Capítulo 17: Solitários.

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Faz meia-hora que estou presa no carro de Daeshim, observando as pessoas seletas transitarem pela rua asfaltada, como eu se fosse uma maluca perseguidora. Resolvi estacionar duas casas antes do número concreto do Erick para não assustá-lo com a minha súbita presença, me mantendo abaixo de uma árvore velha e ampla. É claro que não fiquei enrolando aqui, dando brecha para a minha ansiedade se estender pelos cantos do meu corpo como a parasita que sempre foi, não sou estúpida a esse ponto. Aproveitei a minha valentia e corri para o portão esverdeado, apertei a campainha e aguardei ansiosamente a aparição do Orckeman, mas o que ganhei foi uma senhora avisando que ele tinha dado uma saída. No mesmo instante, como a boa garota problema que sou, a minha mente começou a falar que aparentemente ele não estava de castigo como o irmão teria mencionado. Tentei deixar as más possibilidades de lado e optei por não ser invasiva; não perguntei sobre os motivos da saída dele e se poderia achá-lo em algum lugar, apenas falei que voltaria mais tarde.

Agora não posso dar o braço a torcer. Não vou voltar para a minha casa com a cara de pau de falar que não conquistei o meu momento grandioso porque Erick deu uma saidinha, mesmo quando era para estar de castigo. Provocaria a alegria de Dash, mas também me entregaria vários olhares de pena, destacando o quanto a minha vida gosta de desviar do rumo certo para me deixar atordoada.

A parte ruim é que ficar praticamente escondida em um carro, é muito tedioso, principalmente quando a bateria do seu celular está muito próxima de acabar. Na pausa de um minuto para o outro, penso que estou fazendo um belo papel de trouxa, dado que Erick pode simplesmente não voltar para casa e dormir fora. Se bem que eu poderia ir para o apartamento de Eros e tirar as minhas conclusões.

Enfio a chave na ignição novamente e coloco o cinto para dar partida, presenciando a obstinação circular no meu corpo outra vez. Antes que eu consiga afastar o carro para voltar para a estrada, duas figuras de mão dadas param ao lado da minha janela.
─── Eu disse que era a Clara. ─── Leon Sabatini aponta para mim e sorri.

─── Oi, Clara. ─── Jonathan profere. ─── O que você está procurando por aqui?

─── Nada.

─── Nós te vimos parada aqui há algum tempo. Tenho certeza que está esperando por algo. ─── ele insiste, tirando os meus argumentos de negação.

Talvez eles tenham circulado na rua quando o meu coração ainda estava preso na minha garganta, agitado como uma centrífuga velha, e eu só tinha olhos para o portão da casa do Erick, certa de que ele logo chegaria. É, não deve ter sido uma tarefa difícil passarem despercebidos por mim.

─── Curioso, você está muito perto da casa do Erick. ─── agora é Leon que está me encarando com um ar leve de acusação.

─── Como você sabe?

─── Eu moro na rua de baixo e fizemos muitos trabalhos de escola juntos.

─── Inclusive ficar com a Sofia. ─── Jonathan o alfineta com desgosto.

Por favor... Eu não quero presenciar uma briga de casal.

─── Tá... Eu estou procurando o Erick.

─── Achei que o reality show já tinha acabado. ─── o Nogueira estreita os olhos e espera por uma resposta, parecendo estar muito interessado.

─── Só por que você saiu? ─── não consigo controlar a minha língua.

─── Não? ─── ele arqueia as sobrancelhas, indignado. ─── É porque nós vimos o Erick e a Aline juntos hoje.

O meu estômago se aperta.

─── Você escolheu o Lucas? ─── Leon pergunta. ─── Está arrependida?

UMA GEMA PARA CLARAWhere stories live. Discover now