Capítulo IX

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Acordei sentindo frio, completamente nua no sofá da minha sala no hospital, tateei a mão pelo chão em busca do controle do ar condicionado e aumentei a temperatura fazendo com que a falta de um cobertor fosse suprida pelo ar quente. Olhei no relógio preso ao meu pulso e marcava 3:55 da manhã. Que merda! Peguei minha roupa que tava pelo chão, me vesti, peguei um casaco mais grosso que costumava ficar por ali, deitei no sofá, joguei por cima e dormi. Eu que não ia me dar ao trabalho de ir pra casa sendo que teria que estar aqui pra dar aula em menos de 4 horas.

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Acordei em torno de 6:30 com o celular despertando, o que já era diariamente programado pra poder sair de casa. Me levantei tomei um banho rápido escovei os dentes coloquei o meu jaleco e fui no refeitório procurar algo pra tomar café visto que eu estava com tempo de sobra, tal qual como se tivesse dormido no hospital. Minha primeira aula do dia era com o 8° período, prática cirúrgica no hospital, passei pela catraca rezando pra não ter ninguém no refeitório mas acho que era pedir demais. Peguei uma maçã, um copo de café e três pão de queijo, sentei na mesa refletindo que merda eu tava fazendo me deixando envolver com a Ariele ao ponto de transar com ela dentro do hospital. Isso jamais podia ter acontecido. Só sai dos meus devaneios de autocrítica quando alguém sentou na minha frente toda sorridente.

Rosamaria: bom dia chefinha. -sorriu-

Gattaz: só se for pra você Montibeller. -a encarei e o sorriso dela sumiu- desculpa -me arrependi- eu não dormi direito, tô cansada, com muita coisa na cabeça -bufei-

Rosamaria: tudo bem -me deu um meio sorriso- eu já sabia que você era arrogante quando vim estudar aqui.

Gattaz: eu ainda sou sua professora sabia? E sua chefe. E a expectativa quem depositou em mim foi a senhorita. -sorri-

Rosamaria: eu assumi o risco, mesmo já tendo escutado e lido que você é uma ótima profissional e péssima com pessoas. -me olhou-

Gattaz: completamente equivocada a sua análise sobre mim -a encarei séria-

Rosamaria: será mesmo? -sustentou o meu olhar- então claramente estou merecendo a sua rispidez.

Gattaz: você merece muitas coisas Rosamaria -vi ela engolir seco- e a minha arrogância não é uma delas. -respirei fundo e estiquei a coluna ainda sentada-

Rosamaria: tá parecendo uma velha assim -disparou-

Gattaz: hoje você acordou disposta a me atazanar né? -ela concordou- Dorme naquele sofá da minha sala pra você ver que delícia de massagem que é pra coluna.

Rosamaria: uai você não estava em casa? Aliás, porque você tá aqui tão cedo, tomando café do refeitório quando podia tá aproveitando a sua cafeteira de cápsulas?

Gattaz: porque me falta juízo e sobra falta de vergonha na cara. -sorri-

Rosamaria: isso tem haver com a Ariele na sua casa ontem? -falei curiosa e concordei- que nojo eu não estudo mais naquela sala. -bufou-

Gattaz: ah pronto -ri sarcástica- quer que eu mande desinfetar a sala?

Rosamaria: por favor? -me olhou- Agora vou ter que estudar lá sentindo o perfume da sua peguete?

Gattaz: como se fosse possível tirar o seu perfume amadeirado, meio cítrico da minha sala, seu perfume tá impregnado em todo canto. Sinto ele até em horas que não é pra sentir. -olhei pra ela e me levantei me retirando do refeitório-

Fui em direção a sala dos professores pra pegar meu material de prática e já estavam todas lá, batendo um papo descontraído regado a uma dose de café e animação.

Give water to the wineOnde histórias criam vida. Descubra agora