Capítulo 9: Sempre humilhado e nunca exaltado

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Estou suando e com dificuldade para respirar. Não sei se de tanto correr ou de nervoso. Quando percebo que já me afastei o bastante do beco e me misturei na multidão, paro no meio da mesma. Ofegante, me dobro e agarro os joelhos em busca de ar puro. Segundo os burburinhos, está terminando a segunda corrida da noite, por isso as pessoas continuam exaltadas.

Não importa, preciso encontrar Ian. Onde ele está?

Meu coração parece que vai sair pela garganta, por conta da ansiedade e cansaço.

Se acalme, Ravi! Você precisa relaxar!

Bato nos bolsos da calça à procura do maço de cigarro, talvez isso me acalme, mas estão vazios. Desesperado, começo a mexer nos bolsos do casaco, porém sem sucesso também. Provavelmente os cigarros caíram enquanto corria.

Se foda, não tenho tempo para isso.

Me endireito para olhar em volta, em busca do garoto de cabelos castanhos. Talvez ele esteja perto dos carros. Começo a empurrar as pessoas à frente, indo em direção às fileiras de carros. Entretanto, ao chegar perto do carro de Ian, vejo que ele não está por aqui.

A segunda corrida a recém acabado, os corredores param seus carros no meio na pista, enquanto o pessoal corre em volta deles. Não consigo ver a identidade dos corredores, mas não me esforço para saber.

Me encosto no capô do Nissan e percebo que ainda respiro pesado. Passo as mãos, que estão tremendo, pelo rosto. Penso no que fazer. Não posso ligar para a polícia, se fizer, eles vão acabar com a Hell Race e a culpa vai cair sobre mim. Ou seja, sem encontrar os responsáveis pelas cargas, sem ficha limpa. E não posso me dar esse luxo. Mas porra, eu vi um garoto mais novo sendo morto! Talvez se contar a Ian, ele saiba o que fazer. Mas como contar uma coisa dessas? Ah, oi Ian, então encontrei uma peça do carro roubado, estava com uns caras que mataram um garoto ali no beco, mas e aí quem vai correr agora?

— Merda ridícula... — murmuro.

— O que é ridículo? — levanto o olhar e vejo Ian, um pouco nervoso, com um grupo familiar o acompanhando. Dou um pequeno pulo do capô.

— Porra, Ian... — começo a falar, mas sou interrompido por ele.

— Esquece, você tem que se aprontar, suponho que está preparado, não?

Franzo a testa, confuso e noto que o grupo logo atrás não é nada menos que o grupo de amigos de Kyle Loynd.

Mas o que?

— Ian... — agarro seus ombros e abaixo o tom de voz para só ele ouvir. — Tenho que te contar uma coisa importante...

— Ravi, isso também é importante... — ele fala entre dentes e logo começa sussurrar também. — Você vai correr contra Baz Stevam, melhor amigo de Kyle, você está entendendo? Estou tentando te ajudar, não ferra!

— Mas como essa merda vai me ajudar? — me irrito. — A me humilhar mais?

Ian fica vermelho.

O que deu nele?

Ele abre a boca para rebater, mas é interrompido.

— Não querendo incomodar o casal, mas já incomodando, a corrida vai rolar ou não? — diz um garoto pálido com cabelo platinado para roxo, cheio de tatuagens e piercing na sobrancelha direita, um sorriso arrogante. Mas o que chama atenção mesmo é a cicatriz de queimadura no lado esquerdo de seu rosto, que vai da testa até seu olho. É o mesmo cara que dei um encontrão no corredor esta manhã. E provavelmente, Baz Stevam. Claramente eu não tinha visto sua cicatriz na escola, mas olhando agora, parece um garoto totalmente diferente.

O Rei das Corridas - Série Hell Race / Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora