Prólogo

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2010

Inacreditável! Olha só quem apareceu! grita o apostador, no meio de todas as pessoas eufóricas, com o aparecimento de quem todos menos esperavam. - Será que hoje, depois de muito tempo, os reis da Hell Race correrão?

A noite em Del Este está fria, a correnteza da baía chicoteia fortemente, contraindo seu som com a gritaria da galera. Um homem asiático, vestido com uma jaqueta de couro, sai do seu carro, seguido de seus parceiros, com um sorriso glorioso e arrogante no rosto, cumprimentando todos e agarrando uma moça, enquanto anda em minha direção. Me encosto em meu carro e espero se aproximar, dando um sorriso ainda mais arrogante.

Sério? questiono. Me lembro de você falando que não iria mais correr. Com medo de eu ser o único rei aqui?

O homem solta uma risada, fazendo seu sorriso mudar para algo sincero e divertido.

Não é para tanto. ele me olha de baixo acima. Você nem é tão bom.

Ele dispensa a galera em volta e se encosta no carro, ao meu lado. Como é sexta à noite, a Hell Race tende a ficar insuportável de tanta gente, normalmente, se empurrando e gritando. Mas vale a pena enfrentar isso. Tudo pelas corridas, que faziam-me sentir livre, a adrenalina que me fazia viver, isso tudo era bom, até demais. Mas hoje será a última vez, até porque tenho outros que me fazem sentir vivo. Uma esposa, um filho e um bebê a caminho. Eu ia parar antes, pelo meu primeiro filho, mas fui covarde, e mesmo falando para minha esposa que não iria mais participar disso, eu continuei às escondidas. Corria depois de um dia estressante, por causa do trabalho que infelizmente tenho que ter, das pequenas brigas com ela e porque não conseguia mais lidar com o estresse que é ser pai. Nesse aspecto fui bem egoísta com eles, mas depois de receber a notícia do segundo filho, decidi acabar de uma vez por todas. Não posso mais me arriscar nessas corridas, que nem antigamente. Hoje definitivamente será a minha última vez na Hell Race.

Sobre ontem...

Não precisa se explicar. meu velho amigo me interrompe.

Claro que não.

Depois de receber a notícia, ele foi a primeira pessoa para quem contei. Para quem pedi uma opinião sincera. Nós sempre fomos uma dupla. Por um momento, lembro da tatuagem que possuo nas costas, na qual ele tem uma igual. O kanji da palavra demônio. Para nos lembrarmos que não somos somente os reis, mas os demônios da Hell Race. Uma tatuagem boba que fizemos quando moleques, mas que possui um grande significado na nossa cabeça.

Crescemos e passamos muitas coisas juntos. Sei o que as corridas significam tanto para ele, quanto para mim, então, óbvio que achei que não ia aceitar eu abandonar tudo isso. Afinal, sempre falávamos em como seríamos corredores conhecidos e respeitados, mas primeiro tínhamos que conquistar nosso reconhecimento, por isso fundamos a Hell Race. A Hell Race nunca foi um lugar, mas sim as pessoas que correm para se sentirem vivas e libertas, por isso nunca corremos em lugares fixos. Porém, as vezes acho que esse reconhecimento foi algo que somente ele realizou a ter, mesmo eu não me importando com isso, me dá uma sensação estranha em não ser conhecido como um dos fundadores das maiores corridas ilegais da cidade.

Quando liguei para ele ontem, fiquei surpreso por me apoiar, de forma tão moderada, já que normalmente ele é explosivo e controlador. Isso só prova que podíamos ter sonhos complexos e diferentes, mas nossa amizade sempre vinha à frente.

Ele tira o cabelo preto de seu rosto e já não está mais com seu sorriso brilhante.

Sei que não vai ser a mesma coisa, mas... hesita. agora você tem suas prioridades, nas quais eu apoio. E agora que voltei para a cidade, de forma permanente, vou querer ver meus afilhados logo.

O Rei das Corridas - Série Hell Race / Livro 01Место, где живут истории. Откройте их для себя