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- Eu não deveria contar isso - resmungou Jimin, andando de um lado para outro na sala mais tarde naquela noite. - Em seu estado você não deveria se preocupar. Mas vou explodir se guardar isso para mim, o que provavelmente a preocuparia infinitamente mais.

Sua irmã mais velha ergueu a cabeça, que estava apoiada no ombro de lorde Westcliff.

- Conte-me - disse Lillian, tentando conter outra onda de náusea. - Só me preocupo quando as pessoas escondem coisas de mim.

Ela estava reclinada no longo sofá, enquanto Westcliff lhe dava uma colherada de sorvete de limão na boca. Lillian fechou os olhos ao engolir, seus cílios escuros contrastando com as bochechas pálidas.

- Melhor? - perguntou Westcliff gentilmente, enxugando uma gota no canto dos lábios da esposa. Lillian assentiu com a cabeça, seu rosto assustadoramente pálido.

- Sim, acho que isso está ajudando. Argh. É melhor rezar para ser um menino, Westcliff, porque esta é sua única chance de ter um herdeiro. Nunca mais vou passar por isso...

- Abra a boca - disse ele, e lhe deu mais sorvete.

Normalmente Jimin teria ficado comovida com o vislumbre da vida íntima dos Westcliffs. Era raro alguém ver Lillian tão vulnerável ou Marcus tão gentil e preocupado. Mas Jimin estava tão distraída com os próprios problemas que mal notou a interação deles enquanto falava impulsivamente:

- Papai me deu um ultimato. Esta noite ele...

- Espere - disse Westcliff em voz baixa, ajustando a posição da esposa.

Ao acomodá-la de lado, Lillian se apoiou mais pesadamente nele e pousou uma de suas mãos brancas e esguias sobre a barriga. Ele murmurou algo indecifrável junto aos cabelos cor de ébano desgrenhados de Lillian e ela assentiu com a cabeça dando um suspiro.

Qualquer um que testemunhasse a ternura de Westcliff com sua jovem esposa não poderia deixar de notar as mudanças no conde, que sempre fora conhecido por ser um homem frio. Ele havia se tornado muito mais acessível, sorria mais, e seus padrões de comportamento tinham se tornado bem menos rígidos. O que era bom para um homem que tinha Liliian como esposa e Jimin como cunhada.

Westcliff franziu o cenho e se concentrou em Jimin. Embora o conde não dissesse nenhuma palavra, Jimin viu nos olhos dele o desejo de proteger Lillian de tudo o que pudesse lhe tirar a paz.

Subitamente Jimin sentiu vergonha de ter procurado a irmã para contar as injustiças cometidas por seu pai. Em vez de guardar seus problemas para si, correra para a irmã mais velha como uma criança tagarela. Mas então os olhos castanhos de Lillian se abriram, afetuosos e sorridentes, e milhares de lembranças da infância pairaram no ar, como alegres vaga-lumes. A intimidade das irmãs era algo que nem o mais protetor dos maridos poderia evitar.

- Conte-me - disse Lillian, aconchegando-se ao ombro de Westcliff. - O que o ogro disse?

- Ele me casará se eu não encontrar um marido até o fim de maio. E adivinhe com quem?

- Não posso imaginar - respondeu Lillian. - Ele não aprova ninguém.

- Ah, sim, aprova! - retrucou Jimin. - Há um que ele aprova.

Até Westcliff estava começando a parecer interessado.

- É alguém que eu conheça?

- Logo conhecerá - respondeu Jimin. - Papai mandou chamá-lo. Ele chegará à propriedade de Hampshire na semana que vem para caçar cervos.

Westcliff tentou se lembrar dos nomes que Park Dak-Ho lhe pedira para incluir na lista de convidados para a caçada da primavera.

- O americano? - perguntou. - Sr. Jeon?

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