05

2K 132 10
                                    

ANNA ESTRELLA

Depois do tiroteio intenso começam a chegar vários dos envolvidos baleado, machucado.

O postinho tá o completo desespero.

Bella tá cuidado de um que foi pular o muro e se arrebentou todo, enquanto eu tô terminando de dar ponto em um dos meninos.

Assim que termino faço o curativo e pego uma receita com o médico pra remédio pra dor.

O rapaz me agradece e sai da maca, retiro as luvas e lavo minhas mãos.

Uma gritaria chama a minha atenção na parte de atendimento e vou até lá.

- Não quero saber de porra nenhuma de lei! Ou tu libera a porra de uma enfermeira pra mim, ou o bagulho vai ficar pesado pro seu lado. - Vejo o Cabelinho gritando com a diretora geral do hospital.

- Tudo bem, vou ver quem está disponível, só preciso de tempo - ela diz mas ele começa a se alterar de novo.

- Fátima? - chamo a atenção dela e recebo a atenção dos dois - Já terminei de cuidar dos feridos lá dentro, pode deixar comigo. - digo e ela me olha apreensiva.

- Tem certeza querida? Não e bom se misturar com eles.

- Vou apenas fazer o meu trabalho - digo e meu olhar se direciona ao Cabelinho.

Dona Fátima se apressa em arrumar uma maleta pra mim de primeiro socorros.

Eu agradeço a mesma e sigo o cabelinho que anda com pressa pro lado de fora.

- Vou ter que subir? - Perguntando olhando a moto.

- E um caso de emergência, se apressa aí pô.

Não questiono mais nada, apenas monto na moto e colo a maleta em meu colo.

Cabelinho acelera com tudo pro topo do morro, ele para em frente a uma casa e desce.

Meu estômago tá todo embrulhado, esse cara andou igual um doido na rua com essa moto.

Ele faz sinal que eu o siga e faço.

Assim que ele abre a porta da casa me deparo com um homem sentado no sofá.

O sofá está cheio de sangue e ele pressiona uma blusa contra a ferida.

Eu imagino que aquilo deve está doendo horrores, mas por incrível que pareça o homem está apenas sério, lidando com a situação como se não fosse nada.

Me apresso a chegar perto dele, e o mesmo se assusta com o gesto.

- Desculpa! Sou a enfermeira Anna, vim tratar da ferida - me apresento e limpo minhas mãos.

Ele não diz nada, apenas olha pro cabelinho.

- Confia patrão, a mina vai deixar tu nos trinques.

Patrão? Jura que eu vou costurar o dono do morro? Se eu fizer merda vou ficar careca, ou então morrer.

Deus proteja a sua filha, por favor.

Coloco as luvas e faço sinal pra que ele tire a blusa de cima da ferida.

- Nossa...- solto baixinho, mas acho que ele ouviu.

Conserto a minha postura e começo o meu trabalho.

Limpo todo o local e aperto um pouco pra vê se a bala ainda está ali dentro.

Vejo a mesma.

- Não tenho anestesia aqui, isso vai doer - aviso o mesmo.

- Só termina logo - ele diz firme e fecha os olhos.

Pego a pinça e enfio dentro da ferida, olho para o homem a minha frente que solta um gemido de dor.

Volto a minha concentração na ferida e tiro a bala.

Sorrio satisfeita.

- Caralho - Cabelinho diz - Tô sentindo nojo disso, vou meter o pé.

Solto uma risada e reviro os olhos.

Fresco.

Limpo todo o local do ferimento e começo a dar ponto, como não há anestesia aqui as vezes escuto os palavrões do homem a minha frente.

- Pronto! Só vou fazer um curativo e vê a sua perna - digo e tiro as luvas que estão sujas de sangue.

Começo a por outras novas.

O homem a minha frente me observa o tempo todo, é isso já está me deixando nervosa.

- E nova aqui? - ele pergunta e sua voz grossa me dá um susto.

- Tô a pouco tempo, sou a moradora nova da rua 7 - digo e começo a fazer o curativo no braço dele.

Ele resmunga um "hm" e volta a somente me observar.

Escuto o barulho na escada e o cabelinho desce com um pacote de biscoito na mão.

- Ainda nisso? - ele resmunga e se joga no outro sofá. - Isso aí nele foi um ato heróico - Cabelinho começa a falar - Meu homem se jogou na frente da bala pra me salvar.

- Vocês dois são...??? - pergunto curioso.

- Claro que não porra - o homem a minha frente responde irritado - Já falei pra tu parar com essa porra. - Cabelinho cai na gargalhada e fico sem entender.

- Ret nunca vai assumir o nosso amor eterno - Sou obrigada a ri com isso.

my nurseWhere stories live. Discover now