CAPÍTULO QUARENTA E QUATRO

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■LENA POV

Kara está impaciente. Praticamente me puxa pelo caminho de pedra. Descemos até a praia e ela não consegue mais se controlar. Solta minha mão e corre em direção ao mar bravo, derrubando o gorro e deixando o cabelo voar ao vento.

____ O mar, o mar ! —grita ela e rodopia com os braços abertos.

Sua irritação de antes é esquecida, seu sorriso está enorme e o rosto,iluminado de alegria.

____ O mar ! —grita de novo, mais alto que o rugido da água, gesticulando loucamente, os braços parecendo um moinho agitado,recebendo cada onda que quebra na beira da praia.

É impossível não sorrir. Seu entusiasmo descontrolado por esse evento inédito é envolvente e emocionante demais. Sorrio enquanto ela dá gritinhos e dança pulando para trás, evitando as ondas grandes que  estouram.

Está ridícula, com galochas e um casaco enorme. Seu rosto está corado,seu nariz,cor-de-rosa, e ela está absolutamente deslumbrante. Meu coração fica apertado.
  Ela corre na minha direção com uma inocência infantil e segura minha mão.

_____ O mar ! — Ela grita de novo,e me arrasta em direção às ondas.

Eu vou de bom grado, entregando-me à sua alegria.


■KARA ■


Elas caminham de mãos dadas pela orla e param diante de uma ruína antiga.

_____ Que lugar é esse?— Pergunta Kara.

_____ É uma mina de estanho abandonada.

Kara e Lena se apoiam na chaminé, observando o mar agitado coberto de espuma branca enquanto o vento frio assobia.

_____ É tão lindo aqui — diz Kara.
_____ É selvagem. Lembra meu país.
SÓ QUE SOU MAIS FELIZ AQUI. ME SINTO .... SEGURA.
E ISSO SÓ PORQUE ESTOU COM A LADY LENA.

_____ Também amo esse lugar. Foi aqui que  eu cresci.

_____ Na casa onde estamos?
Lena desvia o olhar.

_____ Não. Essa meu irmão construiu recentemente.

A boca de Lena se curva para baixo e ela parece perdida.

_____ Você tem irmão?
_____ Tinha—sussurra Lena. ____Ele morreu.

Lena enfia as mãos no fundo dos bolsos do casaco e olha para o mar com uma expressão sombria, dura como pedra.

_____ Sinto muito— diz Kara,e, pela expressão sofrida e sincera de Lena, suspeita que a morte do irmão seja recente. Ela pausa a mão no braço de Lena.
_____ Sente falta dele?
_____ Sinto —sussurra Lena,virando o rosto para ela.
_____ Muita. Eu o amava.
Kara fica surpresa com a honestidade.

_____ Tem mais família?
_____ Uma irmã. Lyra. —Seu sorriso carinhoso é breve.
_____ E minha mãe também. —O tom de voz fica evasivo.

_____ Seu pai?
_____ Meu pai morreu quando eu tinha dezesseis anos.
_____ Ah. Sinto muito. Sua irmã e sua mãe moram aqui?
_____ Já  moraram. Às vezes vêm visitar —responde Lena.
_____ Lyra trabalha e mora em Londres. É médica.
Lena dá um sorriso orgulhoso.
_____ Ua. — Kara fica impressionada.
_____ E sua mãe?
_____ Fica mais em Nova York.
Sua resposta é seca. Não quer falar sobre a mãe.
E ela não quer falar sobre o pai.

_____ Tem minas perto de Kukes —diz,para mudar de assunto, e olha para a chaminé de pedra cinza.
Parece a da estrada para Kosovo.

_____ É mesmo?
_____ Aham.
_____ De quê?
_____ Krom. Não sei a palavra.
_____ Cromo ?
Ela dá de ombros.
_____ Não sei o inglês.
_____ Acho melhor eu investir em um dicionário inglês-albanês —murmura Lena.
_____  Venha, vamos até o vilarejo. Podemos almoçar por  lá.
_____ Vilarejo?
Kara não viu qualquer sinal de casas durante a caminhada.
_____ Trevethick. É um vilarejo logo depois da colina. Popular entre os turistas.
Kara acompanha o passo de Lena.
_____ As fotos no seu apartamento são daqui?—Pergunta ela.
_____ As paisagens? Sim. São daqui, sim —responde Lena com um sorriso.
_____ Você é muito observadora —Acrescenta.

