UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL

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Charlotte estava contente consigo mesma, conseguiu interpretar com maestria o papel de garota frágil ainda em recuperação.
Contanto que não olhasse nos olhos de Noah enquanto atuasse, sua farsa se manteria.

Ela odiava a ideia de mentir para Noah tanto quanto odiava a ideia de mentir para Sabrina, mas comparado a ideia de sugar algum deles para o caos que se tornou sua vida esse era o menor dos males.

Entretanto havia alguém a quem ela poderia acabar levando de cabeça para sua loucura, e embora se sentisse uma egoísta por expor outra pessoa a essa história de monstros e maldição, alguém esse que já sofreu sua cota de problemas por conta disso, essa poderia ser sua única saída.
Annabella teria de a perdoar.

Charlotte passou cada minuto da aula repensando as palavras que iriam compor sua palestra, sobre como todas as lendas ridículas da cidade eram reais. Ela chegou a conclusão de que o uso da nomeação "criatura animalesca", seria mais adequado do que "monstro homicida" caso ela pretendesse não parecer uma doida varrida.

Ela estava tão ansiosa que teve de se conter para não começar seu discurso durante o intervalo, ao invés disso ela ardilosamente convenceu Anna a levá-la para sua casa após a aula.

A casa Brown era como boa parte das casa naquela área, extravagante até o tênue limite da breguisse. Corredores e mais corredores com pinturas e esculturas a mostra. Provavelmente só os papéis de parede verdes deveriam valer o bastante para quitar um ano de hipoteca da casa Jhonson. Apesar de gostar da cor, Charlotte não aceitaria eles nem de graça. Não gostava da ideia de uma decoração a base de arsênico, já tinha lido sobre muitos estudos mostrando consequências horríveis da exposição constante.

Felizmente o quarto de Anabela tinha um papel de parede bege, aparentemente sem o envolvimento de elementos tóxicos.

Anna mal conseguia piscar os olhos perante aquela chuva de informações absurdas. Bestas? Bruxas? Esperaria essa história de muitas pessoas, mas não de Charlotte.
– Então o que dizem é verdade? - questionou ainda em choque.

– Tudo o que tem acontecido comigo, me leva a acreditar fielmente que as lendas sobre sua bisavó possam ser reais.

– Eu me referia ao que estão dizendo sobre a tal nova droga que deixa as pessoas loucas, Lotte eu esperava mais de você.

– Eu não estou louca! Gostaria de estar, mas não estou.

– Então.....Eu posso ver? – questionou calmante.

– Ver?

– Oh Lotte, você não pode me dizer que é capaz de se tornar um monstro gigante e não me mostrar – respondeu Anna indignada.

– M-as, m-as é perigoso e eu não controlo isso, já disse que são as emoções.

De repente Charlotte sentiu um choque de dor insuportável em seu mindinho do pé esquerdo.
– MAS QUE....

– Senhorita Jhonson, olhe a boca - zombou Anna

– Você pisou no meu pé com esse salto horrível! Por que??

– Achei que ia funcionar, pelo menos aparecer alguma garra. – Annabella não demonstrava um pingo de remorso.

– Dor física não é emoção!! – Charlotte tentou explicar, enquanto se contorcia de dor. Calcanhar uma ova! Os dedos dos pés são o ponto fraco de todos.

– Bem.... então, então. Lembra do baile de outono dos Millers, quando o Niguel disse aquelas coisas asquerosas sobre a Sabrina?

E se lembrava
Aquele infeliz só estava fingindo descrição, quase que gritava aos quatro ventos suas opiniões degradantes sobre o corpo de Sabrina. Com certeza ela e Anna não foram as únicas que acabaram ouvindo.

OS SEGREDOS DE CHARLOTTE JOHNSONDonde viven las historias. Descúbrelo ahora