Capítulo 39

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Caio Coimbra 


— Falei que não ia demorar — saio do banho achando que ainda iria encontrar a outra me esperando mas o cômodo tá limpo. 

Coço a cabeça sabendo que não ia encontrar a teimosa em lugar nenhum por ali, mas mesmo assim insisto em vestir uma roupa rapidamente e seguir pro andar de baixo. 

Passo na sala e vou seguindo até a cozinha mas percebo que a bolsa dela que antes estava no sofá desde a noite passada tinha sumido, o que me dá uma noção de que ela já tinha saído.

Vou pra fora e cumprimento algum dos meus soldados que já estavam na ativa.

— Fabinho — chamo um deles, ele vem — Viu pra onde a garota foi? 

— Passou igual um furacão aqui chefe — ele fala — Desceu a rua, chegou na esquina e encontrou o mano e vazou com ele. 

— Mano? Que mano? — pergunto interessado. 

— O Pedrinho, chefe. 

— Ah, valeu — faço um toque com ele e volto pra dentro. 

Volto pra dentro puto, eu mandei me esperar mas ela preferiu subir na moto do primeiro que apareceu.

Qual foi o que vão pensar de mim quando uma mina sai da minha casa e sobe na moto de um funcionário meu, filha da puta vai me fazer ficar com maior fama.

— Pra tu aprender que mulher é só pra foder, seu otário — falo alto sozinho na sala. 

Subo no quarto e pego meu celular, minha arma, a carteira e desço de novo, ia fazer o que eu tinha que fazer e me importar com o que eu tinha que me importar, os meus negócios, o meu tráfico e a minha favela. 

Já na moto espero o portão da garagem abrir, desço as ruas indo pra boca da rua quatorze, ficava perto da casa da Steffany, algumas ruas abaixo só. 

As ruas estavam bem movimentadas por ser um domingo, tomo cuidado com as crianças mas ando numa velocidade boa, só paro quando alguém entra de uma vez na frente e com sorte consigo freiar e não atingir a garota que cai no chão mais pelo susto do que pela batida. 

— Tá maluca? Olha a rua antes de atravessar porra— desço da moto sentindo a raiva caminhar pelas minhas veias.

Quando olho pra frente encontro ela caída no chão.

— Machucou? — vou até lá com a intenção de ajudar ela a se levantar. 

— Não — a voz chorosa me chama atenção. 

— Alicia, tu se machucou? — pergunto vendo ela ainda atordoada, ela nega — Então oque foi? — procuro algum ferimento e realmente não encontro nada — Por que tu tá chorando? O que ta rolando?

— Caio, o meu pai — tenta falar mas começa a chorar — O meu pai, ele. 

— O que tem teu pai mano? — seguro seu rosto tentando acalmar-lá — Vem cá — tiro ela do meio da rua — Respira fundo, se acalma e me conta o que tá acontecendo — tento mais uma vez.

— O meu pai —  tenta falar — Eu não sei. Aconteceu alguma coisa com ele, eu não sei. A minha mãe me ligou e disse que eles estão no hospital, eu preciso ir pra lá — tenta sair. 

— Calma porra, tu não vai sair daqui assim — seguro o seu corpo pequeno.

— Deco, eu preciso saber o que ta acontecendo com ele. 

— E tu vai, mas tu não vai sair sozinha daqui — pego na mão dela e puxo na direção da minha moto — Vem, vou te levar. 

Ela não reclama e nem hesita, percebi que nem pra fazer isso ela estava bem.

Válvula de escape - [M].Where stories live. Discover now