Capítulo um

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Quando acordo na manhã seguinte, por volta das nove, o café da manhã já está posto na sala de jantar, com todos sentados nos seus devidos lugares

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Quando acordo na manhã seguinte, por volta das nove, o café da manhã já está posto na sala de jantar, com todos sentados nos seus devidos lugares. Papai está na ponta da mesa, no seu legítimo assento de patriarca da família; Elizabeth, ao seu lado, na cadeira da direita, e Liana, ao seu lado.

Estou me aproximando, a tempo de escutar algum tipo de repreensão de Elizabeth à Liana.

— Querida, você já pensou no quanto de carboidrato está colocando pra dentro com esse sucrilhos logo cedo? — alertou, naquele tom passivo-agressivo, que deixaria qualquer um desconcertado. E que, com certeza, deixou Liana sem graça. Não foi a toa o silêncio que se seguiu da sua parte, em seguida.

Era um dom. Elizabeth conseguia facilmente ser uma pessoa desagradável, quando queria.

— Elizabeth, deixe ela comer o que quiser. Ela está em fase de crescimento, não é, querida? — papai brincou, intervindo, e Elizabeth resmungou, rabugenta, logo em seguida.

— Só se for para os lados.

— Bom dia — desejo, atraindo todos os olhares para mim, enquanto arrasto a cadeira que está na frente de Elizabeth, do outro lado da mesa retangular, para me acomodar.

Tem de tudo um pouco. Pães, frutas, bolo, geleia. Mas eu miro, primeiro, no bule de café. Dentre os vícios que a faculdade me gerou, posso dizer com certeza que o café foi o maior deles. Só me sinto pronta para o dia depois de uma generosa dose de café.

— Parece que alguém dormiu mais que a cama, uh? — Aaron comentou, risonho, dobrando o jornal matutino sobre a mesa.

— Acho que eu estava precisando disso — solto um arzinho pelo nariz, pela brincadeira, e me sirvo do líquido fervente marrom. O cheiro sopra em meu nariz, me tentando.

— Claro. Quero que tire todo o tempo que precisar, querida. Essa casa é tão nossa, quanto sua — papai sorriu, reconfortante, acariciando de leve minha mão. Lhe dei um de volta, bebericando meu café.

— Eu penso da mesma forma, é claro. Mas acredito que, uma hora, você vai querer o seu espaço, não é, Summer? Inclusive, eu conheço corretores incríveis na cidade, que podem te ajudar nisso com muito prazer.

Claro que tal comentário veio de Elizabeth, junto com o sorrisinho que era tudo, menos hospitaleiro. Ela nem sequer conseguia disfarçar o quanto minha presença à incomodava. Na verdade, para o meu pai, conseguia. Ele era o único que não conseguia enxergar isso. Depois de quase 10 anos, fica um pouco difícil mudar alguns hábitos.

No começo, quando eu a delatava, papai me dizia para ser um pouco mais flexível. Sempre a compreensiva, sempre a primeira a ceder nos embates. De certa forma, acredito que ele não percebeu que, com isso, acabou transformando-a em um monstro.

— Isso seria ótimo, querida. Acho uma boa ideia, não acha, filha?

Tão previsível.

Forço um sorriso para Elizabeth, agradecida.

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