Capítulo 15- Segredos Revelados.

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– Seus amigos são tolos, Samantha.– A voz de Vecna ecoou. – Tolos por acharem que você é a salvação e você mais ainda por pensar que pode me deter quando na realidade faz parte do meu plano principal. Estive muito ocupado nos últimos anos, mas com toda certeza descobrir que você e seu irmão estavam na cidade, foi a coisa mais intrigante e interessante que aconteceu.– Ele parecia irritado com algo, mas Sam não conseguia dizer uma palavra sequer, era como se nada fosse suficiente para expressar o seu medo em estar naquele lugar tenebroso. – Acho que devo algumas explicações a você, já que está aqui...

De repente, a mesma porta de madeira antes vista por ela, agora estava a sua frente novamente, a porta se abriu sozinha e ela teve a impressão de que estavam assistindo um filme, a diferença era que tudo acontecia na sua frente, tão palpável quanto as roupas que ela vestia e o machucado que ardia levemente.

Uma garotinha entrou pela porta da frente, que havia um desenho de uma rosa no vidro. A princípio, Sam não a reconheceu perfeitamente, mas o sorriso amigável e genuinamente contente, a maneira como ela realmente parecia satisfeita em estar ali, a fez lembrar de sua mãe, Alicia.

– Parece até mesmo um conto de fadas, você não acha Henry ?– A garota perguntou para um rapaz da mesma idade que parecia pouco confortável ali, ele forcou um sorriso em resposta, enquanto a garota correu para o segundo andar.

– Alice, por favor, não corra!– A mãe gritou. E ao ouvir aquele nome, Sam sentiu seu corpo enrijecer-se completamente.

"Não", ela pensou. "Isso só pode ser um pesadelo", a garota não queria acreditar "Isso é engano". Sua mãe jamais esconderia algo dela, assim pensava Sam.

– Assim como você, eu nunca me enturmei com outras crianças, nem mesmo com minha irmã gêmea – Vecna começou a dizer – Eu sempre soube que havia algo de errado entre nós dois, ainda que tivéssemos algumas pequenas características semelhantes, fazíamos coisas que nenhuma outra criança poderia fazer, a diferença era que Alicia via o mundo como um lugar a ser preenchido com cores, sabores doces e felicidade. Não eu, nunca pude sentir real empatia da mesma maneira que minha irmã, eu sabia que era diferente, mas tinha ciência de que as coisas só poderiam dar certo se estivéssemos juntos. Fora assim durante toda a nossa vida.

" Eu demandava e planeja, Alicia apenas reproduzia o que precisava com uma precisão perfeita, e ninguém desconfiava dela, afinal, quem iria dizer que uma garotinha tola e frágil como ela era capaz de machucar pessoas sem ao menos tocá-los?" – ele continuou. – Durante muito tempo, passamos por diversos médicos, nenhum deles soube explicar ao certo o que tínhamos, os professores sentiam medo de dizer algo, mas com o tempo nossa família achou que seria interessante um novo começo em Hawkins. Uma nova era para os Creel." – Sam pensou no quão amarga sua voz estava naquele momento, como se ele odiasse a família dele e tudo que representava, até mesmo a própria irmã. – "Eles achavam que Alice e eu precisávamos ser curados, mas nós víamos a situação por uma perspectiva diferente.

A garota viu o rapaz mais novo caminhando pela casa dos Creel, e resolveu segui-lo e no momento em que ele passou pelo corredor, a luz piscou. E ela avistou Henry observando cuidadosamente um pote repleto de viúvas negras. – " No entanto, a casa nos proporcionou descobertas, ainda que muitas pessoas odiassem aranhas, Alice e eu, tínhamos um apresso pelos aracnídeos e quando encontramos um pequeno ninho de viúvas negras, devo dizer que me senti acolhido de certa maneira, porque elas são criaturas tão solitárias como sempre fui. Incompreendidas, sendo elas um dos maiores predadores, onde imobilizam as vítimas e as trazendo equilíbrio e ordem para o ecossistema instável. Os humanos, por outro lado, faziam com que esse ecossistema ficasse em desequilíbrio. Criaturas engraçadas..."– Sam tornou a vigiar o rapaz de longe, caminhando para o sótão da casa. – " Humanos não servem para nada mais nada menos do que se multiplicarem exacerbadamente, além de impor o que querem, quando querem. No lugar de ordem e eu imaginava uma grande camisa de força prendendo-me pelo pescoço." – De repente ela notou que não estava mais no sótão e agora o rapaz encarava o relógio de pêndulo envelhecido que fazia um 'tic, tac' ritmado e agoniante. Ela queria ir embora daquele lugar, porque ouvi-lo falar era perturbador demais. – " Nós vivíamos num mundo cruel e opressivo que seguia por regras inventadas e estúpidas. Segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos, décadas. Onde cada vida é uma cópia inferior das anteriores, ainda seguindo as mesmas regras imbecis."– Sua voz aumentava a cada palavra, recheada com ira e desgosto.–" Acordar, comer, trabalhar, dormir, reproduzir e morrer. Todos estão esperando apenas pelo momento certo onde tudo acaba, enquanto estão performando um péssimo papel, vivendo dia após dia como se sua vida não fosse um pedaço insignificante, uma poeira no meio do espaço, uma pequena faísca que não iluminaria galáxia alguma." – Sam ouvia aquilo horrorizada, como se sua mente estivesse tentando processar algo esdruxulo demais. O relógio parou e os ponteiros começaram a rodar ao contrário, fazendo-a franzir a testa. – " Eu poderia fazer as minhas próprias regras e restaurar o equilíbrio neste mundo, eu poderia ser um predador a diferença é que estaria fazendo um grande favor ao mundo, e junto de Alicia nós dois poderíamos fazer isso"– O cenário mudou novamente e Sam ouviu o guinchar de uma criatura, e ao olhar a garota avistou um coelho preso, sentindo uma dor terrível era visível pela maneira que a pequena criatura tentava se desvencilhar, mas de repente o som dos ossos do animal soaram audíveis com um "craque" que fez o estômago de Sam embrulhar. Ela imaginou Chrissy sendo morta daquela forma, assim como Fred e Patrick e em algum momento sua irmã quase se fora.– " Mas com tempo, quanto mais eu praticava, eu notei que poderia ir além, nem mesmo minha irmã talentosa chegaria aos pés do que eu poderia ser capaz de fazer, porque enquanto Ally tinha força e via o futuro, eu conseguia acessar a mente de outras pessoas, suas memórias, sensações, traumas..."– Samantha notou que havia um certo "que", de orgulho ao dizer aquelas palavras, como se ele realmente estivesse fazendo um bem para humanidade. – " Foi nesse momento em que eu comecei a notar em como os meus pais se apresentavam para o mundo como se fossem bons e normais, mas seus passados eram tão terríveis quanto eles eram."

Eddie, My love...| Eddie Munson Onde histórias criam vida. Descubra agora