ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟝: Por Astíanax.

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"Nós dois nunca fomos apenas amigos. Desde o primeiro momento em que o vi, eu o amei."

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 Após ouvir quase duas horas completas de sermões dos meus pais sobre ser prudente e fazer uso da boa educação que recebi, fui para minhas aulas diárias, mas não prestei atenção nelas. Só pensava na moça de cachinhos que mal vira desde que esta chegou.

 Um ano não é muita coisa se você preencher bem o tempo com atividades prazerosas ou até mesmo com ocupações, trabalho e deveres. E até que funcionou, mas essa tarde pareceu passar miseravelmente lenta, como nenhuma antes. Me torturando até a hora desse baile.

 Não vou mentir que me atentei mais às minhas vestimentas, tomando cuidado com cada detalhe. Sabia que ela ficaria incrível e gostaria, ao menos, de chegar quase a sua altura.

 Cheguei cedo para receber os convidados apropriadamente, como me ensinaram a fazer. Sorri e acenei para todos, troquei algumas reverências com outros nobres que sempre vejo de passagem, mas nunca falo.

 Porém, a hora se mostrou mesmo enraivecida comigo hoje, parecia até que a moça nunca iria chegar e eu fiquei me torturando silenciosamente ao lembrar de seu rosto, imaginar como ficaria no vestido que Briseis escolhera e como seria quando sorrisse para mim.

 Tentei ao máximo conter meu desapontamento quando Lisandro veio chamar Pátroclo para ir buscá-la e entrar com ela. Por que não eu? Por que não seu melhor amigo? Talvez seja mesmo mais prudente ela entrar com o primo do que com um "amigo", isso pode despertar comentários, e jamais quero que essas maldades a atinjam.

 As portas do grande salão são escancaradas delicadamente fazendo todos olharem nessa direção, e a música silencia por um segundo, apenas para um dos guardas anunciarem:

 - Senhoras e senhores, a princesa Safira.

 Antes de tudo, noto seu sorriso de dentes brilhantes e lábios levemente rosados, depois seus olhos castanhos reluzentes e profundos, seus cachos delicados e organizados e então, suas curvas num belo vestido.

 Sinto uma mão forte apertar meu ombro, e já sei que é meu pai. Isso se confirma ao sua voz autoritária sussurrar baixo ao meu ouvido:

 - Encare-a nos olhos, meu filho. Esqueceu do que te falei esta manhã?

 Levanto rapidamente a cabeça, na altura altiva de príncipe, como aprendera. Meu pai deixa três tapinhas de aprovação em meu ombro e caminha até a moça.

 Como poderia eu me esquecer? Minha mãe me ensinou a sempre olhar uma mulher nos olhos, mas só quando a mesma olhasse para mim, por puro respeito. Meu pai reforçou isso comigo hoje pela manhã, e ainda acrescentou o detalhe de que me conhecia muito bem e que, se preciso, me puniria por algo. Ah, e ainda falaram sobre seus primos, o que deveria me causar medo ou receio.

 Mas eu jamais trataria Safira como as outras, ela é diferente, é ela, e isso muda tudo.

 A música começa novamente, dessa vez mais animada e posso ver a multidão de gente indo cumprimentar a moça, que aperta mãos diplomaticamente e recebe algumas reverências, tais quais recusa educadamente, ela nunca gostou de recebê-las.

 Permaneço quieto, imóvel, esperando todas aquelas pessoas se afastarem e a deixarem livre por pelo menos alguns minutos, para então eu poder me aproximar, dizer o quanto está linda e quanto senti saudades, e a tirar para dançar. Exatamente como da última vez.

𝔼𝕞 𝕄𝕖𝕦 𝕄𝕦𝕟𝕕𝕠 - ℙ𝕥 𝟚: ℙ𝕠𝕣 𝕋𝕠𝕕𝕠𝕤 ℕó𝕤.Where stories live. Discover now