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Theo acordou no meio da madrugada com uns resmungos vindos da cama, estava com um pouco de preguiça e sono, mas se sentou e olhou para o lado. O homem estava sentado na cama e coçando a nuca, parecia se perguntar como havia parado ali, os cabelos bagunçados, e a cara ainda sonolenta com uma expressão confusa no rosto.

Devia estar se perguntando onde estava.

— Onde eu estou? — o homem indaga e olha para Theo.

Ainda via sua visão um pouco turva e via tudo girando ainda, não sabia onde estava e muito menos quem era o rapaz a sua frente, não estava entendendo nada.

— É uma longa história — Theo diz ficando de pé. — Mas resumindo, você apareceu na minha porta bêbado querendo que eu te atendesse, não te atendi e te deixei dormir aqui, porque não queria deixar um homem bêbado andando por aí sozinho — explicou para o desconhecido.

O homem parecia tentar entender o que Theo havia acabado de falar, não devia ter enchido a cara daquele jeito, sabia muito bem disso, mas ele precisava afogar toda a mágoa que estava sentindo em alguma coisa ou iria explodir, então decidiu fazer isso na bebida.

— Olha, me desculpe por qualquer transtorno que eu tenha causado — o homem pediu.

— De boa — Theo falou coçando os olhos.

O silêncio se instalou dentro do quarto, era o tipo de silêncio que deixaria qualquer um desconfortável, Theo poderia tentar falar alguma coisa, mas não via nenhum motivo para isso, não conhecia o sujeito, mal sabia seu nome, porém, parecia ser bem melhor do que ficar com o clima completamente desconfortável.

— Então, você falou algumas coisas — Theo chama a atenção do homem e fica em silêncio por alguns segundos.

Ele era bonito, cabelo volumoso e ondulado, uma barba por fazer, olhos profundos, era  lindo e parecia ser maravilhoso, tinha lábios grandes e nariz grosso, era bonito, mas Theo tenta manter o foco, não tinha tempo para pensar nisso, ainda tinha inúmeras perguntas em sua mente.

— Que tipo de coisas? — o homem indagou.

Theo suspirou, seria uma madrugada agitada e pelo visto com um pouco de conversa.

— Nada demais, apenas começou a chorar um pouco — Theo falou. — Aí começou a chorar, falar que a gente faz de tudo pela pessoa ou algo assim, enfim, ainda não entendi nada.

O homem soltou um suspiro.

— Acabei de descobrir que o homem que amei por anos e com quem eu sou casado há seis anos me traiu — o homem desconhecido falou.

— Nossa, sinto muito.

— Sabe, nos últimos dias ele estava agindo um pouco estranho, parecia estar mais afastado, achei que era coisa da minha cabeça e que ele só estava ocupado demais com o trabalho — O homem para de falar por alguns segundos e seus lábios se curvaram em um pequeno sorriso falso. — Eu fui é muito burro em acreditar nisso, sabia que tinha algo estranho, então hoje de manhã eu o segui e adivinha só, o peguei entrando em um motel acompanhado de outro homem — Theo estava ouvindo atentamente, ao menos estava tendo uma madrugada mais interessante.

— Eu sinto muito por ter passado por isso — Theo falou com sinceridade.

Mesmo que não conhecesse o homem direito sentia um pouco de empatia pelo desconhecido, uma traição com certeza devia doer muito.

— Tudo bem, eu só não consigo entender o que leva uma pessoa a trair o parceiro depois de dizer que o amava, não entra na minha cabeça isso.

— Às vezes as pessoas podem ser muito boas em mentir meu amigo — Theo diz. — Algumas conseguem mentir olhando no fundo dos olhos. — O importante é saber que o erro e o problema não se encontram na gente, não temos culpa se outras pessoas tem problema com caráter.

— Tem razão — O homem fez mais uma careta.

— Vou pegar um remédio pra dor de cabeça — Theo falou se levantando de seu colchão e andando até o interruptor para acender a luz do quarto.

— Não precisa.

— Precisa sim, você está com bastante dor — Theo calçou seus chinelos. — Daqui a pouco eu volto — avisou e abriu a porta.

O corredor da pensão estava vazio, a maioria dos inquilinos dormiam profundamente, o rapaz sabia que teria que bater na porta de dona Joyce, a dona da pensão. Ficava do outro lado da entrada do pequeno prédio, respirou fundo quando parou em frente a porta do quarto dela, bateu na porta e ouviu alguém resmungando lá dentro.

Não demorou muito para ver a maçaneta mexendo e a porta abrindo, Dona Joyce estava com os cabelos bagunçados, de roupão e com uma cara de pouquíssimos amigos, todavia Theo sabia que isso era tudo fachada e que na verdade a mulher era um doce de pessoa.

Quando ela queria.

— Você sabe que horas são?! — Joyce estava nervosa, não gostou de ser acordada no meio de seu sono de beleza. — Porra Theo!

— Hm desculpe dona Joyce, mas eu queria perguntar se você tem algum remédio para dor de cabeça?

Joice passou as mãos no rosto e depois bufou, não conseguia ficar brava com Theo, o jovem era simpático, um bom inquilino.

— É pra você? — perguntou cruzando os braços.

— É para um companheiro meu.

— O homem bonitão que veio aqui mais cedo? — Joyce não era curiosa de jeito nenhum, todavia gostava de saber um pouquinho de alguns assuntos que circulavam dentro da pensão.

— Esse mesmo, enfim, ele bebeu demais e como não podia deixar o cara ir embora nesse estado acabei deixando dormir no meu quarto — Theo explicou.

— Entendi, vou pegar o remédio — Joyce falou.

Depois Theo voltou para o quarto com um copo de água e o remédio, o homem continua sentado, parecia estar pensativo.

— Trouxe o remédio — falou indo até o homem e lhe entregando o comprimido e o copo com água.

— Obrigado — agradeceu a Theo.

"Talvez eu devesse perguntar o nome dele, só por curiosidade" Theo pensou, tinha medo de estar sendo muito intrometido, mas queria saber o nome dele.

— Sem querer parecer muito curioso, mas já sendo, qual seu nome? — Theo perguntou.

— Meu nome é Gustavo — o homem se apresentou após tomar o remédio.

— Prazer em te conhecer Gustavo — Theo disse. — Meu nome é Theo.

— Prazer em te conhecer Theo, obrigado pelo remédio.

— Disponha Gustavo — falou. — Bom, agora eu acho melhor a gente voltar a dormir — Theo disse.

— Bom, ok — Gustavo disse.

Não tinham mais o que conversar e Theo estava exausto, precisava voltar a dormir e aproveitar as horas de sono que ainda restavam. Desligou a luz e depois se deitou em seu colchão de novo, ficou encarando o teto do quarto e vez ou outra olhava para sua cama, Gustavo parecia já ter dormido de novo.

— Essa madrugada foi bem aleatória — sussurrou para si mesmo ainda tentando entender. — É cada uma que me aparece — disse.

Bom, Gustavo parecia ser um cara legal e gente boa, era bonito e chegava a ser engraçado pensar que ele desabou com Theo sobre a traição do amado, era algo aleatório e que nunca tinha acontecido com ele antes, geralmente os homens que Theo atende não são muito de conversar ou de falar, então ele não estava acostumado a conversar durante a madrugada.

Conversas bastante…Animadas por assim dizer.

Se ajeitou no colchão e ficou acordado por mais alguns segundos até o sono finalmente chegar, suas pálpebras começaram a pesar e logo ele adormeceu.

To już koniec opublikowanych części.

⏰ Ostatnio Aktualizowane: Jul 17, 2023 ⏰

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