Cap 16 - Destino

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"Meu senhor, livrai-me do ciúme! É um monstro de olhos verdes, que escarnece do próprio pasto que o alimenta. Quão felizardo é o enganado que, cônscio de o ser, não ama a sua infiel! Mas que torturas infernais padece o homem que, amando, duvida, e suspeitando, adora."- Shakespeare

Com passos firmes, consumida pelo ciúme, Soraya seguia em direção da mesa onde estavam as duas mulheres que conversavam sem notar a sua presença. Se fosse humanamente possível queimar alguém com a força do olhar, Bruna já teria virado pó. O objeto da sua raiva, não era necessariamente a loira de olhos verdes, era o medo, a possibilidade de perder Simone lhe assombrava.

— Oi. — Soraya deu um sorriso cínico para a loira que lhe direcionou um olhar julgador assim que sua presença se fez ao lado da mesa. — Oi, meu amor. — Sentou-se ao lado de Simone dando um beijo demorado em sua bochecha, pegando a morena de surpresa, causando um leve aperto no coração de ambas pelo toque, principalmente no da mais velha pelo uso do apelido carinhoso.

— Oi. — Simone respondeu tentando entender a atitude da mais nova.

— Oi. — Bruna falou encarando as duas.

— Soraya, essa é a Bruna, uma amiga. Bruna essa é a Soraya...

— A namorada dela. — Soraya falou, interrompendo a morena e estendendo a mão para a mulher à sua frente.

— Namorada? Não sabia que você estava namorando, Sisa. — A mulher respondeu olhando a mão de Soraya com desdém antes de apertar a sua mão em resposta.

Sem resposta, Simone olhou para Soraya na busca de tentar entender o que estava acontecendo. Semanas atrás a Thronicke havia terminado o relacionamento que ainda não tinha uma nomenclatura, agora estava falando em alto e bom som que era a sua namorada. Apesar da confusão, não poderia negar que seu coração bateu em um impulso apressado com o peso que aquela palavra carregava. Por outro lado, ficou triste, sentiu como se Soraya estivesse brincando com seus sentimentos.

— Sisa? — Soraya fez uma careta. — Pois então, agora está sabendo. — Sorriu sem quebrar o contato com a loira que a encarava.

Sisa sempre teve uma preferência por loiras mesmo. — Disse enfatizando o apelido.

— Preferência por loiras é? — Soraya perguntou irritada.

— É, assim como eu tenho por morenas. — Deu de ombros.

— Então Bruna, quando voltou? — Simone tratou de mudar de assunto, percebendo uma Soraya vermelha, com as mãos fechadas, um "v" formado em sua testa, demonstrando estar irritada. Se ela realmente pudesse virar onça, aquele seria o momento.

— No início da semana. Óbvio que ia ligar para você, só que acabei perdendo meu número do Brasil, onde estava todos meus contatos. Que bom que te encontrei aqui, assim você pode passar o seu contato para conversarmos e marcamos algo!

— Onde você estava? — Soraya perguntou rápido, temendo que a morena passasse o número para Bruna.

— Viajei por toda a Europa nos últimos meses. Imagino que você não conheça, tem países belíssimos lá. França foi o país que mais gostei, você ia adorar lá Sisa, podemos combinar uma viagem para lá. — Piscou para a mulher

— Gosto muito do meu Brasil. — A morena respondeu ignorando o convite da outra.

— Aí Sisa, você e essa mania de gostar de coisas pequenas e simples demais. — Disse olhando para a loira.

— Ah, querida, são as melhores coisas. — Simone respondeu percebendo o olhar da outra direcionada a Soraya. — Além disso, o que mais gosto no nosso país são as suas belezas naturais, não troco isso por nada. — Simone já estava desconfortável com a atitude de Bruna, não estava bem com Soraya, mas não deixaria que a mulher a tratasse tão mal. Não era nem um tipo de brinquedo para ser disputada de forma tão infantil aquele ponto.

Depois da tempestadeWhere stories live. Discover now