LADY-LUTHOR -KARLENA

CAPÍTULO 13

Já começa a escurecer quando volto para o apartamento. Cansada e um pouco bêbada, suportei o interrogatório forense da minha mãe sobre a situação de todas as propriedades, o arrendamento e os imóveis para alugar em Londres e a reforma dos apartamentos em Mayfair, sem contar o valor do portfólio Luthor. Quis lembrá-la que nada disso era da conta dela,mas sinto um orgulho inédito por ter respondido com detalhes a cada uma de suas perguntas. Até Lyra ficou impressionada. Jack Spheer me ensinou direitinho.

Quando me sento no sofá diante da televisão grande em meu apartamento vazio e limpíssimo,minha mente volta,como fez o dia todo,à conversa que tive pela manhã com a diarista de olhos lindos e profundos.
Onde ela está agora?
Quanto tempo vai ficar na Inglaterra?
Como fica sem aquele uniformes imenso?
Quantos anos ela tem? Parece nova. Nova demais, talvez.
Nova demais para quê?
Eu me remexo, incomodada,e mudo várias vezes de canal. Talvez minha reação a ela tenha sido um caso isolado. Quer dizer, ela parecia até uma freira. Talvez eu tenha uma quedinha por freiras. Rio sozinha desse pensamento ridículo. Meu celular vibra,e é uma mensagem de texto de Samantha.

COMO FOI O ALMOÇO?

Cansativo. A viúva se comportou do mesmo jeito de sempre.

VOU SER A VIÚVA OFICIAL SE VOCÊ CASAR! :(

Por que ela está dizendo isso? Além do mais, não tenho interesse em me casar com ninguém. Bom... não agora. O dicurso da minha mãe sobre netos me vem à mente, e faço que não com a cabeça. Filhos. Não. Simplesmente não.

Isso não vai acontecer
tão cedo!

QUE BOM.
O QUE ESTÁ FAZENDO?

Estou em casa vendo TV.

ESTÁ TUDO BEM?
POSSO PASSAR AÍ?

A última coisa que quero é Samantha mexendo com a minha cabeça ou com qualquer outra parte do meu corpo.

Não estou sozinha.

PELO VISTO AINDA É UMA GALINHA. :P

Você me conhece bem.
Boa noite, Sam.

Olho para o celular aguardando uma resposta, mas o aparelho permanece em silêncio, então volto minha atenção para a TV e percebo que não há nada que eu queira ver. Desligo.
Inquieta,eu me sento à escrivaninha e verifico os e-mails no iMac. Há algumas mensagens de Jack sobre várias questões envolvendo as propriedades com as quais não quero lidar nessa sexta-feira à noite. Podem esperar até segunda-feira. Olho a hora e fico surpresa ao descobrir que são só oito da noite,cedo demais para sair,e a ideia de ir a uma boate lotada também não me atrai.

Sentindo-me presa, mas sem querer sair do apartamento, vou até o piano e me sento. Uma composição que comecei semanas antes está abandonada no suporte. Sigo as notas, a melodia ressoando em minha mente,e quando dou por mim,meus dedos estão nas teclas tocando. A imagem de uma jovem de azul com olhos de oceanos profundos me desnudam vem à tona. Notas novas se formam em um turbilhão, e eu continuo improvisando, indo além de onde tinha parado na composição.
Caramba!
Com uma onda de empolgação rara, eu me enterrompo, pego o celular no bolso e encontro o aplicativo de gravação. Aperto o botão de gravar e recomeço. As notas se espalham pelo cômodo. Evocativas. Melancólicas. Me pertubando. Me inspirando.

SOU FAXINEIRA, LADY.
SIM.EU FALO INGLÊS. MEU NOME É KARA DANVERS.
KARA.

Quando olho meu relógio de pulso, já passa da meia-noite. Alongando os braços acima da cabeça, examino o rascunho à minha frente. Está concluído. Escrevi uma obra inteira e me sinto realizada. Há quanto tempo eu tentava fazer isso? E bastou conhecer minha nova diarista para finalmente conseguir. Balanço a cabeça e,para variar,vou para a cama cedo e desacompanhada.