O BILHETE
— Aí meu Deus! — Exclamou Zoe colocando as mãos sobre a cabeça com os olhos arregalados. Até esqueceu que estava com frio.
— Ei! Isso aqui te pertence? — Gritou o rapaz com a expressão de quem procurava por alguém.
— Eu..aaa... — Gaguejou Zoe.
— Ok! Obrigado! Estava precisando de uma colher nova mesmo. — Disse Sam com um ar brincalhão. — E aliás, não acho muito educado jogar utensílios de cozinha na janela dos vizinhos. Poderia pelo menos ter jogado um x-burguer. — Continuou.
Foi uma péssima ideia fazer uma piada com aquela pessoa, naquele momento.
— MAS O QUE? — Indagou Zoe. — COMO VOCÊ OUSA? Por acaso se tocou que está sendo inconveniente?
— Eu???? Que eu saib...
— NÃOOOOOO! — Interrompeu a moça antes que o rapaz conseguisse terminar a frase. — Com quem mais eu estaria falando a não ser o cara que está com a minha colher de pau?
— Você tocou no ponto que eu queria! Que eu saiba, ser inconveniente é jogar uma colher velha na minha janela. Não tinha uma de inox não? — Gracejou.
— Aaah se toca!
— Calma mocinha! Estou apenas tentando amenizar o climão.
— Então você quer "amenizar o climão"? — Zoe disse muito estressada. — Que tal abaixar essa música que está estourando, não só o meu tímpano, mas o da vizinhança INTEIRA? Hein? O que acha de ter um pouco de senso e respeitar a sua vizinhança? Talvez isso amenize mais do que suas piadas ruins em fora de hora.
— Aí! Essa doeu, moça! Minhas piadas não são tão ruins assim.
— Mas será possível? — Resmungou novamente. — EU ESTOU FALANDO SÉRIO CONTIGO E VOCÊ ESTÁ PREOCUPADO COM AS SUAS PIADAS? Aí meu Deus! O que eu fiz para merecer isso em plena noite de quintaaaaa?
— Sinto muito! Não foi a minha intenção! — Samuel disse com sinceridade. — O que posso fazer para melhorar essa situação?
— Abaixar a música talvez? Eu não sei né...talvez melhore não só a minha noite, mas a do prédio inteiro.
— Que pedido sem graça! Você poderia estar pedindo uma viagem para Paris e gasta essa oportunidade para me fazer abaixar a música? — Ele estava se expressando como se estivesse em uma peça de Shakespeare.
— Sim. — Respondeu de forma seca. — Vai melhorar muito a minha vida se você simplesmente entrar para SUA casa, fechar a SUA janela e abaixar a SUA música.
— A senhorita não tem um tiktok não? — Disse Sam enquanto se apoiava com os cotovelos na sacada do apê.
— MAS O QUE?
— Ué! Talvez isso te acalme um pouco...ou melhor! Uma série para maratonar na Netflix?
— Não tem como me acalmar porque eu já sai do meu limite. Só abaixa a música. E DEVOLVA A MINHA COLHER! — Zoe estava tão estressada com esse cara que, por orgulho, quis a colher de volta.
A moça voltou para o apartamento pisando duro. Samuel saiu em seguida.
— Que mulher mal humorada. — Resmungou ao entrar.
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— Opaaaa! Estou sentindo cheiro de pizza! — Disse Sam enquanto Pedro e Letícia abriam a porta do apartamento.
— SAMUEL? Que bagunça é essa? — Pedro e Letícia estavam boquiabertas.
— Eu...aaa...eu sem querer esqueci que era para deixar arrumado antes de vocês chegarem? — Disse Sam com um ar pensativo e com uma das mãos coçando o protótipo de barba para disfarçar a vergonha.
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Nos Bastidores da Vida
RomanceZoe é uma garota frustrada por estar com a vida estagnada. Com sonhos e planos enterrados, ela não acredita que um futuro pelo qual anseia seja possível. Bom, pelo menos até conhecer Samuel, mais conhecido como Sam. Ele mostrará que a vida é muito m...