play pretend | scorbus

capítulo doze

avisos: conteúdo sexual explícito.

Albus nunca havia visitado a Mansão Malfoy, tampouco o quarto de Scorpius. O loiro andava de um lado para o outro, fazendo o assoalho ranger. Ansioso e antecipando em seus pensamentos a reação do outro garoto, e ainda mais, o que ele tinha de tão urgente para dizer.

A falta daquele tipo de intimidade era algo que parecia nunca ter incomodado Albus de forma alguma, então, naturalmente, Scorpius omitiu sua própria necessidade perpétua de ter o amigo não apenas em Hogwarts, mas também quando voltava para casa durante o verão. Desde o primeiro ano, o garoto ansiava de junho à setembro pelo dia que poderia finalmente rever Albus e compartilharem tudo que haviam acumulado para contar um ao outro no expresso. E então, quando começaram a trocar cartas no terceiro ano, Scorpius sentiu-se como se estivessem mais próximos, mais intimos, como se estivessem continuamente quebrando barreiras em sua amizade, e o ano seguinte apenas provaria o quão correto ele estava.

Ele sentou-se na poltrona e cruzou as pernas, olhando para o chão e forçando uma expressão despreocupada em seu rosto, calculando cada mínimo detalhe de sua pose para que Albus tivesse a impressão de que realmente não estava dando muita importância para o fato de que ele estava para chegar dentro de minutos. Mas ele estava. Ele estava à beira de um ataque de nervos só de imaginar o que Potter pensaria ao ver onde Scorpius passava a maior parte de seu tempo. Ele torceria o nariz e tiraria sarro dele pelo lustre turco encantado pendurado bem ao meio do quarto? Ou por toda a mobília vitoriana e cara? É claro que tiraria. Albus sempre odiou esnobismo, e sua casa estava lotada disto.

O alto ruído das chamas verdes de flu eclodindo em sua lareira o fez virar a cabeça rapidamente, e ver Potter dar um passo à frente, limpando a fuligem de sua camiseta de mangas longas.

O moreno olhou-o e então moveu os olhos para o chão, como se estivesse incerto do que dizer.

"Scorpius." Cumprimentou, ainda com sua postura acanhada.

"Albus." Disse o loiro, sentado à poltrona, sem mover um único músculo.

Observou-o olhar discretamente ao redor do quarto, pondo ambas as mãos no bolso de trás dos jeans.

"Eu só... Só queria te dar os parabéns."

"Só isso?" Perguntou, olhando-o de cima a baixo. "Você teve que aparecer urgentemente na minha lareira às dez da noite só para me dar parabéns? Você poderia ter escrito no bilhete, sabe?"

"Não... Você está certo." O moreno piscou fortemente e olhou diretamente para Scorpius desta vez. "Não é só isso."

O garoto na poltrona, com a irritação começando a transparecer em seu rosto
pontudo, grosseiramente gesticulou para que o outro continuasse, o qual deixou escapar um longo suspiro.

"Olhe Scorpius, me desculpe."

"Pelo quê?"

"Eu só não queria ficar afastado de você... Eu sei que antes não costumávamos nos falar muito durante o verão mas... Eu sinto falta de ter pelo menos suas cartas." Disse, aproximando-se.

"Foi você que não quis mais falar comigo, em primeiro lugar." Respondeu asperamente.

"Eu... Eu pensei que... Tivéssemos esclarecido isso." Albus tinha as sobrancelhas grossas franzidas em confusão acima dos olhos com mais olheiras que normalmente. "Pensei que não estivéssemos mais ignorando o que aconteceu." Ele murmurou, quase como se não tivesse coragem de falar aquilo em um tom mais alto.

Scorpius respirou fundo, e levou um longo segundo parar ponderar se valia à pena começar uma discussão naquele momento.

"Sim, Albus. Mas o fato é que eu estava perfeitamente feliz com a trégua que havíamos conseguido, estava perfeitamente feliz em voltar a ser seu amigo. Mas então você decidiu me beijar, e como se não fosse confuso o suficiente, você já está namorando alguém." Ele cuspiu as palavras junto com o rancor que estava ruminando em seu peito durante todas aquelas semanas, sem pensar muito afinal.