CAPÍTULO 10: Nunca mexam com uma loira ciumenta

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"Meus amigos saberiam sobre você, se fosse realmente amor"
Ex I Never Had,
LANY

...

Jason Samers

Eu estou morrendo.

O suor escorria por minha testa e a ansiedade aumentava cada vez mais. Só me restavam alguns minutos antes do fim fatal que poderia ter sido evitado apenas com um tiro certeiro.

— Lucas, sai daí! — Reclamo, enquanto me inclino para trás de uma árvore qualquer para evitar outro tiro vindo do adversário.

— Você falando assim, até aprece fácil. — Mumura desgostoso. — Por que não pode ser o Kim? Ele está mais perto da entrada.

— Porque eu sou o sniper, idiota. — O asiático responde ao mesmo tempo que mirava num cara com fantasia de coelho. — Fala sério, a cada ano que passa o pessoal arranja umas fantasias mais bizarras nesse jogo.

— Nem me fale. Um dia desses lutei com uma galinha de salto. — Solto uma risada alta com a fala de Lucas, já sabendo do meu fim:

— Morri.

Desisto jogando o controle sem fio na mesinha da sala.

Faziam quase três horas que eu e os caras decidimos dar uma folga das responsabilidades e curtir um pouco como nos velhos tempos, ou seja, três marmanjos jogando uma partida de vídeo game na casa de Kim, como se não existisse mais nada no mundo que importasse. Apenas nós três, comida e conversa fora.

Sinceramente, sentia falta de fazer essas coisas. Depois que resolvi "sair" da Operação Cupido por um período indefinido, nós três não tivemos mais um tempo de qualidade juntos para fazer alguma bobagem e nem conversar sobre as garotas do projeto. Até tocamos nesse assunto quando falei sobre minha saída, e admito que senti uma vontade absurda de contar sobre Ella Rodrigues, mas me segurei. Isso seria extremamente antiético, perderia a confiança dos meus amigos e também não duvido que ela realmente fizesse as coisas que prometeu naquela mensagem.

— Meninos, estou saindo. — Ambos olhamos para trás e acenamos para a mãe de Kim que está saindo de casa para o plantão no hospital, onde trabalha como enfermeira.

Uma curiosidade interessante da família do meu amigo era que tia Mia não tinha nenhuma descendência asiática — ao contrário do seu marido que é uns seis ou sete anos mais velho e trabalha numa oficina de automóveis aqui perto, onde Kim trabalha para conseguir uma grana. Na verdade, Kim era a cópia do tio Kwan fisicamente, pois Mia se assemelhava mais ao padrões americanos com cabelos e olhos castanhos claros, pele branca, lábios finos e estatura baixa.

— Mas ainda são duas horas, mãe. — Seu filho reclama, mas, assim que olha no relógio de pulso, faz uma cara assustada. — Espera, já são quase seis... Oh merda.

Faço careta. O tempo passou rápido demais.

— O quê? Você está de brincadeira? Meu pai vai me matar se eu não chegar em casa em menos de dez minutos! — Lucas praticamente sai correndo em direção ao seu tênis, mas antes dá um abraço em tia Mia, que retribui maternalmente.

— Bom, eu preciso mesmo ir, filho. Ainda tenho que pegar o uber e...

— Eu te levo, tia Mia, assim tenho uma desculpa para meu pai não me caçar vivo. — Meu amigo se oferece no mesmo instante, e ela agradece rindo.

— Você nunca irá mudar, não é, querido? Sempre esquecendo dos horários com seu pai. — Balança a cabeça, mas pega sua bolsa para sair.

— É o meu charme, tia! — Os dois se despedem da gente e saem pela porta da frente.

Ela é Ella || ✔Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora