Capítulo 29

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★Isabela★

Entre memórias e decisões

Hoje tenho um compromisso que me enche de orgulho e emoção. Preparo-me com esmero para ele. Os cabelos cuidadosamente escovados, uma maquiagem que realça minha beleza e um terninho elegante que me faz sentir confiante. Observo minhas unhas, impecáveis, e sorrio satisfeita. Estou pronta para apresentar ao mundo minha obra.

Escrevi um livro sobre minha amnésia, onde compartilho minhas experiências e aprendizados, é mais do que uma simples narrativa; é uma parte de mim, uma jornada de autodescoberta e superação.

Ao chegar à bienal, sou recebida por uma fila interminável de fãs ávidos por autógrafos e fotos comigo. É uma sensação indescritível, um misto de humildade e gratidão diante do carinho que recebo.

Até o doutor Antônio, cujo apoio foi fundamental durante meu processo de recuperação e escrita, está presente e adquire um exemplar do meu livro. Sinto-me emocionada ao vê-lo ali, testemunhando meu momento de realização.

O sucesso do evento supera todas as minhas expectativas. Cada abraço, cada palavra de incentivo, é um lembrete do impacto positivo que minha história está tendo nas vidas das pessoas. Estou radiante, transbordando de alegria e gratidão.

Mais tarde, quando a agitação da bienal dá lugar à tranquilidade, Renata surge. Ela adquire um exemplar do livro e compartilha comigo sua admiração pelo meu trabalho.

Como compartilhamos o mesmo plantão, saimos dali direto para o hospital, aproveito e conto para minha amiga sobre ontem quando estive com Gérson na sala espera.

Conto que notei uma mudança nele, algo sutil, mas que me deixou inquieta. Ele me pareceu mais distante, talvez preocupado com o pai, mas espero que não haja algo mais complicado entre nós.

Decidi tentar conversar com ele hoje, mas não tenho certeza por onde começar. Com o pai doente e depois de eu ter saído da fazenda, não sei ao certo como abordar o assunto.

Refletindo melhor, percebo que um hospital não será o lugar mais adequado para uma conversa séria. Então, tenho uma ideia: convidá-lo para um papo na praça próxima, logo a frente do hospital.

Porém, a minha mente não para quieta. Os pensamentos giram sem parar. O que eu direi a ele? Como expressar o quanto sinto sua falta e o quanto desejo me reaproximar? E se ele ainda estiver envolvido com a tal musa de vermelho? Preciso descobrir.

Certamente, conseguirei encontra-lo no mesmo horario de ontem, então aproveitarei para fazer o convite.

Visto meu jaleco e, antes mesmo de registrar minha entrada, dirijo-me ao quarto dele. Bato duas vezes na porta e entro, esperando encontrar Gérson, mas para minha surpresa, ele não está.

- Bom dia, doutora. - Francisco me cumprimenta.

- Bom dia. Vim ver como está seu pai.

- Ele tá muito bem, obrigado por se preocupar. A cirurgia dele tá marcada para amanhã.

- Ah, que ótimo!

Olho para o senhor e o vejo dormindo, enquanto as máquinas o fazem respirar.

- Ele vai ficar novinho em folha depois dessa cirurgia. - comento, cheia de otimismo.

- Sim, Deus te ouça!

- Bom, com licença...

Dou um sorriso, uma meia volta, e volto em seguida.

- Ah, Francisco... - digo, parecendo me esquecer de algo.

- Diga!

- Quando o Gérson vai chegar?

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