O dia estava lindo, o azul intenso do céu brilhava sem nenhuma nuvem para atrapalhar. O mar estava agitado e o navio de Pedro zarpava devagar.
O horário era tarde, mas isso, no momento, não importava. Nem para Pedro e nem para João, que estavam se arrumando para saírem da cabine.
— Sabe — Pedro começa a falar enquanto se vestia —, a gente podia se assumir para o público — ele termina de se vestir. — Contar para os seus pais, para os meus, para a imprensa, para o mundo todo — se vira para olhar o amante que ainda estava somente de roupas íntimas.
— Pedro, você está se ouvindo? — João pergunta o olhando e soltando um sorriso — Não podemos, você sabe — fala indo em direção ao armário.
— Por que não? — Pedro se levanta da cama, se direcionando para o lado do amante — João, estamos em 1690, tudo o que importa é status e dinheiro, e é exatamente o que temos. A sua família é burguesa e eu, por coincidência, sou rico — se aproxima do amante e o abraça por trás —, não tem nada que nos impeça, vida.
— Na verdade, tem, sim, Pedro — fala se virando e ficando cara a cara com o outro. — Não estou falando de títulos e riquezas, é que nós dois somos homens — se afasta para vestir a camisa.
— Quem é o idiota que vai falar para A GENTE — aponta para si mesmo e para o outro — que é pecado, amor? — tenta se aproximar — João, nossos nomes são fortes por sermos de famílias importantes!
— Por isso mesmo, Pedro! — se vira para o amado o olhando com indignação enquanto vestia a calça — Vai virar manchete e todo mundo vai comentar!
— E te importa tanto assim o que pensam sobre você? — Pedro pergunta sorrindo vendo o companheiro revirar os olhos — Na próxima parada iremos desembarcar, assumiremos nosso relacionamento e depois podemos morar onde você quiser — se aproxima novamente do amado e começa a distribuir beijos pelo pescoço dele.
— Ah não, Pedro! — João responde, fazendo manha — Vamos continuar em alto mar, por favor! — ele pede sorrindo, logo sai correndo para as janelas da cabine — Eu não quero desembarcar! — se vira para o amante — Eu amo o oceano, a sensação de liberdade, conforto e o pouco de medo que ele traz — ele fala tudo sorrindo, com um brilho no olhar. — Por favor, só mais um mês disso — pede ao amante, fazendo drama.
Pedro acaba soltando um sorriso bobo, amava tanto o amante que, com toda a certeza do mundo, faria de tudo por ele.
— Tudo bem — cede sorrindo —, se isso te faz sentir feliz, podemos ficar um mês, um ano; dois; três — se aproxima do outro o abraçando pela cintura —, quanto tempo você quiser!
João acaba sorrindo após a declaração do outro.
— Sério? — pergunta o olhando com um olhar inocente, o olhar que Pedro amava.
— Sim — responde sorrindo.
Logo, ambos já estavam vestidos e se preparando para saírem.
— Ei, espera! — Pedro chama a atenção do outro — Use o colar que eu te dei hoje, por favor.
— Você não acha demais para usar em alto mar? — João pergunta o olhando.
— Por favor! Você nunca usa — Pedro falava sorrindo e abraçando o outro.
— Tá bom — João se solta do abraço e caminha em direção à caixa de joias.
Lá ele pega o colar que Pedro havia lhe dado em seu aniversário de 17 anos, um ano atrás. Era um clássico turmalina Paraíba coração com diamantes em Ouro Branco 18k.
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My Dear Pirate | Pejão
FanfictionO ano era 1690 e a pirataria estava em alta. João Vitor estava em alto mar com, até então, o seu "amante" Pedro Tófani. O dia ia bem, até uma certa invasão pirata.