E, a julgar por suas sobrancelhas erguidas, kara percebe que ficou impressionada. Ela dá um sorriso tímido e Lena segura sua mão enluvada.

Elas saem da trilha e seguem por uma via estreita demais para ter calçada. As sebes dos dois lados são altas,mas afastadas da estrada. Os espinheiros e arbustos sem folhas são organizados e aparados, e estão cobertos aqui e ali por montinhos de neve. Elas descem e viram em uma curva fechada,então i vilarejo de Trevethick surge no fim do caminho. As casas de pedra caiada são muito diferentes de tudo que Kara já viu. Parecem pequenas e antigas, mas ainda assim charmosas. O lugar é  pitoresco. _ imaculado, sem qualquer lixo. De onde ela vem,há lixo e dejetos de obras nas ruas, e a maioria dos prédios é feita de concreto.

Na orla,dois cais de pedra se estendem para abraçar o porto,onde três barcos de pesca grandes estão ancorados. Perto da orla há alguns estabelecimentos: duas butiques, uma loja de conveniência, uma pequena galeria de arte e dois pubs. Um letreiro pendurado do lado de fora mostra o escudo que Kara reconhece.

_____ Olhe ! —Ela aponta para o emblema.
_____ Sua tatuagem.
Lena dá uma piscadela.
_____ Está com fome?
_____ Estou—responde ela.
_____ Foi uma caminhada longa.
_____ Bom dia, mileide.
Um idoso com cachecol preto,casaco de forro verde e boina está saindo de um dos pubs. É seguido por um cachorro desgrenhado de raça indeterminada com um casaquinho vermelho e o nome Boris bordado em dourado nas costas.

_____ Padre Trewin.
Lena aperta a mão dele.
_____ Como vai, minha jovem?
_____ Bem,obrigada.
_____ Fico feliz em saber. E quem é essa bela moça?
_____ Padre Trewin, nosso vigário, essa é Kara Danvers,minha .... amiga,que veio do exterior para nos visitar.
_____ Boa tarde,querida —diz Trewin estendendo a mão.
_____ Boa tarde—responde ela, apertando a mão dele,surpresa e satisfeita por ele falar com ela diretamente.
______ O que está achando da Cornualha ?
______ É muito agradável por aqui.
Trewin dá um sorriso bondoso e volta-se para Lena.
______ Ver você na missa amanhã é pedir demais, certo?
______ Quem sabe,padre ...
______ Temos que dar o exemplo, minha filha. Lembre-se disso.
______ Eu sei. Eu sei—diz Lena,resignada.
_____ Está frio, Hein ?— O padre Trewin muda de assunto.
_____ Está sim.

Trewin assobia para Boris, que está sentado pacientemente, aguardando o fim das gentilezas.

_____ Caso tenha esquecido, a missa começa às dez.
Ele cumprimenta as duas com um movimento de cabeça e segue pela estrada.

_____ Vigário quer dizer padre,não é?—Pergunta Kara enquanto Lena abre a porta do pub e a acompanha para dentro do local aquecido.
_____ Isso. Você é religiosa?—pergunta Lena, surpreendendo-a.
_____ N....
_____ Boa tarde, mileide—diz um homem grande de cabelo ruivo e pele branca,interrompendo a conversa.

Ele está atras de um bar impressionante,  repleto de jarros decorativos e copos grandes pendurados. Há  uma lareira acesa na outra extremidade do salão e vários bancos altos de cada lado de uma fileira de mesas, ocupados por homens e mulheres que podem tanto ser locais ou turistas, Kara não sabe. No teto estão  penduradas cordas, redes e equipamentos de pesca. O ambiente é caloroso e simpático.
Há inclusive um casal de mulheres se beijando no fundo. Constrangida, Kara desvia os olhos e se aproxima de Lena.






☆ Sorry pela demora 🙃

LADY-LUTHOR -KARLENA Where stories live. Discover now