Capítulo 06

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P.O.V. Antonella

"...Reconhece a queda

Mas não desanima

Levanta, sacode a poeira

E dá a volta por cima..."

Volta por cima – Elza Soares

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Se o mundo fosse menos bosta neste exato momento eu estaria confortavelmente desfrutando de algo maravilhoso que o dinheiro que me é de direito poderia proporcionar.

Mas o mundo não é legal, anota aí. Ou talvez o mundo é legalzinho, porém eu que dei o azar de nascer numa família desgraçada e infeliz além de ter um pai monstruoso.

O filho da puta (posso xingar à vontade, não conheci a mãe dele mesmo) conseguiu enrolar com o inventário da minha mãe, assim continuo sem minha herança e totalmente nas mãos dele.

Não posso abusar da boa vontade da Anya, além do mais, ela também presta contas para a própria família.

Enfim, aqui estou eu nesse frio do cacete contando moedas para comprar a porra de um café quente antes que congele no inverno norte-americano.

É, só vai dar pro café mesmo.

Entro na cafeteria perto da universidade e peço um copo médio do que o meu dinheiro consegue comprar.

O líquido está bem quente então decido me sentar numa mesa mais ao canto para evitar acidentes. Me distraio olhando pela janela e pressinto alguém se aproximando.

Hi. Can I seat? (Oi. Posso me sentar)?

Sure. ( Claro). — respondo meio no automático e nem presto atenção direito na mulher à minha frente.

Continuo observando as pessoas passando apressadas pela calçada e quando estou prestes a me levantar a estranha coloca um cartão à minha frente.

My name is Millers. I work at a photo modeling agency and I think I have a job for you. (Meu nome é Millers. Trabalho em uma agência de modelos fotográficos e acho que tenho um trabalho para você).

Rio com escárnio.

Really? (Sério?

Yes. And I hope you're smart enough to search the internet about the agency, after all there are scammers out there. (Sim. Espero que seja inteligente o bastante para pesquisar na internet sobre a agência, afinal existem golpistas por aí).

And how would I know it's not a scam? (E como eu saberia que não é um golpe)?

As I said, search. Bye, Miss...? (Como eu disse, pesquise. Tchau, senhorita...)?

— Matarazzi.

Italian? (Italiana)?

No, descendant. (Não, descendente.)

— Ok.

Dito isto, a tal Miller simplesmente sai da cafeteria me deixando com o cartão em mãos e uma cara desconfiada.

Que raio de abordagem foi essa?

Coloco o cartão no bolso de trás da calça e volto para o campus pensando na prova horrível que provavelmente farei daqui a pouco.

Quem eu quero enganar? É sempre assim... eu me mato de estudar, aí faço a prova, acho que fui péssima e no final tiro uma nota muito boa.

Se eu tivesse uma família, e principalmente uma família normal eles certamente ficariam orgulhosos do meu rendimento.

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