Capítulo 1°

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[...] saio correndo pela porta dos fundos que a pouco fora escancarada por um oni e corro pela minha vida sendo seguida por várias criaturas que só encontrei em meus mais terríveis pesadelos. Correndo pela floresta à fora tropeço em vários galhos caídos e sinto meu rosto colidindo com alguns que ainda estão presos aos troncos das
árvores, tudo graças a escassez de luz [...]

Um Tempo Antes

A maioria das crianças lembram de algo da sua infância, sua origem, seu ponto de partida. Eu entretanto não tive essa sorte, tudo de que me lembro é de existir nesse abrigo para pessoas, crianças em sua maior parte, que foram abandonadas por quem as deveriam amar e proteger.

Não tenho ressentimentos de meus pais, no entanto espero que realmente exista um bom motivo para eu estar em um lugar como esse.

Aqui devemos sempre seguir as regras e as rotinas: nunca andar pelos corredores ao anoitecer, nunca fazer perguntas desnecessárias, e jamais ir no porão, onde podemos ouvir gritos e pedidos de socorro das crianças que tiveram o azar de serem escolhidas.

Em todos o tempo que passei aqui, nunca fui escolhida. A alguns anos ouvi boatos que quem desrespeitasse as regras seria o escolhido da semana, ninguém sabe o que acontece com essas pessoas, só sabemos que nunca mais vamos ver elas.

O prédio em questão é grande e está disposto de vários cômodos. O meu favorito é a biblioteca, não me lembro de muito mas tenho quase certeza que já li pelo menos duas vezes cada livro do local.

Hoje parecia ser mais um dia como qualquer outro. Acordei no horário abitual, me limpei, desci as escadas para me alimentar e depois fui para a sala de estudos.

Todos os dias eu e as outras pessoas que moram na casa temos que seguir essa rotina de acordar no mesmo horário, nos arrumarmos, nos alimentar e ir para a sala de estudos, onde aprenderemos história, português e matemática.

O horário de estudo dura praticamente a manhã inteira, mas quando termina somos liberados para andar pela propriedade até pouco antes do sol se pôr.

Todos os dias quando posso ficar livre me dirijo a biblioteca, é nela que me distancio dessa realidade e vou para uma nova da minha própria escolha.

Vou andando calmamente olhando pelas janelas que mostram o jardim vendo as crianças menores correndo e brincando juntas. Olho para frente novamente e vejo as enormes portas de madeira escura da biblioteca.

Ao entrar, fui diretamente para as últimas prateleiras, ignorando as pessoas a minha volta e mantendo o silêncio.

Ao chegar na seção que eu desejava senti algo estranho, um cheiro diferente do que estou acostumada a sentir. Movida pela curiosidade, puxei a escada e me deixei ser guiada pelo cheiro.

Passando a mão pelos livros achei um que não conhecia, o livro continha um odor estranho que logo percebi ser um cheiro de antigo. Todos os livros do local eram antigos, então porque justo esse tinha um cheiro estranho e diferenciado?

A pergunta rondava minha mente enquanto pegava o objeto com cuidado para analisar.

Era notável que o livro era verdadeiramente bonito, sua capa tinha uma coloração preta com detalhes em vermelho com uma linda flor estampada no centro e uma espécie de cadeado no canto.

A fechadura estava desgastada pelo tempo, e com um pouco de esforço se abriu.

Acabei por deixar que ele caísse, quando tentei segurar apenas com uma mão. Me recupero rapidamente antes que alguém tenha a oportunidade de checar de onde veio o barulho e o pego levando até um dos bancos disponíveis perto das grandes janelas.

Comecei a folhear a relíquia. Percebo ser uma história sobre demônios mitológics, criaturas que se alimentam de humanos pela noite e se escondem ao nascer do sol.

Fiquei decepcionada já que pensei que por ser tão diferente, fosse conter algo mais interessante. Mesmo desanimada continuei lendo, além da descrição das criaturas, tinha também um texto que não consegui compreender.

Não consegui ler devido porque a escritura em específico estava em uma língua distinta das demais.

Ao lado do texto estava escrito o nome de um homem: Yoriichi Tsugikuni

Ele foi descrito como: espadachim lendário, criador da respiração do sol e de suas derivadas. Portador da marca desde que nasceu, sendo assim o caçador mais forte já documentado. Quebrou a lenda quando morreu de velhice aos oitenta anos de idade ao invés de morrer aos vinte e cinco pela maldição imposta nós portadores da marca.

Passei horas lendo e conhecendo as lendas descritas no Livro, o tempo passou sem que eu percebesse e ao olhar pela janela me assustei vendo que já começava a escurecer.

O meu medo se intensificou quando comecei a ouvir passos, provavelmente alguém passando pelos corredores verificando se todos já estavam nos quartos.

Fecho o livro em um movimento brusco e o coloco em uma prateleira qualquer enquanto procuro um lugar que possa me esconder.

Controlando a respiração para me acalmar, tive que me conter para não sair correndo. Os passos estavam chegando cada vez mais perto me deixando apreensiva a cada segundo que passava.

Uma criatura humanoide entrou no cômodo olhando os arredores procurando por alguém. Sua pele era de uma coloração esverdeada, ele tinha os olhos esbugalhados e trejava roupas sujas e rasgadas.

Ele já tinha passado por todo o cômodo e agora se aproximava do lugar em que eu estava encolhida tentando me esconder.

Fecho os olhos esperando minha morte, quando sem aviso um barulho distante se fez presente. Ele desvia seu curso assim como sua atenção, e com essa pequena distração, vi uma oportunidade de fuga.

Sem perder a chance que me foi dada, fui a passos largos e silenciosos em direção à saída. De um dos quartos se fez presente um grito infantil seguido de um silêncio perturbador.

Assustada corri para o quarto, evitando o máximo que conseguia fazer barulho. A porta não estava distante mas naquele momento parecia que eu estava correndo enquanto ficava estancada no mesmo lugar.

Dou um último passo e entro no quarto trancado a porta logo em seguida, não sei se isso seria capaz de conter uma dessas criaturas, mas pelo menos assim tenho uma falsa sensação de segurança.

Deslizo pela porta, minhas mãos estão tremendo e se eu me olhasse no espelho agora me assustaria com a pálidez do meu rosto.

Agora tenho em mente que aquele livro não era apenas mais um conto de fadas qualquer, aquilo era a realidade do mundo fora dessas paredes. E agora começo a perceber que dentro delas também.

 E agora começo a perceber que dentro delas também

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