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Foi a primeira vez que Ash esteve naquela área da Academia. Era muito mais militar do que o resto das instalações. Tanto que a lembrou de Pentace.

A sala para a qual foram conduzidos era semelhante às salas de comando do Pentace, embora muito menor.

Um oficial em uniforme militar enfrentou duas enormes imagens halográficas, de dois metros quadrados cada, que se abriam como um livro. Um rosto mostrava a imagem exterior de uma nave flutuando no espaço dois quilômetros acima de suas cabeças. O outro lado mostrava o interior do navio.

Era minúsculo. Seus dois ocupantes mal cabiam sentados. Não tinha nada a ver com os navios que Ash estava acostumada a ver em Pentace, nem com aquele em que ela viajou para Noé meses atrás.

Sooz explicou a ela, no caminho, que era o navio de prática de navegação da Academia. Com ela aprendera a voar no ano anterior, como os outros. Mas, aparentemente, Cantka não havia passado muito bem no curso de pilotagem e, por esse motivo, ela e Tesk estavam em uma aula de reforço. Tesk era o único dos professores com conhecimento de pilotagem; algo que ele havia aprendido em sua carreira militar.

— Qual é o problema? — Gabor perguntou apressadamente.

— O controle de manobra está quebrado —, explicou Grellar com ansiedade indisfarçável. — E o sobressalente não estava no navio. Então o oficial está tentando explicar a eles como consertar isso.

— Por que eles saíram para pilotar a esta hora? — Elek perguntou em um tom mais baixo.

— Eles querem que pratiquemos —, respondeu o jovem. Nós treinamos a tarde toda. Pouco antes dela fui eu. Poderia ter acontecido comigo.

— Você diz isso como se eles estivessem mortos —, Driamma riu. Mas vendo que só ela ria, empalideceu. — Não acontece nada, certo? — Ela perguntou com crescente alarme. Ela virou a cabeça para olhar o oficial que, diante da imagem halográfica, discutia o estado do controle com Tesk e Cantka. — Eles podem consertar. Certo?

— Deixe-o ir, Grellar —, Gábor murmurou gravemente.

O jovem franziu os lábios enquanto movia as mãos com agitação.

— Eles têm menos de dez minutos de oxigênio.

Ash ouviu a declaração e o escândalo que se seguiu, como se estivesse sonhando. O álcool, junto com a situação, a mantinha imersa em um estado de irrealidade. Como se ela tivesse deixado seu corpo e estivesse assistindo um filme.

— Onde está Lozis? — Perguntou Sooz.

— O que você quer dizer com apenas dez minutos de oxigênio? — O que está ocorrendo? — Driamma estava rapidamente passando da confusão ao pânico. Ela caminhou até a tela e começou a gritar com Tesk. O oficial tentou fazê-la parar, e o nervosismo de Tesk, que até agora parecia conduzi-lo com espantosa temperança, aumentou ao ver a garota.

Elek e Taly se moveram para agarrá-la e puxá-la para longe das telas, cujo brilho azul através da sala deu arrepios em Ash. Era como se a morte já estivesse entre eles. Ainda assim, ela não podia dizer nada; nem se mexe.

— Ash!

Sooz estava gritando seu nome, mas seus ouvidos pareciam estar tapados pelo sangue palpitando nas veias de sua cabeça. Seu crânio parecia uma panela de pressão. Ela nem se deu ao trabalho de responder; na verdade, ela não podia. Ela precisava se afastar um pouco das vozes de seus companheiros.

Aproximou-se do oficial, que iniciara um contador dos minutos de oxigênio que lhes restavam. Ash olhou para os pequenos números, flutuando na frente dela, incapaz de acreditar que duas vidas estavam escapando com eles.

SECBRA (livro 1 trilogia Desterrados)Where stories live. Discover now