𝐓𝐄𝐒𝐎𝐔𝐑𝐎 𝐏𝐄𝐑𝐃𝐈𝐃𝐎, cidade invisível. [EM BREVE]

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀╰► 𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐈 | NEGRO ENTOOU.

❝Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou.❞

Canto das Três Raças, Clara Nunes.

TW: AGRESSÃO, RACISMO, VIOLÊNCIA EXTREMA.

⠀⠀⠀O GRITO ESTRIDENTE de Tibério poderia ser ouvido ao longe, enquanto fortes açoitadas lhe acertavam as costas.
Outros escravos passavam olhando o sofrimento do jovem rapaz, não se aventurando nem ao menos a olhar para ele enquanto o soluço alto soava em seus tímpanos. O açoitamento em público era um exemplo permanente do que aconteceria aos outros se não fizessem seu trabalho de maneira árdua e com perfeição.

⠀⠀⠀Após duas semanas sem trazer ouro suficiente para encher os olhos de seu senhor, ele recebeu seu indevido ── mas devido naquela época ── castigo, sendo acertado por 20 chicotadas em local público de mineração.
Servia como aviso aos outros escravos presentes ali, que por mais fracos que estivessem, tinha que cumprir ordens.

── Levanta! Agora você vai levantar! ── Juventus acertou Tibério nas costas mais uma vez, quando o homem ameaçou cair no chão. ── Não quer mordomia?

⠀⠀⠀O sangue do escravo se espalhava pelo chão em respingos, enquanto suas costas eram abertas profunda e dolorosamente. Os joelhos de Tibério falharam, mas ele se levantou aos poucos enquanto era atingido mais uma vez, só que nas pernas.

⠀⠀⠀Tibério não se deixou abalar. Nem ao menos derramou uma lágrima diante de toda a tortura. Ele não sabia se era pelo costume dos castigos, ou se por medo de isso acabar piorando as coisas.

── Agora vai trabalhar, e mostra pros teus como eles merecem ser tratados. ── O homem guardou o chicote, se sentindo a pessoa mais piedosa do mundo por não ter torturado mais o garoto.

⠀⠀⠀Tibério sentiu suas pernas fraquejando assim que tentou andar, e caiu duramente no chão de costas, fazendo arderem mais ainda ao entrarem em contato com as pequenas pedrinhas ali presentes.

── Levanta, homi. Deixa ele te vê assim, vai piôrá pra suncê! ── Dona Marta ajudou o homem a se levantar, tendo cuidado com os cortes e recebendo ajuda de seu filho mais velho, João. ── Leva ele prus minério, mizifio.

── Mainha, ele num conségui ficar di pé. Num tem como minerar. ── João apontou o óbvio, enquanto Marta pensava em uma solução para ajudar seu quase filho.

⠀⠀⠀Dona Marta havia acolhido Tibério como seu filho quando o garoto chegou nos minérios com apenas 16 anos, após ser vendido para Juventus. O adolescente estava fragilizado e desnutrido, mas logo se reergueu com as comidas que Dona Marta roubava para ele de seu trabalho na cozinha.