É Melhor Com Ela?

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"Eu sei que tá querendo me levar na conversa
Mas se você soubesse o que realmente me interessa
É saber se você faz amor comigo como faz com ela"

— Como Faz Com Ela, Marília Mendonça

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— Aquele ali é o seu quarto.— Catalina guiou Martín pela mão, cortando o corredor de um extremo ao outro.

Pararam em frente à porta marrom do quarto de hotel e Martín encarou o número 145 talhado em alto relevo na superfície de madeira. Inspirou de forma lenta, levemente contrariado, sentindo o cheiro da maresia que parecia refrescar o seu corpo inteiro por dentro. Catalina provavelmente já tinha notado o seu desconforto, mas não disse nada a respeito.

Gracias. — agradeceu quando a amiga lhe entregou a chave, sentindo o peso e o frio do chaveiro de metal em sua palma. Aquele objeto, de certo modo, parecia criar a própria gravidade, e se não fosse por ele talvez Martín já tivesse saído voando pelo parapeito de madeira que ocupava o lado esquerdo do corredor.

— Se precisar de mim, vou estar no 137 com a Miranda. — Catalina sorriu, depositando um beijo na bochecha do loiro. — A festa é às sete e meia, no se retrase.

Não se preocupe, nos vemos mas tarde. — Martín garantiu, acompanhando com os olhos castanhos a silhueta da morena sumir por trás da parede no limite do corredor.

Acabava de passar das cinco e meia, e o céu estava começando a ficar pincelado em tons de laranja e roxo, uma dança linda de cores que enfeitavam a abóbada celeste. Martín girou os calcanhares para o lado oposto da porta e curvou o corpo sobre o parapeito de madeira robusto, deixando os antebraços descansarem ali. Ergueu o queixo e fixou os olhos no céu. Os únicos sons audíveis eram os das folhas balançando na copa das árvores mais altas e as vozes abafadas dos hóspedes do hotel conversando no saguão alguns andares abaixo.

Martín ficou ali por um tempo, esperando que seu coração se acalmasse. Aquele lugar o deixava nervoso e não estava fazendo um bom trabalho em esconder isso. Na verdade, não estava fazendo um bom trabalho em esconder coisa alguma desde que firmou os pés naquele solo estrangeiro.Tudo naquele ambiente o lembrava dele, desde o aroma do mar que estava só há alguns metros de distância, até a pintura verde e azul nas paredes do hotel. Era o país dele, afinal, e a parte mais difícil de admitir e que provavelmente era o motivo do loiro se sentir tão desconfortável, era que aquilo tudo era familiar. Familiar demais.

Pegou sua mala e finalmente decidiu entrar no quarto. Não sabia se ia ter que dividi-lo com alguém, já que, pelo que Catalina tinha dito, havia poucos quartos disponíveis naquela data por estarem no auge do verão brasileiro. Fernando de Noronha era um lugar lindo, um verdadeiro paraíso na terra, com praias que pareciam pinturas, uma paisagem de encher os olhos e uma reserva natural magnífica. Não era de se espantar que tantas pessoas iam para lá, mesmo que fosse um tanto burocrático.

De qualquer forma, mesmo fazendo o tipo lobo solitário, Martín não se importava em dividir o quarto. Se fosse o caso, aceitaria dividir até com o tarado do Francis. Riu e meneou a cabeça ao pensar na possibilidade, mas sabia que o amigo libertino ia dar um jeito de se enfiar em um quarto com Dražen, então não correria esse risco de vida. Abriu sua mala na cama de casal e começou a organizar suas roupas no projeto de guarda-roupa que havia no canto da parede.

Ele estava feliz em tirar férias, e apesar de estar um pouco inquieto pela possibilidade alta de cruzar com ele, sentia que aquele tempo descansando em uma ilha paradisíaca o ia fazer bem. O que poderia acontecer, afinal de contas?

Como Faz Com Ela | Luciano X Martín Duo-Shot +18Where stories live. Discover now