Capítulo três

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Lexington Ave, 1001, 9º andar

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Lexington Ave, 1001, 9º andar.

A porta amadeirada se abre, revelando o dono do apartamento com uma calça de moletom cinza, os cabelos escuros um pouco bagunçados, e o rosto levemente amassado do que presumo ter sido uma boa soneca — até o interfone tocar. Zayn não mudou muito desde a última vez que nos vimos, mas, como alguém que conheço desde os nossos 16 anos, a evolução da sua beleza sempre é um ponto que me deixa meio desnorteada. Tipo vinho. Ele só melhora com o tempo. E parte de mim se sente um pouco honrada por ter o privilégio de tê-lo a hora que eu quiser.

Sim, é verdade que isso soa meio egocêntrico. Mas, caso contrário, eu sei que ele não permitiria minha presença na sua vida — ainda que um tanto quanto inconstante.

Zayn ainda é apaixonado por mim. Eu e ele sabemos disso.

Isso não é algo no qual me conforta, é claro, mas eu estaria mentindo se negasse que me deixa segura, de certa forma. De um modo ou outro, ele continua sendo meu primeiro namorado. E meu melhor amigo. Ele sempre vai ter uma parcela de importância na minha vida, passe o tempo que for.

Por ora, estamos bem com isso.

— Quando disseram o seu nome, achei que estava delirando — disse, a voz levemente rouca, enquanto coça os olhos sonolentos. Eu solto uma risada nasal. — Achei que estava na Inglaterra.

— E eu estava. Voltei tem 2 dias — respondi. — Não vai me convidar para entrar?

Arqueei as sobrancelhas, sugestiva, e ele riu, abanando a cabeça em concordância antes de me dar passagem com o corpo.

— Não repara na bagunça, estou meio que em processo de mudança.

Ele esclarece, ao passo que círculo meu olhar pelo apartamento. Algumas caixas estão empilhados pela sala, e lençóis brancos tampam um dos 2 sofás e cadeiras. Aquilo me deixa curiosa, mas, de certa forma, mais desanimada do que qualquer coisa. Agora que eu estava voltando, para valer, ele estava indo.

— Vai se mudar?

Acho que não consigo disfarçar muito o meu tom de decepção, porque explica:

— Não é por muito tempo. Vou ficar fora por 2, 3 meses. Estamos abrindo uma nova filial na América do Sul, então meu pai me deixou a frente dos processos. Preciso estar por perto, você sabe...

Zayn vem de uma linhagem paquistanesa rica, dona de um patrimônio gigantesco. Sua família é líder na indústria de alimentos orgânicos e naturais, e está há anos no mercado. Eles começaram na sua terra natal, mas expandiram para a América quando ele ainda era bem pequeno. Diante disso, Zayn foi educado nas melhores escolas do país, com as melhores condições que um herdeiro poderia ter. Por um acaso ou não, nossos caminhos se cruzaram no fundamental. Desde então, nos tornamos inseparáveis. No ensino médio, no entanto, descobrimos que a amizade não era mais o suficiente. Estávamos apaixonados, e tudo parecia muito propenso a acontecer, uma vez que nossos pais apoiavam o relacionamento, nós queríamos, e as circunstâncias ajudavam. Foi assim durante 4 anos. Um conto de fadas, eu diria. Até o último ano, quando descobri que queria estudar no exterior. O problema é que Zayn sempre planejou estudar aqui, em alguma das Ivy Legues. E, pela primeira vez, entramos em um impasse. Mas, quando meu futuro entrou em jogo, eu escolhi partir seu coração. Eu fui embora. E ele nunca me perdoou.

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