"Olhe para mim. Eu coloquei essa pintura de guerra, mas por baixo eu estou com cicatrizes e com medo e carente e cansada e te amo."
Charles não estava nos melhores lençóis com sua namorada.
Cécile ficou em Florença, o moreno não chegou nem a convidá-la para viajar junto de si. Todavia, durante todos os dias em que estava longe dela, só conseguia pensar sobre a última conversa que tiveram em casa. Era tão estranho estar brigado com ela, nunca foi o tipo de coisa que eles estavam acostumados a lidar, muito menos a escritora, afinal, ela sempre foi do tipo que consegue resolver suas coisas no diálogo.
Entretanto, Charles não quis conversar. O motivo era simples: ele não aguentava mais ser colocado na mesma prateleira de Spike Jonze. Tudo bem, o piloto estava sendo imaturo e sabia disso, mas ao mesmo tempo, precisava arrumar uma solução para aquela situação chata. O amor dela era incontestável, ambos sabem disso, mas em qualquer relacionamento certas coisas precisam ser debatidas e no momento, era ele quem cedia tudo. A mudança de Mônaco, a viagem de meses que ela fez para trabalhar, tudo era aceito.
Por isso, Leclerc estava sentado no hospitality da Ferrari, com o livro escrito por Cécile nas mãos e uma dor chata de cabeça. Longos trechos pairam em sua mente, não só do texto, mas da discussão que tiveram dias atrás. Pelo livro, pela vida, relacionamento e motivos que nem sabiam guardar, tudo parecia um flashback, o tempo todo sendo exibidos em looping. Charles respirou fundo e bufou logo em seguida, afundou-se na poltrona em que estava, queria tanto que ela estivesse consigo, porém ao mesmo tempo, sentia que ambos precisavam de um tempo.
Após sacudir a cabeça, tentando ao máximo ignorar as vozes irritantes que pairavam por sua cabeça, o piloto reabriu o livro para voltar a leitura. Esperava ao menos chegar em casa e poder conversar sobre as palavras lidas com sua namorada, queria de todo coração conversar com ela, a sensação de estar brigado com ela não era das melhores. Os olhos voaram pelas palavras, seu coração errou parte das batidas a cada nova frase lida.
"Os olhos dele conseguiam clarear o universo. Mesmo que a garota estivesse tentando encontrar um rumo para a sua vida, longe do amor, aquele homem parecia ser o empecilho perfeito. Sempre de olhos bem abertos, como se quisesse guardar todos os detalhes do mundo e com um sorriso receptivo nos lábios.
Zelda sabia que em algum momento cairia de amor por ele, mas não queria que acontecesse. As memórias de seu antigo relacionamento ainda pairavam por sua mente, ela nunca foi tão feliz como naquela época, os jantares no chão da sala, as viagens sem destino programado, as noites que não dormiam, apenas sentavam em frente a lareira conversando por horas e horas. Tudo isso era saudoso, ao mesmo tempo que tentava esquecer, era reconfortante lembrar.
Não se esquece um amor como aquele do dia para a noite, muito pelo contrário, Zelda tinha certeza que não conseguiria esquecê-lo nunca. O primeiro amor é sempre o mais importante, não importa quantos apareçam após, o início será eternamente lembrado. O perfeito. Todavia, se alguém pudesse fazê-la esvaziar a mente repleta de memórias, provavelmente seria o moreno de olhos brilhantes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Clássico| Charles Leclerc.
Fanfiction"Ela queria poder viver um filme com ele, ser a garota que chega, consegue um espaço para ficar e acaba ali pra sempre, mas tinha plena noção de quem nem tudo era perfeito assim e que a vida dele era complicada demais. Exatamente como Bob e Charlott...