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|| Ronam Carvalho ||

📍Rio de Janeiro, Bangú , Sexta-feira, 22:00

Sua presença forte que encanta, e deixa saudades na ausência, faz querer estar perto o tempo todo; uma voz suave, um olhar sincero, um sorriso lindo que reflete a magia e a beleza de um ser único. Um coração que pulsa na velocidade dos seus sonhos e te faz admirável e querida por mim e por todos.

Com toda certeza esse sentimento que invade me peito toda vez que aquela pequena criatura de cabelos ondulados, sorriso fácil e olhos brilhantes aparece ao lado do padrinho na tela do celular, me assusta muito. Eu nunca fui o cara amoroso, que gosta de criança e se dá bem com elas, mas a Ayla me pegou pra ela de uma forma tão simples e genuína que eu me vejo sorrindo bobo sempre minutos antes de ligar pro Augusto.

Ela me conta todo o dia dela, e irmão, eu presto a maior atenção em todos os detalhes, menina parece uma mini adulta, tem cada opinião que eu fico chocado. Namoral, me amarro demais na pretinha, criei nessa semana um carinho absurdo por ela, já dei o papo pro Guto que quero as duas na minha proteção, tocou nelas é caixão.

Tenho tentado todo dia dissipar da minha mente a projeção de um futuro com as duas do meu lado, Vitória é toda marrenta, não me deu uma mísera confiança, me cumprimenta na maior educação, mas nada além disso. Enquanto isso eu fico igual um otário quase babando na mina.

Me escoro na parede gelada e ascendo meu cigarro, puxando a fumaça e deixando ela adentrar meus pulmões enquanto tento me tranquilizar pra não parecer um desesperado na ligação. Disco o número do Augusto e no primeiro toque ele já atende, sem me dar atenção enquanto ri de alguma fala da pretinha emburrada do lado dele.

- Augusto: Tu tem que entender que tua mãe é livre Ayla - olha agora mais sério pra ela que revira os olhos - e não é porque o moleque é feio que tu tem que barrar ela de sair com ele cara - diz e volta a atenção pra mim que tenho o cenho franzido enquanto tento entender que conversa é essa - fala chefia, tranquilo? - pergunta enquanto se escora no sofá azul escuro que já conheço tem uns dias.

- Russo: tu aprontou o que pretinha? - pergunto depois de sinalizar que sim pra pergunta do moleque, e vejo ela suspirar antes de me olhar com uma mistura de animação e tédio.

- Ayla: Oi tio russo - ela diz sorrindo e eu retribuo - é que minha mamãe tá brava hoje - suspira revirando os olhos e continua a me contar - Tudo porque eu disse pro seboso que quis chamar ela pra sair que ela já era casada - ela fala como se fosse um absurdo qualquer um querer sair com a mãe dela, e eu disfarço a sensação de alivio que isso me traz enquanto escuto o grito da vitória atrás da mesma, me fazendo segurar o riso pela ousadia da pequena, diferente do Augusto que acabou gargalhando.

- Vitória: AYLA PELO AMOR DE DEUS, EU TENHO DIREITO DE PODER SAIR COM QUEM EU QUISER - grita indignada com a filha me fazendo rir orgulhoso da criaturinha - ah, oi russo - ela diz coçando a garganta ao perceber minha presença - menina para de ser intrometida e vai tomar banho agora - manda a mesma que faz um bico que desmancharia minha pose inteirinha em questões de segundos, e vejo a mais velha lhe olhar intensamente, fazendo com que a pequena vá sem questionar.

- Augusto: a maluquinha me pediu açaí, tu quer também? - pergunta pra irmã que olha sorrindo gentil pro mesmo e na hora meu coração erra as batidas, é pedir muito esse sorriso ser direcionado pra mim?

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