O Ladrão dos 13 Corações [Parte I] [Concluída]

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Por longos instantes, Kieran se distraiu sentindo a textura dos fios longos e dourados do cabelo de Avestan, as mãos deslizando pelas mechas macias à medida que tirava cada um dos nós das tranças, o cabelo escorrendo sem uma ondulação sequer. O ato silencioso na calada da noite fez com que os pensamentos permeassem a sua mente, enquanto ele percebia a proximidade em que estava do temido regente. Ele pensou sobre a decisão impetuosa de cruzar o continente perseguindo a lenda do Anjo da Morte, sobre as primeiras empreitadas dentro do castelo, sobre a disposição de Avestan para a sua decisão de morte gloriosa. De todas as indagações que lhe tomaram a mente, ele chegou à conclusão de que seu fim lendário não seria alcançado tão fácil.

Era estranho ter ido ali para morrer e, em lugar de uma morte dolorosa, ter alcançado uma estranha proximidade com Avestan. Mais estranho ainda era lembrar que em contraste com aquela expressão assassina que tinha visto poucas vezes, o regente sempre estava com uma disposição tranquila, a expressão séria e, particularmente naquela tarde, com um sorriso discreto. De certo, Kieran jamais esperaria que o homem a sua frente, entregue de forma tão serena ao toque nos próprios fios de cabelo, era um assassino sanguinário digno da alcunha de Anjo da Morte.

Kieran passou ambas as mãos pelas laterais do cabelo dele, partindo da raiz até a extensão dos fios que facilmente alcançavam os quadris do regente. Levou um punhado de mechas na direção do próprio rosto, as tranças então completamente desfeitas, e sentiu o aroma cítrico suave que emanava do cabelo, um contraste agradável se comparado ao cheiro de sangue que tinha sentido na noite em que Avestan retornara da guerra.

― Hm. Bem melhor do que o cheiro de sangue. ― Kieran comentou, soltando os fios de cabelo que tinha segurado para notar que Avestan tinha virado o rosto levemente em sua direção, mas não o suficiente para lhe impedir de continuar com as carícias.

Ele passou os dedos de novo pelo couro cabeludo, com a vívida impressão de que o toque tinha causado um arrepio em Avestan, e daquela vez, afastou parte dos fios por sobre um dos ombros do rei, arriscando-se a aproximar-se o suficiente até que o nariz roçasse contra a nuca do rei, pouco acima da gola alta da roupa dele, onde o cheiro do perfume era mais forte.

― Sim, muito melhor...

― O que está fazendo? ― questionou Avestan, o tom e a postura dele denunciavam que o gesto de Kieran não estava lhe incomodando em nada.

― O que parece, majestade? ― Kieran subiu os lábios pela nuca dele, as mãos desceram entre os fios de cabelo, ao longo das costas, e logo ele estava ainda mais perto, até o queixo alcançar a orelha de Avestan. ― Acho que você precisa relaxar. Ou não gosta disso?

Kieran passou uma das mãos pelo corpo de Avestan, puxando-o contra o seu peito também, enquanto a outra mão afastava os cabelos dele por cima do ombro para expor mais a nuca e o pescoço, voltando a roçar os lábios e o nariz na pele exposta dele. Não houve uma resposta verbal de Avestan, e ele não fez qualquer movimento para tentar se desvencilhar do toque do ladrão, a falta de resistência colocou um sorriso muito satisfeito nos lábios de Kieran.

― Eu acho que gosta sim.

Ele beijou a nuca do rei, lambendo a área antes de dar uma mordida leve, ouvindo finalmente um suspiro em resposta. Era só o aval que precisava para prosseguir com a investida. Kieran subiu os lábios pelo pescoço até o lóbulo da orelha, beijando-o e sugando a área enquanto envolvia o corpo de Avestan com os dois braços, buscando o fecho da capa, que conseguiu abrir com facilidade, deixando o tecido pesado cair ao chão entre os dois. Em seguida, subiu as mãos pelo peito dele, desabotoando a peça superior de roupa aos poucos, de cima abaixo, até que seus dedos invadissem o tecido, tocando a pele dele diretamente. Do peitoral, ele subiu uma das mãos até o rosto de Avestan, segurando-o pelo queixo e puxando em sua direção, para conseguir unir os lábios aos dele num beijo de língua.