As Marionetes de Sangue

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– Vem, Valquíria. – dizia Emma puxando-a pela mão para outra área do casarão, despistando dos mordomos e outros convidados, ambas já estavam próximas do que seria o segundo salão, onde havia apenas mais uma outra escada. O som da orquestra já soava por todo aquele lugar, junto a um sutil coral, com os passos de dança soando como batidas firmes em chão.

Este lugar é interminável. Pensou Valquíria olhando para todo canto onde parecia não ter fim, sabia da fama daquela família de origem nobre, mas nunca pensava que seria tal riqueza.

– Acha que foi uma boa ideia nos separar dos dois? E se eles precisarem da gente? – questionou Valquiria vendo Emma subir a escada junto a ela se escondendo de um mordomo que passava pelo corredor próximo.

– Eu duvido muito. E se eu conheço bem Luke, ele sabe se virar perto do Lucius. – disse Emma subindo mais rápido.

– Emma, devagar. – disse Valquiria seguindo-a. – Esses saltos não ajudam muito.

– Ah é. – disse Emma já no último degrau tirando seus saltos e olhando para Valquíria que chegou no degrau abaixo dela. – Se tivermos que correr, não quero estar usando-o.

Valquiria bufou e Emma sorriu seguindo até ficar num imenso corredor daquele andar, ao leste seguia para a onde seria o imenso salão principal do baile. No oeste, um vasto corredor vazio com diversas portas e iluminação menos aparente que o do lado contrário.

– Deve ser a parte pouco usada, onde botam qualquer coisa. – disse Valquiria.

– Não. – Emma seguiu corredor oeste e Valquíria, mesmo preferindo o leste, a seguiu. – Olha, a orquestra deixou as capas dos instrumentos e malas por aqui, deve ser onde ficam.

– Sótão e armários de limpeza? – responde Valquíria.

– Um assassino não ficaria no quartos principais jamais. – disse Emma tentando abrir porta por porta. – Trancadas. Merda.

Valquiria de repente sentiu um odor familiar, algo que perfumava a porta do lado direito mais a frente das duas. O aroma sútil e de certo modo, tentador para ela.

Cheiro de sangue.

– Sente esse cheiro? – questionou ela e Emma a olhou sem entender. – Esqueci que você virou vampiro ontem.

– Que cheiro? – Emma seguiu a vampira até elas pararem frente a porta. Emma sentiu o aroma entrar em seu nariz até seu corpo ser contaminado por leves arrepios, podendo lamber até seus beiços timidamente. – Esse perfume.

– Tem alguma coisa aí dentro. – Valquiria pôs a mão na maçaneta, virando-a e abrindo devagar, ao entrarem, uma sala escura, Emma então tentou ligar a luz, sem sucesso, tirou então seu celular e ligou a lanterna.

Iluminando o pouco a frente das duas, perceberam estar numa imensa sala de bonecas e fantoches, de diversos tamanhos e formatos, bonecas antigas e atuais, de rostos intactos até os que faltavam olhos e partes do corpo.

Um cenário que tinha forte odor de mofo e tecido velho, as duas sentiram o perfume de sangue sumir no meio de tanta confusão.

Seus passos eram lentos a medida que as bonecas estavam cada vez no caminho, afastando até mesmo as que estavam penduradas junto a marionetes em seus fios pregados no teto do lugar.

– Eu já falei que tenho um certo problema com bonecas antigas? Parecem sempre estar me encarando. – disse Emma ao lado de Valquíria.

– Você até outro dia estava solucionando o caso de um assassino em série e vem me dizer que tem medo de boneca? – Valquíria olhou para Emma que deu de ombros. – Inacreditável.

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