RAFAELLA
O jantar ocorreu de maneira lenta, em uma espécie de tortura psicológica para mim. José dialogava educadamente com Talles, em meio aos sorrisos falsos e forçados. Reuniões de negócios eram sempre assim, um querendo engolir o outro, se sair melhor, ter a melhor proposta... Porém no final, sempre fechando um acordo. A falta de paciência aquela noite me fez permanecer calada durante o jantar inteiro. Exceto por breves trocas de palavras com meu marido, que por sinal parecia ter percebido minha irritação.
José me encarou por alguns segundos, e repousou sua mão sobre minha coxa, acariciando de leve. Eu nem sequer me movi, continuei degustando o vinho tinto que preenchia minha taça.
- Muito bom esse restaurante, Loreto.- Talles falou bem humorado.
- Eu também adoro! Foi aqui que pedi minha esposa em casamento. Não é, meu bem?-
Soltei um sorriso amarelo, e com leveza retirei sua mão da minha perna, repousando a mesma sobre a mesa. Ele engoliu em seco, me encarando novamente, com os olhos semicerrados.
- Boas lembranças daqui.- Me permiti falar.
- Imagino que sim.- Talles disse, atraindo as nossas atenções.
E então voltei a bebericar meu vinho.
Talvez aquela fosse um das poucas interações minha naquele jantar. Eu estava de mau humor, irritada, furiosa melhor dizendo. Antes de sairmos da J.L., José teve a brilhante ideia de dispensar os serviços de Gizelly. E como se não bastasse, deu ordens para que ela fosse embora em meu carro, levando consigo a secretária, para depois devolver o veículo em nossa casa. Ver o sorriso da agente ao conduzir a miserável para a saída, me causou um súbito estalo de ira. Porém eu sei muito bem meus limites, e onde posso chegar.
Na volta para casa eu permaneci calada, como foi em todo o jantar. Nosso motorista conduzia o carro em uma velocidade alta, e de acordo com minhas ordens. José se mantinha quieto ao meu lado, fumando seu charuto cubano. Ele observava os prédios do lado de fora, em um olhar distraído, quase perdido. E repentinamente ele respirou fundo e virou-se em minha direção.
- Posso saber o motivo de estar assim?- Sua pergunta confusa me fez deixar as movimentações da rua, para encara-lo. - É por conta do seu carro? Por que deixei Gizelly usar ele?-
- Óbvio! Por que mais seria?- Respondi Seriamente com uma meia verdade. Imaginar Gizelly e Hariany aos beijos em meu carro, me causava raiva.
O vi rolando os olhos impaciente, para logo levar o charuto até seus lábios sugando profundamente, para logo largar no suporte entre os dois bancos da frente. Em seguida ele soltou a fumaça em direção a janela parcialmente aberta.
Também rolei os olhos e virei para frente. Mas ele logo chamou minha atenção novamente:
- Ela veio dirigindo pra você?-
- Sim!-
- Então qual o problema?-
- E por conta disso você vai disponibilizar o meu carro pra ela levar a sua secretariazinha em casa?- Minha pergunta o fez abrir um sorriso convencido. Franzi o cenho em confusão por isso.
- Então é isso?- Perguntou enquanto soltava uma risada alta.
- Isso o que?-
- está com ciúmes de mim com a senhorita Almeida? Está irritada desse jeito por que mandei deixa-la em casa?-
- Não fale bobagens.- Suspirei impaciente, virando para frente outra vez.
- Meu amor... Você fica linda com ciúmes.-
ESTÁS LEYENDO
XM. Ataque Decisivo (Girafa gip)
FanfictionUm jogo perigoso, repleto de armadilhas. Uma disputa de poder, dinheiro e desejo. De um lado do tabuleiro, a delegada Gizelly Bicalho. Do outro, a esposa de um magnata, Rafaella Kalimann. Nesse jogo, apenas um cairá. Quem terá a melhor estratégia? Q...