4. La Vie en Rose

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Alguns dias depois, Harry se esgueirava para fora do quarto antes das oito da manhã, usava uma calça de moletom com elástico na barra e tênis de caminhada, além de uma blusa do mesmo tecido da calça, porém rosinha. Seus cabelos estavam em um coque frouxo e ele caminhava silenciosamente pelo corredor do primeiro andar, onde ficavam os quartos. Queria passar por ali sem dar sinal de vida; o café da manhã começaria daqui alguns minutos e ele já podia ouvir vozes em alguns quartos, com o despertar dos moradores ou hóspedes, logo Louis sairia do quarto e era aquilo que Harry temia.

E ele não queria vê-lo.

Depois do beijo quente que compartilharam, Harry evitava Louis o máximo que podia, nem mesmo se encontravam para acertar os detalhes do casamento, resolviam tudo online para não ter que verem um ao outro. Um clima estranho havia se instalado entre os dois e era perceptível a todos ali, Harry acreditava que àquela altura toda sua família sabia que tinham dado uns amassos, já que seu querido pai era fofoqueiro.

Ele não tinha condições de encontrar Louis novamente, ficava vermelho só de pensar naquela possibilidade e toda manhã desde o beijo, Harry saía cedo de casa e se isolava na vinícola. Não que não tivesse sido bom, havia sido incrível e tinha que reconhecer que Louis beijava muito bem, suas mãos eram colocadas nos lugares certos - pelo menos na visão de Harry, que amava uma pegada forte - e aquela voz rouca em seu ouvido o deixara arrepido. Não esqueceria aquele beijo tão cedo, foi muito bom e não poderia mentir, Harry queria muito repetir.

Queria demais e, se possível, cruzar mais uma barreira de intimidade entre eles e se entregar a Louis, Harry havia feito sua análise minuciosa durante aqueles dias, avaliou o outro segundo alguns critérios: o primeiro foi beleza, embora Harry tivesse um gosto suspeito para homens porque poucos eram considerados feios demais para ele, mas de qualquer forma Louis passou naquela categoria sem precisar de esforço. A segunda era o beijo e a pegada, coisa que ele provou e amou, então havia mais um pontinho para Tomlinson. A terceira e mais difícil eram as intenções alheias, Harry era muito receoso em dormir com alguém desconhecido porque não sabia como aquela pessoa era e tinha medo de ser usado e tratado como lixo depois ou ter sua intimidade violada de alguma forma. Era desconfiado, mas Louis passou naquela categoria também, mesmo tendo rixas e conflitos entre suas personalidades fortes, Harry reconhecia que ele era confiável, era uma boa pessoa. E o queria.

Com certeza faria sexo com ele, mas preferia esperar mais porque sabia que as coisas poderiam desandar se mantivessem um caso ao estarem sob o mesmo teto. Harry não queria um relacionamento, não queria sair machucado, e deixaria para se entregar a Louis perto de sua partida.

Ele o evitava porque sabia que o puxaria para um beijo quente e necessitado em qualquer lugar daquela casa, ter provado aqueles lábios deliciosos e vê-los em sua frente era um convite constante para beijos e mais beijos. E também porque beijos poderiam evoluir para algo a mais e não queria esperar até um determinado momento.

Harry conhecia a si mesmo, estava se afeiçoando a Louis, apesar de todas as discussões e brigas que tinham, gostava dele. Sabia que ficaria chateado com sua ida, sua vida voltaria ao normal pacato e sem emoções e sentiria falta de Louis, da sua boca deliciosa, das mãos afoitas amassando sua carne e até da rixa. Tinha medo de se entregar a ele e se aproximarem mais, se apaixonar e se machucar. Não queria ter um coração despedaçado por alguém que não podia ter e, no fundo, queria que aquele inglesinho teimoso fosse mais que um amigo.

Mon Dieu, je perds la tête, pensou, sentindo-se um idiota por nutrir aquilo por um cara que deveria ser apenas sua rixa e um parceiro para organizar o casamento, nada mais.

Suspirou e caminhou pelo corredor silenciosamente, mas paralisou no lugar ao ouvir o ranger de uma porta que se abria e olhou ao redor, xingando internamente ao perceber que era a de Louis. Harry fez uma careta e correu pelas escadas, reclamando porque o outro demorava para acordar e sempre tinha que ter alguém esmurrando sua porta para que finalmente descesse e não perdesse o café da manhã, mas naquele dia, por algum motivo, acordou cedo.

Champagne | Larry StylinsonWhere stories live. Discover now