Ash olhou ao redor. O ginásio estava deserto, exceto por elas três. A ausência do barulho habitual das máquinas e as conversas das pessoas a incomodavam. Havia algo de arrepiante em ver um lugar público, acostumado a estar superlotado, totalmente vazio na calada da noite. Era assustador, e inevitavelmente a lembrava aos filmes de zumbis.
— Vocês fazem reuniões no meio da noite na academia, com freqüência?
— São apenas dez horas —, Sooz zombou.
A academia estava completamente fechada a essas horas, com todos os cristais levantados e presos ao teto. Apenas a porta pela qual elas tinham acabado de entrar permanecia aberta.
— Por que estamos nos reunindo aqui?
Sooz deitou-se em um banco de fazer abdominais.
— Gábor acabou de me dizer que conversou com nosso pai e tem notícias importantes de Pentace. Imagino que ele deve ter-lhe contado a verdade, embora neste momento me surpreenda que os lábios de meu pai sejam capazes de pronunciar a verdade. Ele também me disse que, devido à gravidade do assunto, não quer que toda a Academia saiba disso. Então ele vai reunir seu grupo de confiança na academia.
— Temos que fingir que não sabemos de nada? — Perguntou Driamma.
A resposta à sua pergunta veio até ela em forma de escuridão.
A noite mais profunda as cercou em menos de um segundo, seguida pelo estrondo da porta se fechando.
— Mas o que esta acontecendo? — Ela ouviu Driamma gritar.
Ela piscou várias vezes, tentando se acostumar com a escuridão e ver alguma coisa, mas a ausência de luz era total e aterrorizante. Era como estar totalmente perdida na nada.
Seu coração disparou de tal maneira que ela pensou que ia sair pela boca.
— Dri? Sooz? — Ela engasgou e arregalou os olhos porém era inútil fazê-lo. Ela estendeu as mãos para Driamma, que não estava longe dela antes que a luz se apagasse.
— Merda. Como pude ser tão idiota?
Ela ouviu a voz de Sooz, mas não tinha mais certeza de onde vinha, e as batidas de seu coração em seus ouvidos a ensurdeceram.
— Sooz, do que você está falando?
O grito da jovem interrompeu a conversa e o arrepiou.
— Quem é? Ela a ouviu dizer, totalmente aterrorizada. Não me toque, porra...
Sua voz engasgou como se algo tivesse coberto sua boca.
Ash imaginou que se eles não a atacassem também, ela mesmo assim morreria de uma parada cardíaca. Ela sentiu seus olhos se encherem de lágrimas e tentou avançar para encontrar Sooz, seguindo o som da luta e dos sapatos batendo no chão. Mas ela só conseguiu esbarrar nas coisas e se sentir ainda mais perdida.
— Sooz? — Driamma a chamou. Sua voz estava tremendo também. — Ash?
— Estou aqui —, ela respondeu a Driamma, tentando fazer com que sua voz alcançasse apenas a garota e não os agressores. Era impossível, porque elas não sabiam onde estavam, quem eram ou quantos eram. Eles poderiam estar respirando em sua nuca neste exato momento.
Esse pensamento conseguiu deixá-la paranóica. Ela não sabia mais se o ar era apenas ar ou a respiração de alguém. Sentiu cócegas por todo o corpo, e algumas delas pareciam ser acariciadas por mãos invisíveis.
— Siga minha voz —, Driamma estava dizendo.
Ajoelhou-se no chão, avançando assim e sentindo com as mãos máquinas e ar, máquinas e ar.
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SECBRA (livro 1 trilogia Desterrados)
Teen Fiction"Esta história é única, cheia de muitos mistérios e segredos" (Karen) "Fazia muito tempo que não lia por prazer, e Secbra me cativou desde o primeiro momento" (Jess Ten) Ash viveu toda sua vida no espaço cercada por adultos e computadores. Mas agora...