FÚRIA

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SETH

 — Não chame meu filho de bastardo…— Maldição! Essa fêmea me provocou de propósito, para que eu a ferisse, o que só comprova que minha prole não tem qualquer importância para ela. É o tipo de situação que não me preparei para lidar. Só almejei destruí-la e me livrar de seu povo traidor.

— É o que sua cria é: um bastardo! — ela enfatiza ainda mais brava — Por que não me mata logo?! Não foi isso que veio disposto a fazer?! — volta a me incitar.

— Por que me incitas a fazer algo que sabes que não farei?! Durante o tempo que dormi, deves ter descoberto muito sobre o reino e sobre mim, suponho! Estou certo de que saiba o quão dou importância a um herdeiro! — explico calmamente.

— Oh, sim! Foram incontáveis fêmeas sacrificadas por suas mãos, sem contar os reinos, em suas tentativas de gerar descendentes! — ela profere furiosamente — Sua cria foi concebida, mas agora temos um impasse perigoso: você a quer e eu a rejeito! — diz com um sorriso cruel — Adivinha, SETH?! O corpo que a carrega é meu, então tenho domínio sobre sua vida e morte! — dispara e posso sentir o cheiro acre de sua intenção assassina.

Estremeci de ódio ao ouvir essas palavras. Por mais que eu desejasse não admitir, ainda estaria em suas mãos e ela sabia disso, não era atoa que me enfrentava sem temor algum. Foram muitas eras e tentativas de conceber um herdeiro e agora eu via tudo ameaçado por essa fêmea traidora.

— O que quer?! — vou direto ao ponto, sabendo que suas pretensões não são tão simples assim.

— Disposto a barganhar?! 

— Sim! — afirmo sem qualquer hesitação. — Só me diga o que quer…

— Anistia para Atlys! A vida de seu filho pela vida do meu povo! Meu lar deve se tornar intocável e mais que isso, o protegerá contra eventuais ataques de outras civilizações. — ela pronuncia-se como se houvesse  treinado essa fala por muito tempo.

— Proposta absurda…

— Então…a vida de seu herdeiro não vale tanto assim! — debocha, puxando uma adaga escondida sob as vestes e apontando para o próprio ventre.

Mas como?! Só agora me dou conta de que ela pegou a adaga da minha cintura sem que eu percebesse. 

— Minha rainha, acalme-se! — Shu intercede, claramente perplexo com sua atitude inesperada.

— Eu estou calma, Shu! Mas tudo que eu fizer a partir daqui, será responsabilidade de seu rei! — proferiu apertando a ponta da lâmina sobre o ventre, cortando o tecido e alcançando a carne. O sangue rubro manchou suas vestes, enquanto ela mantinha um olhar frio sobre mim — E então, Seth?! Qual a sua decisão?!

— Apenas pare! Use essa lâmina em mim, se assim lhe conforta…— digo, enquanto me aproximo cautelosamente — Eu farei como desejar! — sentencio, sabendo que não há um melhor caminho.

— Tenho a sua palavra?! — questiona, mantendo o aperto da lâmina na barriga.

— Sim!

— Então, jure em nome da sua honra de guerreiro! — exigiu, sabendo que o juramento de um guerreiro era algo que não poderia ser quebrado nunca.

— Eu juro! — fiz o que exigiu, batendo a mão em punho sobre o peito. — Só que você é minha a partir de agora!

— Você não é qualificado para me ter! — diz fazendo um movimento rápido com a adaga na intenção de me ferir, não me desvio, permitindo que meu rosto seja acertado. Imediatamente, sinto o calor do líquido quente descer e a agitação que isso causa nela.

NÉFTIS E O CEIFADOR DE MUNDOS: Contos Alienígenas Where stories live. Discover now