Véspera de Natal

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Christian se foi e Maite não conseguia superar sua falta. Naquela tarde, Any recebeu um telefonema da mãe de Maite. Saiu correndo para a casa da amiga. Encontrou-a deitada na cama, vomitando. Ingeriu meia garrafa de uísque e um vidro inteiro de veneno de rato. Um suicídio de pobres, como Any comenta logo após ela voltar à consciência. Maite deu uma gargalhada, para logo em seguida cair em prantos abraçada a Anahí.



A mãe deixou-as sozinhas, sem saber o que fazer. Any acaricia os cabelos pretos da garota.



- Pare com isso Maite. Todos nós passamos por maus momentos, não há quem pelo menos uma vez na vida pense em acabar com tudo, fugir dessa porcaria que nos cerca. Mais será que vale apena esquecer os sorvetes do Giovanni, a pizza do Chillis?



Maite sorri, enxuga as lágrimas com o pulso, fungando. Caem na gargalhada. Maite ainda soluça um pouco, Any passa para ela um lenço de papel para limpar o nariz.



- Vai ficar tudo bem, você vai vê. - Falou tentando também se conscientizar de que tudo ia ficar bem no final.



Mais a partir daquele dia, alguma coisa foi mudando. As ligações tornaram-se cada vez mais raras e, mesmo nas poucas vezes em que se encontraram não tinham muitas coisas para contar. Talvez porque mostrar-se fraco de mais a um amigo cria-nos mais tarde, algumas dificuldades. Talvez porque costumamos achar nossa dor única, inimaginável, como, aliás, qualquer outra coisa que nos diz respeito.



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Véspera de natal.



Poncho caminha pelo centro de Acapulco. As lojas decoradas com pisca-pisca e papais Noel de mentiras, guardas de trânsito apitam controlando o trânsito, pessoas caminham por ele apressadas, carregadas de embrulhos. Ele levanta o rosto e vê aqueles cabelos loiros que tanto acariciou enquanto a tinha em seus braços, não se contém, a puxa pelo braço. A garota se vira. É forçado a acamar seu coração, desiludido. Não era sua Any. A menina vai embora, apressada.



Ele continua caminhando. Cheio de lembranças. Lembranças da época em que caminhava por aquela mesma rua de mãos dadas, entre risos, cada um segurando um sorvete na mão. Rindo das pessoas que passavam, beijando-se em cada esquina, se lambuzando com os sorvetes que derretia entre os dedos.



Alguém esbarra nele. E ele nem repara que é uma menina linda. Continua andando. De repente, compreende, não adianta, acabou. Decide voltar para a moto e ir para a casa de Erick. Seus amigos estão todos lá, festejando o natal.



Quando a porta se abre, experimenta uma estranha sensação.

SEM LIMITESWhere stories live. Discover now