10 capítulo

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- Espero que não aconteça novamente Michael, seu filho não sairá ileso da próxima vez - Falou e se virou indo embora, eu não tinha saído ilesa, estava toda arrebentada e uma possível costela quebrada, então a vítima sou eu e meu amigo que fomos atacados do nada, mas sei que não adianta nada qualquer explicação que tentarei dar a meu pai.

Fui puxada para dentro de casa e jogada no sofá onde todos os meus irmãos estavam e minha mãe também. Alguns deles me olhavam com um sorriso debochado e outros negavam com a cabeça.

- O que ele fez dessa vez? - Lennon perguntou coçando a nuca.

- Eu não fiz nada! - Falei rapidamente, mas fiquei quieta quando senti o lado esquerdo do meu rosto arder pelo tapa que meu pai me deu, abaixei minha cabeça olhando para meus dedos, sentindo grossas lágrimas descendo por meu rosto.

- Eu não sei onde errei, para uma merda dessa ter nascido! - Gritou perto do meu rosto, me encolhi sentindo medo, ele estava mais irritado que o normal, não queria apanhar de novo.

- Nem apanhando você se ajeita, parece que gosta de ser a decepção da família. Agora deu um de machão e sai espancando as pessoas na rua. Todos estavam calados deixando meu pai descontar sua raiva em mim, olhei para minha mãe que somente suspirou e espremeu os lábios, eu sabia que ela nunca ficaria contra ele, nem por seus filhos e isso só me fazia ter mais medo, por quê se meu pai quisesse ele me mataria sem problema nenhum e ninguém ligaria, nem mesmo minha mãe.

- Isso é culpa sua Adriana, teve isso de você! - Minha mãe pareceu surpresa pela fala do meu pai e logo um olhar de raiva foi direcionado a mim, novamente abaixei a cabeça.

Meu pai caminhou até a cozinha voltando com uma grande tesoura, franzi o cenho olhando sem entender.

- Venha aqui Pierre - Respirei fundo e levantei com dificuldade me aproximando dele. - Lane e Leon segurem ele.

Quando iria falar alguma coisa meus braços foram segurados por meus irmãos, então eu entendi, fechei os olhos e esperei. Lágrimas caiam por meu rosto assim como meu cabelo caia pelo chão.

Durante muito tempo me senti vitoriosa por conseguir deixar meu cabelo grande, tendo um pai como o meu realmente foi uma luta conseguir deixar do jeito que queria, mas como nunca tive muita sorte isso foi arrancado de mim sem minha permissão, isso seria uma lição de vida? Me mostrando que eu deveria aceitar que nunca seria tratada como realmente queria. Deveria ficar agradecida por estar recebendo o privilégio de ser livre? Porquê aqui homens são livres simplesmente por serem homens e mulheres submetidas a viver na sombra de um homem, por serem julgadas fracas, eu não era fraca,mas também não queria ser um homem queria viver minha vida como qualquer pessoa tem direito.

- Vamos ver se assim você aprende, não tentarei agradar mais você, deixei você achar que tinha privilégios por eu deixar você com o cabelo grande, mas agora chega! - Falou assim que terminou e foi para a cozinha sendo seguido por minha mãe, ainda olhava para o chão, não queria olhar para cima e ver todo o estrago no meu cabelo, sabia que agora estava como ele queria, já que não sentia mais ele colando na minha nuca ou apoiando no meu ombro, mas sentia algumas mechas de cabelo na minha testa.

Meu ombro foi empurrado pelo meus irmãos e logo estava sozinha na sala. Me abaixei juntando todo meu cabelo que agora estava no chão, fiz uma concha com a camisa carregando ele lá dentro e subi para meu quarto.

Me sentei na cama e soltei o choro que guardava, estava tão cansada fisicamente e psicologicamente que nem me importei em deitar por cima de todos aqueles fios de cabelo, abracei minhas pernas e pedi que tudo acabasse logo.

Fui acordada ouvindo gritos e algumas coisas quebrando, me senti nervosa e fui até a porta do meu quarto tentar ver o que estava acontecendo, vi Lawson passar correndo e logo algumas palavras de ódio foram ditas por meu pai, me apoiei na outra perna sentindo minha costela ardendo e voltei para meu quarto, meu caminho não foi completo, fui parada pela voz do meu pai, arregalei os olhos e pedi a Deus que só fosse um sonho, sua voz estava arrastada, sinal que ele havia bebido isso significava que eu não sairia tão ilesa hoje, e assim foi feito.

Com uma mão ele agarrou meu pescoço me empurrando contra a porta do meu quarto, tentei me soltar, mas era inútil, ele era alto e forte, tudo que eu temia.

Meu corpo foi jogado no chão e logo chutes começaram a ser desferidos por meu corpo, assim como fiz com brad cobri minha cabeça, para não ter um dano maior do que teria quando tudo isso acabasse, para minha surpresa depois de um tempo sendo espancada ouvi a voz da minha mãe e dos meus irmãos pedindo para ele parar o que obviamente não funcionou, já que meu pai não cessou um segundo sequer. Tudo parou, abri meus olhos com dificuldade e vi meus irmãos tentando afastar meu pai, com toda força me resta no corpo me arrastei para meu quarto fechando a porta, me apoiei na cama e consegui ficar em pé logo desabei em cima da mesma e assim apaguei.

Acordei sentindo meu corpo latejando, olhei em volta e vi que não estava com a mesma roupa e nem em cima dos cabelos, senti uma forte dor na barriga, era muita fome e sede, olhei para o lado da minha cama e lá estava comida e água, ataquei tudo para saciar minha fome. Não demorou muito e a porta do meu quarto foi aberta e minha mãe passou por ela entrando.

- Graças a Deus acordou, o médico disse que estava bem, mas mesmo assim tive medo - Falava recolhia algumas coisas no meu quarto.

-Eu passei quantas horas dormindo que o médico veio aqui e eu nem vi? - Ela me olhou e fez uma careta.

- Você ficou quase cinco dias desacordado querido - Olhei espantada para ela e assenti, foi então que percebi que meus machucados não estavam tão escuros e nem doendo tanto, pelo menos tinha um lado positivo não passaria por todo processo de dor após aquela surra.

Me levantei sentindo um leve incômodo no corpo e fui em direção a porta.

- Agora não querido, melhor esperar mais um pouco - Levou meu corpo novamente para a cama e me fez deitar novamente, assenti e fiquei olhando para o teto do meu quarto.

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