Capítulo 3: Baile

17 2 0
                                    

João narrando-

Permaneci assentado no chão junto a Malu por algum tempo e devo dizer que foi agradável.

Percebi que minha vida, em comparação com a de Malu, foi verdadeiramente um berço de ouro, e senti-me culpado por isso. É estranho considerar que há pessoas em situações de vida piores que a nossa.

⁃ O que você e Pedro estavam fazendo em alto mar? - perguntou Malu, fitando-me.

⁃ Era como uma "celebração" antecipada do meu décimo oitavo aniversário - respondi, olhando-a, e vi-a concordar. - Ele sugeriu que seria interessante passarmos um tempo fora, retornarmos no dia do meu aniversário e tornarmos nosso compromisso público.

⁃ Oh, que adorável! - exclamou ela, olhando-me e sorrindo, porém eu não consegui sorrir. - Ei, o que houve? Você parece triste - disse, passando a mão em meu ombro. - Veja, eu entendo que você sinta falta dele, mas - interrompi-a.

⁃ Não! Não só isso, mas não é isso que estou pensando - respondi.

⁃ Então, no que está pensando? Você ficou tão... Qual é a palavra adequada? Perdido? É isso, você ficou tão perdido depois de mencionar que ele queria oficializar o relacionamento - disse, olhando-me.

⁃ É que - parei e pensei um pouco. - Eu o amo, não me entenda mal, por favor! - vi-a acenar. - Mas eu nunca quis oficializar um relacionamento! A sociedade iria criticar severamente, e eu entendo por que ele queria oficializar tão rapidamente, especialmente neste ano em que fazemos nossa "estreia" e - fui interrompido por Malu.

⁃ Calma! Você está falando muito rápido! - disse ela. - Respire, tudo bem? - assenti e respirei fundo. - Vamos por partes, você não queria oficializar o relacionamento com ele, certo? - perguntou, e eu assenti. - Por quê?

⁃ Porque sempre nos demos tão bem do jeito que estava. Eu não queria a interferência da alta sociedade e da mídia; para mim, o que tínhamos bastava! - respondi, olhando-a. - Todos falariam de nós e teriam opiniões sobre nós!

⁃ E importa tanto assim o que falam e pensam de você? - perguntou, olhando-me.

⁃ Não, mas você soou igual ao Pedro - respondi rindo. - É que este ano também foi o décimo oitavo aniversário de minha irmã, e é nessa idade que ela deve estrear na sociedade.

⁃ O que quer dizer com "estrear"? - perguntou-me, demonstrando total desconhecimento, sabendo que apenas a classe alta realizava esses eventos.

⁃ É como se as moças "saíssem do armário" para serem apresentadas à corte real em um baile, onde são apresentadas ao soberano, que atualmente seria a Rainha - respondi, olhando-a.

⁃ Entendi, e esses bailes são sempre para...? - indagou.

⁃ Para "lançar" as jovens no mercado matrimonial, realizando assim grandes negociações entre as famílias. Isso garante a elas um bom casamento - respondi, virando-me para ela e me deparando com uma expressão aterrorizada.

⁃ Cruz credo, isso significa que em sua classe, quando as jovens atingem certa idade, precisam passar por isso? - perguntou, olhando-me. - É como se fosse um leilão de mulheres ou algo assim, onde o mais rico leva a "melhor" - comecei a rir de sua fala, apenas concordando com a cabeça. - Eu não serviria para ser da alta sociedade.

⁃ Pois é - voltei a falar -, este seria o ano de estreia de minha irmã gêmea.

⁃ Sinto muito por ela - respondeu, fazendo-me rir.

⁃ Então - respondi, olhando-a e rindo -, se minha irmã se casar no ano de sua estreia, significa boa reputação para minhas outras irmãs mais novas e bons casamentos para elas também.

My Dear Pirate | Pejãoحيث تعيش القصص. اكتشف الآن