capítulo 2

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Janja

S/n foi pro quarto dela e eu fiquei pensando no que ela me contou. Eu deveria imaginar que uma hora ela iria sentir o peso negativo do sobrenome que ainda nem é dela oficialmente. Preocupada, cogito ir até a escola.

L: meu amor, você não vem almoçar? — entra no escritório —

J: oi, amor! — desperto dos meus pensamentos — tô indo, eu só tava organizando essa papelada...

L: você parece preocupada, aconteceu alguma coisa?

J: S/n chegou triste da escola e me contou que os colegas chamaram ela de ladra... — ajusto meus óculos — você sabe o motivo

L: eu sabia que isso ia acontecer...

J: eu vou até a escola conversar com a direção, isso não vai ficar impune.

L: a S/n sabe da verdade, não é? ― mexe na gravata nervosamente ―

J: eu conversei com ela — o abraço de lado — fica tranquilo, ela sabe que o futuro pai dela é um homem maravilhoso...

L: não exagera, Janjinha...

J: bobo — beijo sua bochecha — vamos almoçar, eu tô com fome

depois do almoço, enquanto a S/n foi no shopping com a Simone e o meu marido voltou pro trabalho, eu fui até a escola conversar com a direção. Acompanhada dos seguranças, entrei na sala da diretora e sentei em uma das cadeiras de estofado azul marinho.

― boa tarde senhora Rosângela. Posso saber o que a traz aqui?

J: só Janja, por favor ― ajusto os meus óculos ― e eu vim falar sobre a minha filha S/n. Ela me contou que alguns colegas andam fazendo provocações e a chamando de ladra, creio que deva saber o motivo.

― certamente, senhorita, mas veja bem, eles são adolescentes, ainda não têm maturidade pra entender assuntos mais complexos

J: isso não justifica nada, a escola não deveria ser um lugar de perseguição política! Eu quero que os alunos que ofenderam a minha menina sejam devidamente punidos, e, se acontecer de novo, eu terei que ser menos tolerante.

— sim, senhorita... — toma postura — tomarei as devidas providências.

J: ótimo — me levanto e pego minha bolsa — e que fique claro, a vida política do meu marido não deve interferir no modo de tratar a S/n, ela merece ser respeitada.

— certamente.

Saio acompanhada dos seguranças e volto pra casa. Durante o caminho, me preparei para a conversa com a S/n. Di
Durante o almoço eu havia comentado sobre o que iria fazer e ela não gostou muito.

Mal cruzo a porta do Alvorada e um furacãozinho em forma de criança me abraça forte.

J: esse abraço gostoso tem algum motivo especial? — sorrio —

S/N: tem... — se afasta um pouco —

J: me conta então! — continuo sorrindo —

S/N: primeiro, por que você se preocupou comigo e foi até a escola, e segundo, isso aqui chegou... — pega um envelope de cima do sofá e me entrega —

Abro o envelope e leio o documento cuidadosamente. Na metade da folha, meus olhos se enchem de lágrimas, dificultando um pouco a leitura.

J: deu certo... — tiro os olhos do papel e a olho surpresa — você é oficialmente S/N Lula da Silva...

adotada pela primeira dama ● Janja and youOnde histórias criam vida. Descubra agora