Guerra

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Idade das gêmeas: 4 anos.

Até o dia que tia Alice teve a visão do confronto com os Volturi eu nunca soube o que era aflição, dor ou tristeza, medo, mas desse dia em diante foi o que mais senti. Quando minha família saia para caçar, quando as testemunhas chegavam ou eu ia até elas, a noite tudo o que estava acontecendo, aconteceu ou acontecerá passava por minha cabeça, as tardes na reserva, a culpa, minha última conversa a sós com a mamãe em casa e ontem a noite na barraca.

Eu me encontro debruçada nas costas da forma de lobo de Seth, a mochila rosa e amarela com um urso panda desenhado nas minhas costas cheia de dinheiro, documentos e roupas pesava no meu pequeno corpo. Eu sabia do plano, mamãe confiou em mim, confiou no meu dom. Assim como ela sou um escudo, porém, não só mental, mas físico também.

Meus olhos pesam cada vez mais como resultado das noites mal dormidas, minhas  piscadas lentas me levando para cada vez mais perto da escuridão e eu me forçando a voltar para o pouco de consciência que me resta.

O mal estar constante tem sido um lembrete incessante da minha pouca alimentação. Meu peso está diminuindo e qualquer um pode notar e minha família anda preocupada com o quão pouco ando comendo, mas não questionam o porquê por pensarem ter haver com a guerra, o que não é mentira, porém, tem mais coisa nisso.

As folhas das árvores farfalham ao longe, os animais correm para se salvar da movimentação estranha, assim como os pássaros voam. O som de passos extremamente rápidos e ritmados ecoa pela clareira e como consequência de sua aproximação vultos pretos se tornam parte da bela paisagem.

Ergo a cabeça curiosa, mas não o suficiente para mantê-la em pé ou, para ser mais respeitoso, endireitar as costas.

Os Volturi baixam o gorro para que possamos vê-los, ou para quem já conhece identificá-los. Deito novamente no pelo macio e quente de Seth intercalando entre brincar com ele e com minha pulseira enquanto a interação ocorre desinteressante demais para o meu estado de espírito se impressionar.

Sinto alguém puxando meu corpo, abro os olhos e vejo que é apenas meu pai, deito a cabeça em seu ombro.

-Eu sei que está cansada, mas preciso que fique acordada agora. Depois você dorme, tudo bem?- papai diz sua voz serena e carinhosa me preparando para o que quer que estava com vir.

- Hum rum- emito sons de confirmação e balanço a cabeça ainda sonolenta.

Papai se movimenta e eu consigo ver mamãe, minha irmã, tio Emmet e Jacob de relance no meio do campo olhando para nós. Papai caminha em sua direção e quando chegamos ao seu lado todos terminam o caminho para os Volturi.

-A imortalidade lhe caí bem, jovem Bella- um dos Volturi diz, o silêncio reina em toda a floresta e aquele que antes direcionou sua palavra a mamãe ri, sua risada estranha- Escuto seus corações estranhos.

Nessie vai primeiro, meus olhos encontram os de um homem loiro bravo, a princípio eu tive medo dele, ele parecia ansiar machucar minha família mas então sua feição suavizou como se mudasse de idéia sobre a situação, como se mudasse de idéia sobre mim.

Papai passa a mão sobre o meu cabelo

-Sua vez.

Olho para Aro e dou minha mão para ele, que não vê nada graças ao meu dom. Ele parece desapontado, não posso dizer que compartilho desse sentimento. Por Aro, senti a mesma coisa que com Caius, mas agora que olhei para Aro sinto uma fraca simpatia por eles, acho que quero estar com eles.

Marcus demonstra interesse por nós pela primeira vez, mas sua primeira ação é oferecer sua mão a Aro, que por instantes perde o foco. Aro sorri.

-Parece que a doce Luna é nossa companheira.

Deixe ir, pequena LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora