Capítulo 5

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Janja

com o passar dos dias, as coisas se acalmaram por aqui. S/n voltou pra escola e eu voltei ao trabalho, resolvi contribuir de alguma forma nas obras de restauração nos três poderes, então, estou coordenando tudo por aqui e fazendo registros de tudo que foi destruído ou que vai precisar de reforma. 

J: bom dia, pessoal! Como vão as coisas por aqui? ― sorrio ajustando meus óculos ―

― estamos indo bem, dona Janja! Uma parte das obras já foi restaurada!

J: isso é ótimo, Flora! Continuem assim, pessoal!

Flo: deixa com a gente!

― dona Janja, as telas chegaram!

J: obrigada por avisar, Fábio! ― pego minha prancheta ― rapazes, coloquem naquela mesa, por favor. Vamos ver os estragos...

Algum tempo depois, eu estava ajudando as meninas com as tintas quando Flora me chamou.

Flo: dona Janja, ligaram lá da portaria dizendo que tem alguém querendo falar com a senhora

J: estranho, eu não tô esperando ninguém ― pego uma toalhinha e começo a limpar minhas mãos ― é melhor eu ir lá

Coloco a toalhinha na mesa e saio. Depois de caminhar alguns minutos, chego na portaria e vejo uma mulher usando um casaco de couro escuro, óculos escuros, boné e máscara. Quanto mais eu olho pra ela, mais eu sinto meu corpo gelar.  Mas, como o medo não é da minha personalidade, me aproximei com um sorriso no rosto.

J: oi, queria falar comigo? ― passo as mãos no avental ― desculpa o avental, é que eu tava mexendo com tintas...

― então você é a famosa Rosângela?

J: só Janja, por favor. As pessoas não costumam me chamar de Rosângela. E você, quem é?

― me reconhece? ― tira os óculos ―

J: Michele?! ― fecho a cara e coloco o avental em uma cadeira ― mas é muita cara de pau mesmo, aparecer aqui depois de tudo o que aconteceu

M: fazer o que, né? Eu tenho contas pra acertar

J: comigo ou com os deputados pra quem você abriu as pernas?

M: cala a boca, sua cachorra, você não é nenhuma santa

J: veio aqui só pra bater boca comigo? Perdeu seu tempo

M: não, querida, eu vim aqui acertar contas, mas como a mulher baixa que é, você só sabe cacarejar

J: chega de blá blá blá, fala logo o que você quer antes que eu mande os seguranças te arrastarem pra fora daqui ― cruzo os braços ―

M: o meu acordo é bem simples, você me dá o que eu quero e eu faço meu marido parar com os atentados ao estado e os ataques contra você e sua família. ― olha pras unhas ―

J: e o que você quer, sua vaca?

M: eu quero de volta o luxo, o dinheiro e o poder sobre esse país

J: fazendo o trabalho sujo do marido? Eu esperava mais de você

M: é como dizem, atrás de um grande homem sempre tem uma mulher forte

J: não sei dizer, nunca fiquei atrás de um homem ― arqueio a sobrancelha ― é melhor ir tirando o cavalinho da chuva, querida, eu não vou entregar tudo de bandeja pra você. Vaza daqui, anda!

M: tem  certeza, Janjinha? ― coloca o óculos ―

J: sabe quando eu vou ter medo dessa sua cara de ameixa-seca? Nunca. Vai embora logo e nunca mais cruze o meu caminho, eu tenho até dó de quem se arrisca.

M: você realmente não tem um pingo de classe pra ser primeira dama ― vai embora ―

J:  vai rastejar em outro lugar, Jararaca ― observo ela sumir na esquina ―







adotada pela primeira dama ● Janja and youWhere stories live. Discover now