depois.

Me afasto, querendo olhá-lo. — Me responde, por favor...

Ele respira fundo. — Porque eu te coloquei em perigo.

Soluço. — O que quer dizer com isso?

Ele se afasta. — Theodore era um fanático por meu pai, que descobriu onde eu estava e decidiu que queria chamar minha atenção. Para ver se meu pai o enxergaria.

Tremo, desistindo de segurar as lágrimas. — Eu li a mente dele, Lauren. Ele queria estuprar você para que eu o levasse para meu pai.

Um arrepio desce por minha costela. — Você o que?

Ele sorri fraco. — Consigo ler a mente das pessoas.

Arregalo os olhos. — Então quer dizer que todas as vezes que eu...

— Sim, todas as vezes que você me elogiava na cabeça, eu escutava. E amava.

Suspiro. Ele ouviu tudo? Desde quando?

— Desde o terceiro ano.

Merda. Esqueci que ele me escuta agora.

Ele ri. — Te escuto, mesmo. Escutei você desde o momento em que te vi no salão e você pensou que eu fosse o garoto mais lindo que você já tinha visto.

Sinto-me enrubescer. — Que vergonha...

Ele ri. — É fofo.

O encaro. — Você quebrou meu coração essa semana, Mattheo.

Ele desvia o olhar e engole em seco. — Eu sei. Eu escutava você.

Minha voz fica trêmula. — Ao menos sentiu alguma coisa? Quando viu o quão mal eu estou?

— Sim. - sua voz sai mais grossa. Com mais tristeza.

— Então por que continuou me machucando? - sussurro - Por que continuou expondo todas as suas vadias para o mundo ver? Para eu ver?

Silêncio.

— Por que não falava comigo? Por que me deixou por três dias, e não foi me visitar? Eu não conseguia andar, Mattheo, mas conseguia chorar. Sabe o quão difícil foi para mim essas últimas três semanas? Ouvir as garotas dizendo que você transava com uma diferente a cada dia? Que queriam ser a próxima?

Soluço, respirando fundo. O observo. — Eu chorei por noites a fio. Mas você ouviu minha mente, deve saber. Eu estou doente de paixão por você, e você simplesmente me deixou lá... - minha voz fraqueja - Por que você me deixou?

Eu vejo seus olhos. Ele está chorando. Engole em seco. — Eu sou uma influência ruim para você. Vai correr perigo se estiver comigo.

— Eu não ligo...

— Mas eu ligo! - ele aumenta a voz, mas logo se recompõe - Eu ligo se vai correr perigo ou não. Não venho afastando cada filho da puta de perto de você para que seja só minha a toa. Eu quero você, Malfoy, mas meu parentesco com Voldemort não ajuda, porra!

É a primeira vez que ele diz o nome de seu pai. Está tremendo e uma lágrima escorre.

— Não posso te expor à tanta coisa... - sussurra - Não posso perder você.

Limpo sua lágrima. — Vai me perder se continuar me afastando. - sussurro entre o choro.

Ele engole em seco e fecha os olhos. — Eu sei.

— Então, não me afaste. Por favor.

Ele me encara. — E se você se machucar?

Sorrio, puxando sua mão e beijando sua palma. — Vou me machucar ainda mais se meu peito continuar doendo assim.

Silêncio.

Tremo, fechando os olhos. As lágrimas escorrendo. — Eu tive tanto medo naquele dia... - minha voz quase não sai - Pensei que seria violada de novo.

Seus olhos ficam gentis. Ele me puxa contra seu peito e me abraça. — Está tudo bem. Eu estou aqui agora.

Soluço. — Mas não estava.

A mão que acariciava meu cabelo para. Ele treme. — Eu sei. Me desculpe. Por favor, me desculpe.

Aperto meus braços ao seu redor. — Não me afaste de novo, por favor.

— Eu não vou.

Me afasto para observá-lo. Ele olha no fundo de meus olhos, limpando minhas lágrimas. Seco a única lágrima que escorreu de seu olho direito, o aperto em meu peito se afrouxando.

Olho para seus lábios, meu coração disparando. Não deixo-o ler meus pensamentos. Apenas faço o que meu coração manda, e grudo nossos lábios depois de três semanas.

Quarentena - Mattheo Riddle (SHORT FIC) Where stories live. Discover now