Bônus

1.3K 92 176
                                    

A mesa diante dele estava repleta de papéis e livros abertos em páginas importantes, frutos do desespero de um advogado que estava sob muita pressão e estresse na resolução de um caso que parecia não ter fim e minava todas as suas energias e momentos de alegria. Louis massageou suas têmporas e fechou os olhos por um momento, buscando um pouco de calma e paciência para que conseguisse seguir adiante, não poderia parar naquele momento, não poderia jamais dar o braço a torcer ou demoraria ainda mais para fazer o que tanto queria.

Deu um gole no café forte que tinha por perto e deixou a caneca em um descanso de plástico, a forma redondinha de uma melancia que o fez sorrir porque se lembrou de Harry, quando foram para a praia no verão e ele se lambuzou com a fruta sem se importar com mais nada. Era o único lugar da mesa que não tinha papel ou anotações espalhadas aqui e ali.

Louis estava quebrando a cabeça para resolver um caso, seu cliente estava sendo acusado de compactuar com um assassino, embora alegasse que nunca havia visto o outro na vida; o homicídio havia acontecido em uma festa com pelo menos cem pessoas e todas se lembravam de partes diferentes do evento. Seu cliente em questão, como organizador da festa, estava sendo acusado de ser cúmplice e por omitir informações. Bem, Louis não estava ali para dizer o que era verdade ou não, sua função era conseguir uma pena mais branda ao seu cliente caso ele fosse acusado ou a inocência se surgissem provas para virar o jogo. Não era o primeiro e nem o último caso como aquele que enfrentava, já deveria estar acostumado ao caos daquela rotina.

Lambeu os lábios ao grifar uma parte da cópia que tirou do andamento do processo, formulando um argumento para favorecer seu cliente. Ele estava no escritório de sua casa, em Londres, trancafiado ali desde que chegou da advocacia que geria, ainda usando a calça social cinza que escolheu ao acordar para ir ao trabalho e a camisa branca. A gravata preta estava frouxa em seu pescoço e os sapatos sociais ignorados no chão, enquanto ele mantinha seus pés apoiados sobre o pequeno gaveteiro ao analisar o processo.

Era tarde, cerca de duas da manhã, e tinha uma audiência na manhã seguinte, às nove. Ainda pretendia ficar mais uma hora ali, buscando alguma brecha na legislação que pudesse comprovar a inocência do seu cliente, talvez até sugerisse uma investigação particular. Olhou para seu pequeno jardim nos fundos, completamente escuro pelo horário tardio, e seus olhos doeram de cansaço, estava exausto e precisava de um tempo para si, há um ano que trabalhava exaustivamente sem pausa e suas últimas férias haviam sido o mês que passara em Champagne no ano anterior, em maio. E, bem, já era maio de novo, o que significava que seus poucos momentos de lazer foram alguns finais de semana e nada além disso.

Viu seu celular acender e se esticou para apanhá-lo. Sorriu grande ao ver o nome de Harry ali e se preocupou, Champagne tinha uma hora a mais que Londres e eram três da manhã lá, o que o fez se questionar o porquê de o seu cacheadinho estar acordado naquela hora.

"Está acordado, Lou?", era a pergunta de Harry e Louis respondeu que sim. "Posso te ligar?"

Tomlinson mandou 'sim' novamente e passou as mãos pelos cabelos ao aguardar a ligação. Harry e ele estavam juntos, namorando sério há um ano, já que seu mês em Champagne rendeu muito amor e carinho, ele o pediu em namoro. Estavam conseguindo lidar bem com a distância, apesar de a saudade ser grande, ambos se viam pelo menos a cada três meses, geralmente era Louis que tirava um fim de semana e um diazinho de folga para ir a Paris e amar seu querido namorado na cidade mais propícia para aquilo, afinal, era a cidade do amor. Duas horas de trem, três dias de felicidade e mais duas horas de volta à realidade caótica e estressante que tinha em Londres.

Piscou quando seu celular tocou e atendeu rapidamente, resmungando por ser chamada de vídeo. Normalmente ele amava porque via Harry e apreciava seu lindo namorado, mas naquela noite sabia que ganharia um sermão por sua aparência desleixada e visivelmente cansada.

Champagne | Larry StylinsonWhere stories live. Discover now