CAPÍTULO 07

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     Três dias depois, recebo uma mensagem de Matteo pedindo para eu ir até o seu apartamento para resolvermos logo de uma vez por toda como vamos nos livrar desse chantagista maldito. Eu estou até mais calmo se comparado com o primeiro dia, mas é como se a sombra desse vídeo estivesse nos perseguindo, mesmo que à distância. Também não recebemos mais nenhuma mensagem, mas sabemos que é uma questão de tempo até isso acontecer.

     Mesmo à contragosto, resolvo ir até a casa de Matteo, embora seja 6:00 da tarde de um sábado frio, e que eu provavelmente deveria estar em alguma balada, ou fazendo umas coisinhas à mais por aí. Colton foi a última vez que eu fiquei com alguém, e mesmo que tenha sido à apenas três dias atrás, a surra de piroca que o grandalhão me deu durante uma noite inteirinha foi mais do que o suficiente para me deixar bastante satisfeito sexualmente até agora.

     Matteo vive num bairro um pouco distante da universidade, porque ele nasceu aqui, e não veio de fora para estudar, como grande parte dos aniversários da Yale. Eu tive que pegar um táxi, já que depois que ele passou o endereço, eu não fazia ideia de onde ficava.

      Ele mora numa casa germinada de dois andares, com um pequeno gramado repleto de flores na frente. Uma calçada de pedras arredondadas leva até a pequena série de degraus do hall da porta de madeira, pintada com um verniz branco.

      Eu vou até lá e toco a campainha que fica na parede ao lado da maçaneta. não consigo ouvir nenhum som vindo lá de dentro, então ou isolamento acústico é excepcional, ou a campainha não está funcionando. Ergo a mão e dou batidinhas na porta só para garantir, e Matteo só surge na porta pouco tempo depois.

      — Oi. — Digo, enquanto ele abre a porta.

      — Oi. — responde. Matteo está vestindo uma calça de moletom e está sem camisa, mostrando o seu corpo esguio. Os seus braços são repletos de veias saltadas por todos os lados, e isso com certeza é algo que eu não havia percebido antes.

      Ergo o olhar até o seu rosto e percebo que ele está usando óculos de grau com lentes redondas num estilo meio Harry Potter. Isso me faz revirar os olhos de forma inevitável, porque é óbvio que o nerdola alí teria que usar óculos também. Os cachos pretos estão absurdamente assanhados, e os olhos verde escuros estão meio cansados.

     — Vamos, pode entrar. — Ele murmura, inclinando a cabeça levemente para o lado. Eu solto um pequeno suspiro e entro na sua casa, enfiando as mãos dentro dos bolsos do meu jeans, enquanto ele fecha a porta e indica para que eu o siga.

      O sua sala é relativamente organizada, mas a mesinha que fica entre os dois sofás está cheia de latinhas de refrigerante e energético vazias (embora eu não possa julgar. Porque sou bem mais bagunceiro que isso). Além das latinhas, um notebook ligado está sobre a mesinha, e Matteo senta no sofá e o puxa para o colo.

      Vou até o sofá e sento ao seu lado, sentindo o calor irradiar da sua pele devido à proximidade. Até sentado ele é bem mais alto do que eu.

     — É o seguinte, Sean. A gente tem que dá um jeito nisso o mais rápido possível.

     — Pensei que já tínhamos combinado isso. — Murmuro, cruzando os braços e observando-o revirar os olhos, fazendo os cílios longos e negros tremerem levemente. O meu tom talvez tenha sido um pouco grosso, mas falar sobre esse maldito vídeo desperta o pior de mim.

      — Enfim. Eu tentei hackear e rastrear aquele número do qual recebemos as mensagens, mas pelo visto o desgraçado não é tão burro quanto pensei que seria e provavelmente comprou um novo Chip apenas para isso, já que não encontrei nenhum correspondente em nenhum grupo ou site da universidade com o mesmo número...

      — Espera. Você é um hacker?! — Interrompo a sua detalhada explicação, arregalando os olhos e o observando simplesmente dar de ombros. Ele tem cara de nerdola, de quem gosta de Harry Potter, de quem vive lendo no quarto... Mas hacker?! Puta merda!!

     — Sim. Faço engenharia de software, mas também sei umas coisinhas à mais.

     — M-mas você não conseguiu de jeito nenhum rastrear o número? — Uma súbita esperança toma conta de mim, mas ele nega levemente com a cabeça.

      — Como tava dizendo, a pessoa não usou o mesmo número que usa no dia à dia. Se fosse o caso, em cinco minutos eu conseguiria encontrar o desgraçado. — Ele explica, digitando no computador com uma velocidade sobrehumana.

      — Merda. — Chego mais para perto, grudando nossos corpos lado a lado para ver o que ele está fazendo no computador. Não me importo dele estar sem camisa, porque afinal, já vi e toquei garotos em estágios de nudez bem mais avançados (e até ele mesmo, embora esteja tentando esquecer essa parte).

     — Teremos que fazer isso do jeito antigo. Vamos investigar as pessoas mais suspeitas e chegar à uma conclusão. Conseguiremos alguma coisa para chantagear ou ameaçar a pessoa de volta, aí ela não poderá fazer nada contra a gente. — Matteo murmura o seu plano com um sorriso vitorioso no rosto, mostrando aquele pequeno espaço entre os dentes da frente. Pelo visto ele passou os últimos dias tentando achar um jeito para nos livrarmos disso.

     — Não seria bem mais fácil só ir na polícia? Bancar o Sherlock Holmes parece ter tantas variáveis... — dou de ombros, encarando a tela do computador, que está repleta de códigos e letras estranhas que eu não faço ideia do que sejam.

     — Eu pensei nisso, Sean. Mas a polícia provavelmente não vai nos ajudar em nada. Eles vão focar em coisas mais sérias do que isso e deixar a gente de lado. E se esse desgraçado que está chantageando a gente descobrir que nós o denunciamos, vai ser o nosso fim!

     — Verdade. — Confirmo levemente com a cabeça, quase enfiando o meu queixo na sua axila, não que nenhum de nós pareça se importar com o contato físico aqui.

      Ficar perto de Matteo por muito tempo faz eu me sentir um burro, porque o cara parece ter um cérebro imenso, e já pensou em absolutamente tudo.

     — Tem outra coisa. Pra essa pessoa ter conseguido esse vídeo, o meu celular provavelmente foi hackeado também, então a pessoa deve ter conhecimentos sobre isso. — Matteo pega dois celulares que estão ao seu lado no sofá e me mostra os aparelhos. - Eu fiquei receoso em continuar usando o mesmo celular, então voltei a usar um bem antigo que tinha antes. Posso tentar descobrir se a pessoa deixou rastros no celular e segui-los para ver se encontro alguma coisa, mas não posso afirmar se conseguirei fazer isso ou se vou conseguir encontrar alguma coisa. Além disso, vai demorar pra caramba.

     — Certo. Então tentaremos de todas as formas possíveis. em que você precisa da minha ajuda? — pergunto, totalmente focado em acabar logo com isso.

     — Você usará todo o seu charme para investigar e conseguir informações para mim. Depois que eu tiver acesso ao conteúdo do celular de cada suspeito, conseguirei saber se foi ou não aquela pessoa.

      — Hackear dessa forma não é ilegal? — ergo uma das sobrancelhas, sentindo uma dose de adrenalina e excitação tomar conta de mim.

      — É sim, mas ninguém precisa ficar sabendo. — Matteo murmura, dando-me um sorrisinho malicioso.

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MEU NERD SECRETO (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora