Capítulo Único

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Sasuke terminou de ler o recado do irmão, pasmo. Não acreditou no que seus olhos haviam visto, e sua mente relutava em assimilar tudo aquilo. Mímica pornô? Sério mesmo?

Riu, descrente, pegando o ingresso que Itachi havia deixado sobre o balcão da cozinha mais cedo. O irmão era um depravado, isso sim!

— Vai que você se interessa — ele disse mais cedo, rindo da expressão nervosa do irmão mais novo.

Sasuke se sentou no sofá novamente, olhando, com relutância, para o ingresso dourado. Que mal havia? Não estava fazendo nada e não faria nada nas próximas horas, podia sim ir matar um pouco de seu tédio, afinal, sua curiosidade estava lhe incomodando.

Mas e se o vissem? E se o reconhecessem? Céus! Já imaginava os jornais, mais uma vez, publicando a foto do jovem Uchiha com a manchete: Playboy assanhado! Não, mais uma manchete não. Já não aguentava as ligações de Fugaku dando-lhe lições de moral ou criticando seu mau comportamento.

Os olhos negros passaram mais uma vez pelas letras coloridas do papel, chamavam-lhe. Mordeu o lábio inferior, soltando uma risada baixa ao se levantar e pegar o sobretudo e o chapéu. Nevava em Tóquio, e ele não queria chamar atenção ou ser reconhecido.

Pediu um táxi, abrindo mão do famoso e querido carro.

— Você não vai perder nada, Sasuke. Se não for excitante, vai ser, no mínimo, hilário. — Lembrava-se de Itachi lhe explicando.

Sasuke estava ansioso, parecia uma criança prestes a fazer uma travessura ou um adolescente tentando entrar escondido em um puteiro.

Ah, tenha dó, Sasuke! Você não deve satisfações a ninguém!

O Uchiha tentava se convencer, batendo os dedos, discretamente, nas coxas, contando os minutos para chegar ao centro da movimentada cidade. Pagou o motorista, saiu do carro, colocando o chapéu e ajeitando a roupa.

A entrada do teatro estava lotada! Meu Deus, essas pessoas não tinham vergonha? Estavam ali, animadamente, sem preocupações enquanto Sasuke queria enterrar-se no primeiro buraco que visse.

Aquela noite parecia prometer lucros! O teatro havia mudado até mesmo sua decoração, dando um ar mais sensual ao local. As coxias alternavam-se entre negras e rubras, as luzes fracas mal iluminavam o cômodo e a música que tomava o ambiente era envolvente e relaxante.

Sasuke riu, sentia-se envergonhado, embora não fosse admitir. Sabia muito bem que sensação era aquela, era medo junto com curiosidade junto com excitação. A mesma sensação que muitos têm quando vão assistir pornografia em casa, sabendo que os pais estão no quarto ao lado. Você fica olhando para todo e qualquer canto, ansioso, temendo que alguém descubra o que está fazendo, tenta prestar atenção, mas tem medo de que não consiga ouvir os passos no corredor e que seja pego. Uma droga, não é mesmo?

Suspirou pesadamente, sentando-se na segunda fileira, no meio.

Manteve sua expressão séria, indiferente, fria. Tentava conter aquele desconforto. Será que Itachi também viria? Ah, não... Seria um saco ter que aturar seu irmão se o visse ali. Tsc...

As luzes se apagaram, chamando a atenção de Sasuke, que se ajeitou melhor no assento. O palco ganhou iluminação, luz branca e vermelha.

Do canto esquerdo, surgiu o mímico. Os olhos negros não desviaram do homem que cumprimentava a plateia com um sorriso. Os cabelos loiros, os olhos azuis, a pele extremamente branca pela maquiagem que era obrigado a fazer para interpretar o personagem.

Sorriu ao vê-lo posicionar-se no centro do palco, começando a atuação. Aparentemente, pagava um drinque a alguém, puxando a pessoa para algum canto, simulando um beijo. Sasuke inclinou-se para frente, vendo o outroo fechar os olhos, enlaçar a cintura do imaginário e iniciar um beijo calmo. Via a língua do homem mover-se no ar, o corpo chocar-se com o nada, a expressão de prazer começar tomar conta do mímico que parecia soltar pequenos gemidos, mudos, ao movimentar a pélvis.

Convite ao PrazerWhere stories live. Discover now