I Just Want to Hear You

Children's Corner

Ciel teve sua frase interrompida pela porta da cafeteria sendo aberta violentamente. Seu cérebro já gritava quem era o invasor, mas seu coração implorava o contrário.

Sebastian se virou ao perceber que todas as atenções estavam voltadas para a porta.

"Ah, então o 'eu vou tomar um chá e levar um muffin para você' significava 'eu vou te trair bem debaixo do seu nariz'?!" Alois estava furioso, principalmente vendo quem estava com Ciel.

"Fale baixo, não precisa fazer confusão." Ciel odiaria ser o assunto do mês entre os frequentadores da cafeteria.

"Como não precisa fazer confusão?! O que foi que eu te disse um milhão de vezes?!" Alois se aproximou da mesa.

"Nós só estávamos conversando. Eu descobri que Ciel trabalha na livraria aqui perto e o surpreendi enquanto ele comprava aqui." Sebastian tentou tomar a culpa para si, já que parecia que Alois não aceitaria o que Ciel tinha a dizer.

"Engraçado você tentar alguma coisa com ele! Não entendeu que não é de você que ele gosta?!" O loiro bateu a mão na mesa, fazendo todos se assustarem, menos Sebastian, a pessoa que ele mais queria perturbar ali.

Para o escritor, era como um filme de terror sem trilha sonora: aquele soco não o intimidou.

"Se você chegar perto dele de novo, eu vou..."

"Tem certeza de que quer dizer isso? Temos várias testemunhas aqui dessa vez." Sebastian o explicou calmamente.

Alois parou. Ele não queria ameaçar Sebastian daquela forma, dando motivos para ir parar na cadeia se fosse ligado a todos os fatos. Assim, o loiro se voltou para Ciel. "Eu te disse o que ia acontecer se falasse com esse cara de novo! Não disse?! Você me obriga a fazer coisas que eu não quero fazer!"

"M-M-Mas...! Eu só... Eu só estava conversando com ele! Não aconteceu nada além disso, eu juro!" Ciel se levantou, pulando do banquinho.

"Não consigo confiar em você! Quem me garante que esse não é o local de encontro frequente dos dois pombinhos?!"

Um funcionário se aproximou dos três. "Vou ter que pedir que paguem a conta e se retirem daqui."

Alois riu dele. "É isso mesmo que eu estou tentando fazer!" Ele segurou Ciel pelo braço. "Vamos embora."

Ciel sentiu a dor do puxão do loiro.

Sebastian se levantou. "Você vai acabar machucando Ciel dessa forma."

"Cale a boca! Você não sabe perder?! Ele é meu namorado, seu monte de merda! Tudo o que você tem é riqueza, mas as pessoas como eu e Ciel costumam ter alguma coisa por dentro."

Sebastian se segurou para não rir daquela constatação. Ele olhou para Ciel. "Você vai ficar bem se for com ele?"

Ciel assentiu, sabendo que era Sebastian que não ficaria bem se ele não fosse.

"Ótimo. Então pode deixar que eu pago seu muffin." Ele sorriu de maneira falsa para Alois. "Espero que morra engasgado com ele."

***

"Eu não acredito! Eu não acredito! EU REALMENTE NÃO ACREDITO!" Alois andava de um lado para o outro, jogando tudo que encontrava para o chão. "Eu não avisei só uma vez! Eu pedi mais de um milhão de vezes! Eu mandei você nunca mais falar dele, encontrar com ele! E aí, o que eu encontro?! Mas é claro, porque só poderia significar essa merda já que você não me atendeu!"

"Eu estava trabalhando!" Ciel tentou se justificar.

"Você é um inútil! Até parece que qualquer gerente seria idiota o bastante para dar serviço a um boçal como você!"