Então, doutor... • Shivley Maliwal

Two

MAY POV

Hoje o dia foi longo e corrido. 

Há muitos pacientes na clínica hoje e é cada caso bizarro que até assusta quem está na área a mais tempo. 

Ontem mesmo chegou um sujeito com suspeita de psicopatismo pra psiquiatra atender.

Já era quase final do expediente e eu já estava cansado, porém tinha que continuar. A última consulta do dia seria com a minha paciente mais divertida. 

Shivani. Já faz quase um mês que estamos na terapia intensiva, duas vezes na semana e isso tem sido ótimo pra ela. A parte engraçada da situação foi termos descoberto que meu primo é o ex idiota dela. 

Noah quase nunca se importou com as garotas que ele sai, conversei com ele semana passada em uma reunião de família mas não toque no assunto, porém descobri que estava entediado

Pelo que Shivani descreveu, ele é um bom ator. Isso explica o curso de teatro. Óbvio que eu não vou falar isso pra garota, senão pode acabar machucando mais ela.

Me escorei na minha cadeira esperando ela entrar. Como habitual, ela bateu na porta e eu disse que podia entrar. Me cumprimetou com um sorriso e se sentou na minha frente.

— Boa tarde, doutor.

— Boa tarde, Shivani. Como vai? Tem praticado os exercícios no qual eu te ensinei?

— Bem por agora. Sim, e tenho visto a  diferença que eles têm trazido no meu dia a dia. Ando mais calma e produtiva.

— É ótimo ouvir isso. E então, pode começar a falar quando quiser.

— Eu vi Noah ontem. Estava com uma garota. Me senti abalada mas não chorei. Porque nós sempre temos que encontrar aquilo que nos machuca quando estamos nos recuperando? É algo puxando pra uma recaída? Nunca irei entender.

— Recaídas fazem parte do processo, você não se deve envergonhar por tentar e falhar. Continue tentando. 

— Está certo.

— E é normal, ainda não se faz nem um mês que vocês terminaram. Ele pode ser seguido em frente mas só porque o sentimento não era verdadeiro.

— Sim, você me disse isso na última vez.

— Todos tem seu tempo de cura. 

— Sim, tem razão, doutor.

— Seja paciente, Shivani, uma hora se verá limpa da situação. Tudo passa.

— Ok.

— E agora… podemos falar de como vai a relação com seu pai?

— Até hoje se vitimiza, é impressionante, doutor. Não adianta conversar com ele. Ele não aceita nossa ajuda porque decidimos sair de casa, não aceita que me formei em pedagogia por escolha. Cada dia parece que está mais difícil.