Capítulo 06

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Quando a consciência voltou, a primeira coisa que Harry registrou foi que não estava se sentindo dolorido. Ele reconheceu os efeitos nebulosos de uma poção para alívio de dor, combinada com um relaxante muscular, juntamente com os efeitos posteriores de uma poção de sono sem sonhos e um reabastecedor de sangue. Aquela combinação particular e a qualidade das poções só podiam significar uma coisa...Severus estivera aqui, o que significava que ele não estava nas mãos do inimigo.

A segunda pista de Harry para isso era o fato de que ele estava deitado em algo macio, uma cama. Em sua experiência, os sequestradores não ofereciam tais luxos. Ele tinha certeza de que estava nu em cima dos lençóis, se o leve roçar do ar contra sua pele fosse uma indicação.

- O que é isso?- Harry ouviu uma voz suave perguntando...Regulus...pouco antes de sentir a sensação refrescante de um creme anestésico sendo aplicado em suas costas, no lado esquerdo de sua nádega e descendo por sua coxa. A maldição realmente o cortou tão profundamente? O poder por trás disso deve ter sido imenso. Provavelmente o teria matado se o escudo de Regulus não tivesse subido a tempo. Tom precisava saber que eles tinham alguém tão poderoso trabalhando contra eles.

Tom...Harry sentiu uma dor no peito. Ele não queria pensar em Tom agora, mas o fato de que ele estava aqui com Regulus acordado e conversando ao lado dele, tinha que significar alguma coisa.

- A poção para dor está passando. Não é seguro dar a ele muitas doses seguidas, isso vai ajudar com a dor até que ele termine de se curar.- uma voz feminina vagamente familiar respondeu.- Também ajudará a reduzir as cicatrizes.

A respiração de Regulus falhou como se ele estivesse lutando contra as lágrimas.

- Ele já tem tantas.- ele falou, e Harry sentiu dedos leves como plumas roçando seu ombro onde ele sabia que uma velha queimadura estava totalmente vermelha contra sua pele bronzeada.- E devem ser dolorosas. Você pode fazer alguma coisa sobre elas?

- Eu posso perguntar a Severus. Existem cremes que podem ajudar, mas receio que algumas dessas cicatrizes sejam muito antigas, possivelmente foram adquiridas na infância...tenho certeza de que ele está adaptado às dores e limitações que podem causar. Elas certamente não impediram sua imprudência ao longo dos anos.- a curandeira explicou com clara desaprovação pelo estilo de vida de Harry. Aquele tom de voz a fez soar ainda mais familiar.

Outra respiração ofegante, e Harry sentiu seus dedos se contorcendo para estender a mão e segurar a de Regulus, para assegura-lo de que ele estava bem.

O farfalhar de um vestido e uma mecha de cabelo loiro confirmaram para Harry que era Narcissa Malfoy esfregando o creme em suas feridas. Ela era uma curandeira renomada, mas só lidava com alguns clientes particulares. Ele não deveria ter ficado surpreso por ela estar de plantão para o Lorde das Trevas. Os Malfoys eram uma família obscura. Lucius era um dos poucos amigos de Tom. Draco era o assistente de Tom. Sem mencionar que Narcissa era prima de Regulus e Sirius.

- Esta maldição cura lentamente. Ele precisará permanecer deitado de bruços e não poderá se mover até amanhã. Este creme precisará ser aplicado a cada poucas horas. Você tem alguém que possa ficar com ele?

- Eu vou.- Regulus ofereceu sem hesitar.

Harry sentiu seu coração doer com a facilidade com que Regulus concordou em ficar com ele. A única pessoa que ficou com ele depois de algo assim foi Sirius, e isso apenas se alguém que não fosse Harry informasse Sirius sobre a situação em primeiro lugar. Harry geralmente lidava com a cura sozinho, perto de uma fogueira, com uma garrafa de uísque de fogo para a dor.

Marcas Inegáveis Where stories live. Discover now