17

3 0 0
                                    

Ash olhou ao redor. O ginásio estava deserto, exceto por elas três. A ausência do barulho habitual das máquinas e as conversas das pessoas a incomodavam. Havia algo de arrepiante em ver um lugar público, acostumado a estar superlotado, totalmente vazio na calada da noite. Era assustador, e inevitavelmente a lembrava aos filmes de zumbis.

— Vocês fazem reuniões no meio da noite na academia, com freqüência?

— São apenas dez horas —, Sooz zombou.

A academia estava completamente fechada a essas horas, com todos os cristais levantados e presos ao teto. Apenas a porta pela qual elas tinham acabado de entrar permanecia aberta.

— Por que estamos nos reunindo aqui?

Sooz deitou-se em um banco de fazer abdominais.

— Gábor acabou de me dizer que conversou com nosso pai e tem notícias importantes de Pentace. Imagino que ele deve ter-lhe contado a verdade, embora neste momento me surpreenda que os lábios de meu pai sejam capazes de pronunciar a verdade. Ele também me disse que, devido à gravidade do assunto, não quer que toda a Academia saiba disso. Então ele vai reunir seu grupo de confiança na academia.

— Temos que fingir que não sabemos de nada? — Perguntou Driamma.

A resposta à sua pergunta veio até ela em forma de escuridão.

A noite mais profunda as cercou em menos de um segundo, seguida pelo estrondo da porta se fechando.

— Mas o que esta acontecendo? — Ela ouviu Driamma gritar.

Ela piscou várias vezes, tentando se acostumar com a escuridão e ver alguma coisa, mas a ausência de luz era total e aterrorizante. Era como estar totalmente perdida na nada.

Seu coração disparou de tal maneira que ela pensou que ia sair pela boca.

— Dri? Sooz? — Ela engasgou e arregalou os olhos porém era inútil fazê-lo. Ela estendeu as mãos para Driamma, que não estava longe dela antes que a luz se apagasse.

— Merda. Como pude ser tão idiota?

Ela ouviu a voz de Sooz, mas não tinha mais certeza de onde vinha, e as batidas de seu coração em seus ouvidos a ensurdeceram.

— Sooz, do que você está falando?

O grito da jovem interrompeu a conversa e o arrepiou.

— Quem é? Ela a ouviu dizer, totalmente aterrorizada. Não me toque, porra...

Sua voz engasgou como se algo tivesse coberto sua boca.

Ash imaginou que se eles não a atacassem também, ela mesmo assim morreria de uma parada cardíaca. Ela sentiu seus olhos se encherem de lágrimas e tentou avançar para encontrar Sooz, seguindo o som da luta e dos sapatos batendo no chão. Mas ela só conseguiu esbarrar nas coisas e se sentir ainda mais perdida.

— Sooz? — Driamma a chamou. Sua voz estava tremendo também. — Ash?

— Estou aqui —, ela respondeu a Driamma, tentando fazer com que sua voz alcançasse apenas a garota e não os agressores. Era impossível, porque elas não sabiam onde estavam, quem eram ou quantos eram. Eles poderiam estar respirando em sua nuca neste exato momento.

Esse pensamento conseguiu deixá-la paranóica. Ela não sabia mais se o ar era apenas ar ou a respiração de alguém. Sentiu cócegas por todo o corpo, e algumas delas pareciam ser acariciadas por mãos invisíveis.

— Siga minha voz —, Driamma estava dizendo.

Ajoelhou-se no chão, avançando assim e sentindo com as mãos máquinas e ar, máquinas e ar.

SECBRA (livro 1 trilogia Desterrados)Where stories live. Discover now