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Ela fez um presente para você.
Ele era de papel, bem simples, mas ela se dedicou muito para faze-lo. Demorou muito para escolher o tipo de papel certo, para corta-lo e molda-lo. Passou horas pensando no que escrever, se fazia um texto pequeno de amor, uma frase de amigos, palavras de uma amante ou qualquer coisa clichê de uma apaixonada... Não seria mentira.
Pesquisou sobre a paleta de cores e escolheu a que mais a lembrava você. Que a lembrava dos seus olhos, dos seus cabelos, da sua voz. Grave e intensa, mas que às vezes chegava tão suave ao seu ouvido... A primeira coisa que ela teve de você.
Demorou algumas noites para terminar esse presente. Separou tempo do seu dia e passou noites em claro apenas se dedicando a ele, a você... Mesmo sabendo que ela não tinha você.
Doeu, doeu muito quando ela jogou o seu presente fora. A fez perceber que talvez estivesse sentindo demais, lhe dando demais... Sem receber nada em troca.
Ela chorou. Ela chorou quando percebeu que foi o tempo dela, a dedicação dela, que ela jogou fora, e não apenas alguns papéis colado com cola. Foi o seu tempo e o seu afeto, foram os seus sentimentos por você que ela deixou naquela lata cinza. Escura e vazia.
Foram os sentimentos que ela sentia por você que o caminhão levou para longe. Para muito longe... Foram os sentimentos por você, que ela fez questão de aprender a se desfazer. Por mais que isso demore a acontecer.
A machucou, quando percebeu, que ela não irá mais fazer presentes para você... Machucou, quando percebeu, que ela não tinha mais presentes para dar a você.
Ela te deu tudo que podia dá. Te mostrou uma versão dela sem efeitos, sem filtros, que ninguém nunca antes tinha visto. Ela ultrapassou suas próprias barreiras e bloqueios, por você. Apenas por você...
Mas agora.. Ela não tem mais presentes para dar a você.
