7_ Você não está se perdendo.

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Heaven Quinn

... abrindo a porta do meu dormitório.

- Por que eu tenho que te mostrar o meu dormitório? Você nunca me levou para o seu. - Comentei com uma falsa tristeza.

- Eu não levo ninguém para o meu dormitório. - A Aubrey cruzou os braços entrando no quarto.

- Não mesmo? - Provoquei.

A larissinha dela deve tá cheia de teia de aranha.

Deixei a Niani entrar no dormitório e antes de fechar a porta, pisquei para o James que ainda nos observava.

- Não! - Aubrey falou ofendida.

Ser uma virgem Maria não é vergonha nenhuma!

É só deixar eu engravidar você com o meu dedo, que fica tudo bem.

- Eu não sou uma ninfomaníaca que leva todo mundo para o dormitório. - Cuspiu e eu fiz um beicinho.

- Machucou. - Falei fingindo arrependimento.

Assisti a Aubrey praticamente revirar o meu armário de roupas, levantar o meu colchão e apertar todas os travesseiros. Cruzei os braços e cocei a minha testa quando ela começou a abrir os meus produtos de cabelo e cheirar eles.

Ela pegou o ursinho branco de pelúcia na minha cama e apertou, até travar e sorrir.

E lá se vai a minha verdinha...

Mas eu não preciso de maconha para fazer más decisões.

Aubrey encontrou o buraco no urso e retirou o saquinho que guardava o ganha-pão dos meus filhos.

Ela colocou no bolso dela e continuou revirando o meu quarto. Sentei contra a mesinha de estudo e a Aubrey colocou os seus olhos sobre mim, caminhando na minha direção e começando a puxar as gavetas.

Ela puxava as gavetas com tanta agressividade que uma delas acabou por travar.

- Quebra, vagabunda! - Soltei com ódio. - Não foi você que pagou mesmo.

Quando a Aubrey empurrou a gaveta, em uma tentativa de fechar a mesma, algo caiu no chão.

Uma lâmina.

Minha santa merda.

*flashback*

Entrei pela janela do meu quarto e mesmo antes de conseguir fechar a mesma, escutei os gritos da discussão dos meus pais.

Eu não fazia a mínima ideia se eles notaram a minha ausência por 5 horas seguidas e não era agora que eu ia descobrir com essa gritaria toda.

Respirei fundo, sentindo o cansaço da festa me atacar.

Caminhei para o banheiro, a primeira coisa que eu vi, sendo o meu reflexo no espelho. A maquiagem já borrada, o rímel formando olheiras falsas embaixo dos meus olhos, o batom borrado e já desaparecido da minha boca por motivos de eu ter mostrado o céu para uma boa quantidade de pessoas.

Um estrondo alto ecoou pelas paredes do banheiro e eu vacilei arregalando os olhos.

A briga tá ficando interessante.

Eu pegaria pipoca, mas acho perereca muito mais interessante.

E só pelos passos, eu sabia que o estrondo foi graças a minha mãe.

Engoli seco, voltando o meu olhar para o espelho, dessa vez ignorando o meu rosto e focando no vestido preto desajeitado que eu tentei inutilmente puxar pra cima sob os meus cabelos castanhos claros.

Quando outro estrondo voltou a acontecer, eu me sentei no chão contra a banheira e abracei as minhas pernas.

O estrondo poderia ser muitas coisas:

Uma porta;

Um soco na madeira;

Algo quebrando.

Eu sempre prestava atenção o suficiente para tentar descobrir o que era o som.

Não sabendo exatamente o porque.

Se era pela minha segurança ou pela de um dos meus pais.

O meu olhar caiu sobre uma lâmina atrás da pia do banheiro e permaneceu lá por longos segundos.

Eu devo ter deixado cair antes de sair para a festa.

Peguei a lâmina cuidadosamente, girando ela entre os meus dedos.

Examinei ela antes de puxar o meu vestido um pouco mais para cima.

Observei as cicatrizes já existentes nas minhas coxas e comecei a contar.

- 1... 2... 3, 4, 5, 6, 7... 8, 9, 10, 11, 12... - A contagem silenciosa continuou, mesmo quando novos ruídos soaram. - 13, 14, 15, 16, 17, 18.

Quando cheguei na última cicatriz, não tão cicatrizada, posicionei a lâmina.

O estrondo dessa vez foi na porta do meu quarto, em segundos revelando a imagem da minha mãe furiosa.

*flashback*

O barulho da Aubrey fechando e trancando as janelas com o que parecia ser um cadeado me trouxe de volta, sendo recebida também pelo olhar preocupado da Niani.

- E se eu quiser abrir a janela? - A Niani perguntou revoltada.

A resposta da Aubrey foi sair batendo a porta.

O silêncio se estabeleceu pelo quarto e percebendo que eu ainda tinha os meus braços cruzados, eu descruzei eles.

A Niani se aproximou de mim, segurando os meus braços e prendendo a minha atenção com o carinho suave que ela fazia com os dedos.

Eu não gostava de abraços, ela sabia disso.

Então, ela encontrava outros jeitos de me confortar.

- Você não está se perdendo. - Sussurrou.

continua...

O Inocente Aluno NovoWhere stories live. Discover now